Somos aquilo que somos
E com muito orgulho, o defendemos.
O mundo precisa sempre de um projecto. A trás de um virá sempre outro projecto, todos, erguidos por homens de boa vontade. O mundo precisa de acção, transparência e de medidas corajosas. No caminho escolhido, a confiança e auto – estima, virão com elas. O respeito por todos, também.
Que fique bem entendido:
- Não se está defendendo um sistema orientado de cima para baixo, nem exactamente o seu contrário. Defende-se uma perfeita interligação entre essas duas realidades, posta em prática, com muita dignidade e respeito.
- Não se defende uma ditadura de uma maioria, nem o aniquilamento das elites. Defende-se, novamente, o respeito mútuo entre dois saberes que se não podem substituir.
- Defende-se, por último, que se saiba articular tudo isto, sem perda da capacidade de decisão, em tempo oportuno. E total transparência.
Na política mundial sempre existirão pessoas sérias! Competentes também. Mas nos últimos anos e na sua grande maioria, os homens honestos e competentes, há muito saíram, dos partidos e da política.
Até porque se não saíssem, seriam empurrados.
Nesse período negro da democracia, ficaram, e cada vez eram mais, os oportunistas e incompetentes que se serviram e estavam ao serviço de interesses inconfessáveis, mas que não eram os da população!
Se fossem, o mundo não estaria na situação em que se encontrava.
Sem uma forte convicção, alicerçada na história e na dignidade do mundo, não evitaríamos o trágico adiamento dos desafios da humanidade. Com o trágico adiamento desses desafios que se colocavam ao mundo, muito pacatamente, dentro de momentos, a quase totalidade da população mundial estaria atolada no “ Limiar da Pobreza “ material e moral.
Nos destinos do mundo, nunca deixará de ser sempre urgente, um grande projecto mobilizador, depois de uma grande vassourada em todas as causas que originarem, o contínuo flagelo de cada vez mais se pedirem ao povo, redobrados sacrifícios. Um projecto mobilizador só vem através de uma sábia mobilização de todos nós, levada a cabo por quem tiver autoridade moral e carisma para a fazer. Enquanto isso, não precisaremos perder tempo a prepararmo-nos para a globalização. Ela está aí, e em força! Talvez não da forma esperada por alguns. Mas ainda bem que está.
A partilha e o diálogo de gerações
Depois de coabitarmos, forçosamente, no mundo, com o bem e o mal, deste confronto só avançamos com vida, se conseguirmos manter dentro de nós, um sentimento elevado, chamado esperança, qual boia de salvação, que nos pode levar até ao fim da vida. A força secreta que move todo o esforço humano é a esperança num amanhã diferente para melhor. Mas a esperança cristã, tal como a fé, não é uma esperança individual: é antes, uma esperança com os outros e para os outros.
O cristão deve ser homem de esperança, pois sabe de onde vem e para onde vai. Sabe que vem de Deus e regressa a Ele.
Para viajarmos neste grande barco da vida, o bilhete de ingresso chama-se, a nossa família, mas logo que entramos nele, temos de perceber através do amor que temos à nossa família, que é inevitável fecharmos os olhos ao desafio de aceitarmos a concepção de uma família mais alargada, e dessa maneira estarmos abertos ao encontro e ao diálogo de gerações.
Tudo aquilo que não queremos para a nossa família, também não podemos, nem devemos querer, ou aceitar, para a grande família alargada, a quem chamam o próximo. O mundo.
Nasce, então, em nós, e a partir de agora, outro conceito; o conceito da justiça social e o destino universal dos bens da Terra.
Chegámos, sem darmos por isso, a um porto até agora desconhecido, chama-se ele: um conceito cristão sobre a propriedade e o uso dos bens.
É o princípio típico da Doutrina Social Cristã; os bens deste mundo são originariamente destinados a todos.
O Direito à propriedade privada é válido e necessário, mas não anula o valor de tal princípio.
Sobre a propriedade privada, de facto, está subjacente «uma hipoteca social», quer dizer, nela é reconhecida, como qualidade intrínseca, uma função social, fundada e justificada precisamente pelo princípio do destino universal dos bens.
Depois, e ainda, dentro do mesmo barco, começamos a respirar, ainda que levemente, um leve perfume que lido no frasco que o contém, se percebe chamar-se hino à caridade.
Conforme a fragrância escolhida, podemos optar pela caridade paciente, a caridade bondosa, a caridade discreta, a caridade da verdade e nunca deveremos comprar alguns outros tipos de caridade postas à venda como, a caridade indiscreta ou a caridade interesseira, ufana ou mesmo, invejosa.
Ao sairmos de novo do barco, no qual fizemos esta longa viagem, teremos seguramente descoberto que há outra forma de ser feliz na terra, que desconhecíamos, e que também, ainda nos pode levar à salvação que ansiamos.
Sem medo de nos rotularem de utópicos, sabemos ser esta a viagem aconselhada.
O actual sistema político está a esgotar-se. O modelo económico também. Num momento que o mundo se está a tornar muito perigoso, por exigir novos e grandes desafios! Mudança. Foi ignorando, que o mundo chegou aqui!
Quisemos ignorar que as reservas da Terra são finitas! Matérias-primas, carvão, crude, água potável etc. Não saímos de cima da linha e vem lá o comboio! Em menos de um século, esbanjámos aquilo que seria o sustento de muitas gerações. Os conceitos de "trabalho", têm de mudar em breve. Do emprego também! A riqueza só para um terço da população mundial vai acabar. Teremos de viver com menos fartura (?) mas com muito mais solidariedade e valores.