QUEM FEZ AS LÍNGUAS?
Os indicativos da Torre de Babel começam na bíblia, especialmente no Antigo Testamento, livro do Gêneses. De acordo com este, a torre teria sido construída pelos descendentes de Noé na época em que o mundo inteiro falava apenas uma língua. Supostamente, a localização da Torre de Babel seria entre os rios Tigre e Eufrates, na Mesopotâmia. A soberba dos homens em se empenharem na empreitada de alcançar o mundo dos deuses teria causado a fúria de Deus, que, em forma de castigo, teria causado uma grande ventania para derrubar a torre e espalhado as pessoas sobre a Terra com idiomas diferentes, para confundi-las. Por esse motivo, o mito é entendido hoje como uma tentativa dos antepassados de se explicar a existência de tantas línguas no mundo.
Pela beleza e criatividade desta argumentação, nunca a poria em causa. Porém, viver nesta terra a que chamamos mundo, implica ser mais modesto e tentar perceber as coisas simples com que diariamente nos confrontamos.
Já não falamos do dom da palavra, que muitas pessoas tiveram por dote de nascimento. Queremos falar de tudo aquilo com que nos deparamos desde a nossa juventude. Até de uma prima a quem a família chamava de Zézita. Licenciou-se em letras e começou por ser professora de português no Liceu de Santarém. Também eu nasci numa quinta ribatejana, na qual aprendi a tentar perceber tudo quanto me rodiava.Aqui, sempre que o céu escurecia e os primeiros pingos de chuva caíam, o povo dizia: “Vamos embora, porque vem aí um (gravaneiro)”.
Mais tarde fui estudar para Lisboa e muito convivi com uma tia que guardo no coração. Recordo que ela sempre que ouvia alguém pronunciar mal uma palavra, delicadamente corrigia. A isto a Zézita assistiu muitas vezes e franzia o sobrolho dizendo: “ Para quê corrigir, foi o povo que fez a nossa língua!
Anos mais tarde debrucei-me sobre uma possível maldição que nos pode cair em cima. Refiro-me ao esgotamento do crude e com isso o fim da fartura de energia que hoje ainda temos. Eu mesmo vasculhei as possíveis energias alternativas. Curiosidade e simplicidade de gente que pensa!
Percebi que havia diferentes tipos de vento. Apesar de ser um processo aparentemente simples eles alteram-se conforme a sua durabilidade, variando entre ventos constantes, periódicos e locais ou variáveis.
Insisti na investigação e localizei um vento chamado “Gravaneiro” e ainda um dito popular:
“Fevereiro gravaneiro afogou a mãe no ribeiro”
Curiosamente na capital algumas pessoas riam dos ribatejanos quando pronunciavam a chegada de um gravaneiro, pois para eles quando chovia por algum tempo, a isso os alfacinhas chamavam sempre “AGUACEIRO”. No fundo, todos têm razão, mas a minha prima também a tinha:” Quem faz a língua é o povo”. Os estudiosos, quando muito, melhoram a sua forma escrita.