UM SINAL DE ALERTA
Um bilião e seiscentos milhões de seres humanos não têm acesso à electricidade. Frase proferida por Romano Prodi no “11th International Energy Forum. Num mundo que se afirma de progresso e de solidariedade, aquela realidade impressiona. Nós, que nos queixamos de tudo, idealizemos o quotidiano sem energia eléctrica. Na qualidade de vida, saúde, ensino, segurança, comunicações, diversões. Dois biliões e quinhentos milhões de homens continuam a utilizar apenas a lenha e o carvão vegetal para uso doméstico. Estima-se que mais de um milhão de pessoas morrem por ano devido à poluição causada pelo uso desses combustíveis.
Em contrapartida, no citado fórum, o representante da Arábia Saudita afirmou: “Enquanto falávamos, nestas duas horas o mundo consumiu cerca de seis milhões de barris de petróleo”. Apesar do progresso verificado nas últimas décadas, o abismo entre grupos significativos de homens agrava-se.
Até 2030, o consumo de combustíveis fósseis aumentará 1,3% ao ano. A China chegará aos 16,5 milhões de barris por dia. Os transportes, e não a electricidade, serão os grandes responsáveis. É sobre eles que os governos têm de actuar. Os países consumidores vivem a angústia do preço, da dependência, da insegurança. Pedem o aumento da produção para se garantir o abastecimento a preços sustentáveis. À cautela, desenvolvem e instalam, métodos alternativos aos combustíveis fósseis. Eólica, Hídrica, Biomassa, Ondas, Marés, Solar, Nuclear, Biocombustíveis.
Os países produtores, entupidos pelos dólares, modernizam-se e compram activos nos vários cantos do mundo. Solicitam a garantia de consumo para realizarem investimentos reprodutivos a prazo. Até 2030, estima-se que serão necessários 21 triliões de dólares. Caso contrário, os preços do petróleo e do gás
Precisa-se de uma nova ordem mundial. Enquanto se procura um equilíbrio, milhões de homens continuam a viver sem as comodidades geradas pelo electrão. Outros, designadamente mulheres e crianças, andam à lenha para prepararem a magra refeição quente que lhes dê a energia mínima para se manterem vivos. Entretanto, os preços do trigo, da soja, do arroz e do milho disparam. É o mundo em que vivemos. Precisa-se de uma nova ordem mundial, antes que a miséria, a fome, e o desespero a criem.
António de Almeida