Transportes e Vias de Comunicação
Se nos reportarmos aos finais do século XIX, a estrada de saída de Queijas aparecia no prolongamento da Estrada das Várzeas, até ao eucaliptal situado a seguir à actual rotunda.
A partir daqui, quem quiser compreender melhor aqueles tempos e a realidade que se vivia, terá que se esquecer da A5 ou da anterior Auto - Estrada do Estádio Nacional, porque eram coisas que não existiam.
Entre Queijas / Linda - a - Pastora e a Cruz Quebrada, teremos que visionar terrenos com muita vegetação e alguns caminhos.
Ainda há muito pouco tempo, dentro do referido eucaliptal, era bem visível uma calçada que flectia à esquerda até à capela de S. João baptista e já em Linda - a - Pastora, virava à direita e seguia na direcção da actual piscina do Estádio, até à Estação da Cruz Quebrada, passando pela Quinta de S. José e pelo Esteiro, já junto da marginal.
A partir da Capela de S. João Baptista, havia ainda a possibilidade de descer pela Rua Manuel Pereira de Azevedo, curvar à direita onde há hoje um túnel, e seguir em direcção ao rio JAMOR, passar a ponte antes dos cortes de ténis, onde havia um cruzeiro, tomar a Estrada da Costa e seguir até à Cruz Quebrada.
De todo o modo, para se apanhar o eléctrico era ainda necessário atingir o Dafundo, local de inicio e términos das carreiras.
Só a partir dos anos quarenta do século XX, o eléctrico passaria a chegar à Cruz Quebrada e, mais de uma década depois chegaria finalmente a uma rotunda no Estádio Nacional.
Depois da revolução de Abril/74, terão sido assassinados, quando estacionados de noite, os dois funcionários da Carris, sendo depois suprimido este terminal.
De Queijas em direcção ao MURGANHAL, LAVEIRAS e CAXIAS, o caminho era a Estrada de D' El Rei, que hoje dela apanhamos somente o início.
Como curiosidade adiantarei que há muitos anos, só com uma licença se poderia utilizar qualquer meio de transporte na Estrada Militar, mas a pé, era o caminho natural para a Freguesia de Barcarena.
Chegamos deste modo à conclusão de que Queijas e Linda - a - Pastora, foram esquecidas no que se refere a transportes até à década de quarenta, do último século.
Contudo a construção do Estádio Nacional veio melhorar esta situação, pela abertura de novas vias como a Auto-estrada do Estádio e a estrada que ainda hoje nos leva de Queijas até à Cruz Quebrada, passando em frente da Praça da Maratona.
Antes da construção da A5, o acesso era até muito mais directo.
Foi então que as carreiras de uma empresa privada, Eduardo Jorge, começaram a fazer a ligação entre Queijas e a Cruz Quebrada, sendo todavia o número de frequências diárias assaz insuficiente e sem entrarem em Queijas.
Só a partir de finais do ano de 1967, uma empresa de transportes públicos da região, com sede em Carnaxide, chamada VIMECA, passou também a vir a Queijas, contudo também não circulava neste nosso lugar.
Mais tarde foram abertas carreiras para Lisboa, Marquês de Pombal, via Monsanto, Buraca e Carnaxide.
Algum tempo após a revolução de Abril/74, a população tomou uma medida de força e obrigou as carreiras a circularem dentro da povoação.
Sempre com muitas dificuldades para obtenção de qualquer benefício para a população, o próprio correio era entregue num estabelecimento de um comerciante, pessoa estimada em Queijas, onde era feita a sua distribuição, mas para operações mais complicadas o destino dos habitantes da nossa terra tinham que se deslocar aos CTT em Carnaxide.
O telefone em Queijas começou por aparecer em casa deste mesmo comerciante, onde era disponibilizado pelo dono, para casos urgentes, à população.
Só por volta dos anos cinquenta a electricidade e a água canalizada chegaram ao lugar de Queijas e, com elas, a possibilidade de ouvir a rádio, na altura tanto na moda , de ter a comodidade de abrir a torneira para ver a água a correr, sem ter que ir buscá-la à fonte mais próxima.
Ainda na década de sessenta do último século, para os primeiros habitantes da Auto-Construção, o recurso às fossas era uma constante.
Depois, este problema para as áreas de recente urbanização foi sendo resolvido, continuando todavia no núcleo antigo, o que fez correr muita tinta, até muito recentemente, sobre os despejos para a Regueira de Queijas.