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O ENTARDECER

O ENTARDECER

UMA ESPERANÇA COM OS OUTROS

DOUTRINA SOCIAL CATÓLICA

"Os crentes viviam muito unidos e punham em comum tudo o que possuíam. E, cada dia que passava, o Senhor aumentava o número dos que tinham recebido a salvação."

É este o tom geral do Texto de Meditação, e para a maioria das pessoas uma espécie de paraíso na Terra. No mundo real em que vivemos, também a maioria das pessoas, relativamente ao paraíso descrito, não hesitam em o classificar de utópico.

Muitas pessoas, também parecem não entender, que os bens que julgam ter, são demasiado perecíveis e terrenos, e que mais não servem senão para esconder outra felicidade, à qual nós insistimos em fechar os olhos, obcecados que estamos com o materialismo. Querem ignorar que a própria realidade da vida terrena é uma curta passagem, à qual os humanos fazem vista grossa, como se ela fosse mesmo eterna.

Poucos querem aceitar e proceder em conformidade, com a fragilidade desta passagem pela terra que Deus nos concedeu, embrulhada num constante afrontamento entre o bem e do mal.

Vivemos esse dilema, que no fundo é a forma de sermos postos à prova perante o julgamento final e, temos o descaramento de falarmos em utopia relativamente aos supremos valores da nossa existência.

Depois de coabitarmos forçosamente, com o bem e o mal, deste confronto só avançamos com vida, se conseguirmos manter dentro de nós, um sentimento elevado chamado esperança, qual boia de salvação que nos pode levar até ao fim da vida.

A força secreta que move todo o esforço humano é a esperança num amanhã diferente para melhor.

Mas a esperança cristã, tal como a fé, não é uma esperança individual: é antes uma esperança com os outros e para os outros.

O cristão deve ser homem de esperança, pois sabe de onde vem e para onde vai. Sabe que vem de Deus e regressa a Ele.

Para viajarmos neste grande barco da vida, o bilhete de ingresso chama-se “família”, mas logo que entramos nele, temos de perceber através do amor que temos à nossa família, que é inevitável fecharmos os olhos ao desafio de aceitarmos a conceção de uma família mais alargada, e dessa maneira fiaremos abertos ao encontro e ao diálogo de gerações.

Tudo aquilo que não queremos para a nossa família, também não podemos nem devemos querer, ou aceitar, para a grande família alargada, a quem chamam o “próximo”.

Nasceu, então, em nós e a partir de agora outro conceito; o conceito da justiça social e o destino universal dos bens da Terra.

Chegámos, sem darmos por isso, a um porto até agora desconhecido, chama-se ele: “conceito cristão sobre a propriedade e o uso dos bens”.

É o princípio típico da Doutrina Social Cristã; os bens deste mundo são originariamente destinados a todos.

O Direito à propriedade privada é válido e necessário, mas não anula o valor de tal princípio.

Sobre a propriedade privada, de facto, está subjacente «uma hipoteca social», quer dizer, nela é reconhecida, como qualidade intrínseca, uma função social, fundada e justificada precisamente pelo princípio do destino universal dos bens.

Depois, e ainda, dentro do mesmo barco começamos a respirar, levemente, um suave perfume que, lido no frasco que o contém, sabemos chamar-se hino à “solidariedade humana”.   

Conforme a fragrância escolhida, podemos optar pela caridade paciente, caridade bondosa, caridade discreta, caridade da verdade mas nunca deveremos obter alguns outros tipos de caridade postas à venda como, a caridade indiscreta ou a caridade interesseira, ufana ou mesmo, invejosa.

Assim que sairmos de novo do barco, no qual fizemos esta longa viagem, teremos seguramente descoberto que há outra forma de ser feliz na terra, que desconhecíamos e que também, ainda nos pode levar à salvação eterna.

Sem medo de nos rotularem de utópicos, sabemos ser esta a viagem aconselhada. Não é fácil tomar a qualquer hora este barco! A maior qualidade para nele entrarmos será certamente o desapego material! De seguida o “amor ao próximo”!

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