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O ENTARDECER

O ENTARDECER

SER SOCIAL-DEMOCRATA

 RODRIGO GONÇALVES

Vice Prresidente do PSD  LISBOA

"Pai, o que é ser Social-democrata?"


O meu filho perguntou-me o que era ser social-democrata. Pergunta de resposta difícil

nos tempos que correm.
Não o queria enfadar com uma explicação teórica e científica. Decidi então falar-lhe do

coração baseando a resposta no conhecimento empírico e no senso comum, pondo de lado

a teoria de quem trabalha e estuda a Política. Tinha de o orientar e por isso clarifiquei a

resposta.
Um social-democrata defende a liberdade, seja ela individual ou colectiva. Não abdica de

defender a igualdade de oportunidades e a subordinação dos interesses particulares aos

interesses colectivos.
Um social-democrata incentiva a democracia representativa, nunca abdicando de lutar por

um País onde a solidariedade e a justiça social sejam pilares da sociedade. Gastará todas

as suas forças a defender a predominância do poder político – eleito por sufrágio directo

e universal – sobre o poder económico.
Defenderá o cumprimento das regras que advogam a responsabilidade financeira, mas sem

nunca descurar as prioridades sociais.
Para um social-democrata, não pode existir uma sociedade sem Estado Social. Não existe

equidade e igualdade quando deixamos de defender a escola pública com o mesmo fervor

(e bem) com que defendemos a escola privada.
É inconcebível uma sociedade que abdique do serviço nacional de saúde e que secundarize

e desinvista num serviço de segurança social que se quer abrangente e protector.
Disse-lhe com firmeza que não se pode querer uma sociedade justa quando se abdica da

solidariedade social em detrimento da ditadura dos números e estatísticas. Uma

sociedade justa e com olhos postos no futuro não pode abdicar de defender estas causas.

Enquanto me ouvia, disse-lhe que podia até ser incompreendido por um nicho que (hoje)

se move naquela “associação” política (de cor quente e mobilizadora) onde o Pai investe

a sua paixão, convicção, energia e tempo. Mas com convicção disse que é esta a matriz que

se deve defender, hoje e sempre, para fazer regressar essa “associação” política á sua

génese e por consequência á gestão do nosso País.

A mudança necessária faz-se defendendo e praticando os princípios que lhe estava a

ensinar naquele momento. A mudança nunca se fará vendendo o medo ou a esperança do

falhanço.

Não se pode apostar na derrota do País para nos consideramos vencedores. Isso

afasta-nos dos cidadãos, que por sinal são também eleitores.

Se outras “associações” políticas, com projetos diferentes, fizerem algo de bom

pelo País, expliquei-lhe que deve valorizar isso. Mas nunca deve abdicar de

demonstrar as diferenças e de defender aquilo em que acredita poder fazer

melhor.

É por isso, porque acredito que se pode fazer melhor, que lhe expliquei que é

necessário mobilizar e trazer do exílio político muitos que também são

social-democratas.

Hoje ser social-democrata parece fazer de nós elementos á deriva num espectro

político desvirtuado, mas acredito num futuro onde regressaremos aos caminhos

da social-democracia, rejeitando o discurso do falhanço, do medo e da ausência

de esperança.

Por fim disse-lhe que ficaria feliz se pudesse abraçar estes princípios, mas acima de

tudo ficaria feliz se tivesse a garantia de que, como meu filho, nunca abdicaria

de defender aquilo em que acredita.

 

Rodrigo Gonçalves

 

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