UM MOUCHÃO
São um terreno arborizado e um tanto elevado, no meio de lezírias, portanto,
pequenas ilhas nos rios ou à beira-mar, formada pela acumulação de aluviões.
Do latim hispânico *mutulōne-, de mutŭlus, «saliência de pedra ou de madeira».

O estuário do Tejo, que é uma reserva natural, integra, como por exemplo no território do município de Vila Franca de Xira, três mouchões: o mouchão de Alhandra, o mouchão do Lombo do Tejo e o mouchão da Póvoa. São territórios de grande riqueza ambiental e de biodiversidade, propriedade privada, que contaram durante anos com explorações agrícolas, entretanto abandonadas, e que tiveram vários projetos de dinamização turística, sempre obstaculizados por questões ambientais. Como acontece em tantos pontos do território, os mouchões constituíram-se em ecossistemas em que o Estado não fez nem deixou fazer, até ao momento em que o desleixo ou a omissão acabou em catástrofe ambiental. É este o momento atual do mouchão da Póvoa, em que o solo e os lençóis freáticos de água doce foram contaminados pela água do rio Tejo após uma rutura de um dos diques de suporte da ilha. Há meses foi detetado um rombo de metros num dos diques que impede o contacto do solo do mouchão da Póvoa com a água do rio Tejo.