UM Bico-de-obra
As estatísticas do desemprego são assustadoras. A destruição de postos de trabalho nunca foi tão acelerada, mas a realidade ainda consegue ser pior do que aquilo que contam os números oficias. Entre Outubro de 2008, o mês em que a economia real começou a ser contagiada pela crise financeira internacional, e Outubro do corrente ano o número de desempregados inscritos no IEFP passou de 400 877 para 517 5216.
Mas muitas mais pessoas foram atingidas pelo flagelo neste período. Como revela hoje o CM, uma das razões para que as estatísticas de desemprego não sejam ainda piores é o recurso às reformas antecipadas. Trata-se de uma tábua de salvação para quem tem descontos e idade suficiente, apesar da penalização da pensão por cada ano que falta até aos 65 anos.
Em Outubro, o número de pessoas desempregadas que recorreram à reforma antecipada já ultrapassava as 80 mil, o que significa que, se não existisse este mecanismo, o número oficial de desempregados já estava em patamares inadmissíveis. Em situação mais dramática estão as pessoas sem emprego com mais de 45 anos ou 50 e poucos, que o mercado de trabalho considera velhos, mas que são muito novos para ter acesso à reforma antecipada. Essa geração e os jovens à procura do primeiro emprego são as principais vítimas desta crise.
Armando Esteves Pereira, Director-Adjunto - 09 Dezembro de 2009 - 00h30