QUEIJAS TEM UM FUTURO RISONHO
"É minha convicção que Queijas tem um futuro risonho"
Presidente da Junta de Freguesia de Queijas, António Reis Luz
Entrevista: Alexandre Gonçalves
A Freguesia de Queijas lutou durante muito tempo com a falta de infraestruturas e foi uma das mais sacrificadas com a implantação de bairros de barracas, todavia o esforço dos seus autarcas e da Câmara, está a dar a esta parte do território do Concelho, a qualidade de vida a que todos os cidadãos têm direito.
Fundada em 1993, depois da revisão administrativa do Concelho de Oeiras, Queijas tem uma área de cerca de 2,267 Km2 e uma população de quase 10 mil habitantes, distribuídos pelas povoações de Queijas e Linda – a - Pastora.
Com uma situação privilegiada, estas duas povoações são autênticos miradouros de onde se avista o vale do JAMOR até ao rio Tejo, ou se pode estender a vista pelas paisagens mais a norte.
O seu clima ameno, os seus terrenos muito férteis e a grande abundância de água, de que ainda são testemunho os chafarizes alimentados todo o ano, terão justificado a ocupação desta região desde a pré-história até ao passado recente, por comunidades agrícolas.
A produção de cereais foi uma das mais importantes actividades, de que os moinhos ainda existentes são testemunho, mas outras produções agrícolas tiveram importância, como foi escrito pelo Poeta Cesário Verde, cuja casa ainda hoje podemos apreciar em Linda – a - Pastora.
O esquecimento a que foi votada esta região, está agora a ser compensado com a criação de novas estrutura, como é o caso do conjunto escultural implantado na rotunda de Queijas, representando o padroeiro desta localidade, S. Miguel Arcanjo, da autoria do escultor Francisco Simões.
A igreja é também, para além do seu significado religioso e do seu centro social, uma peça importante pelas pinturas interiores, da responsabilidade de Victor Lages.
Mercado de Queijas, Posto da GNR e Polidesportivo e a estátua da Madre Maria Clara, cuja obra social exerce uma grande actividade nesta Freguesia e concelho, perto dos moinhos; obra que esteve a cargo do escultor José Núncio.
O Mercado Municipal, é um moderno edifício que integra uma esquadra de polícia e um parque de estacionamento subterrâneo, constituindo também outra obra importante.
Os bombeiros de Linda – a - Pastora viram remodeladas as suas instalações, dispondo agora de um quartel moderno e adequado á sua nobre actividade.
As ruas destas localidades, renovadas, têm hoje melhor aspecto, com criação de zonas ajardinadas.
Mas nem tudo está feito, há ainda carências a que é preciso dar resposta. Foi sobretudo no sentido de sabermos qual a realidade da Freguesia de Queijas, que conversámos com o seu atual Presidente, António Reis da Luz.
Oeiras Municipal - Como é que enveredou pelo trabalho autárquico?
António Reis Luz - Eu faço parte daquele grande contingente de portugueses que foram postos fora das empresas prematuramente, a fim de as mesmas conseguirem emagrecer o número de empregados, o famigerado downsizing.
Algum tempo depois de passar a ter uma quase total disponibilidade, recebi o convite para me candidatar à Presidência da Junta de Freguesia, que acabei por aceitar e posso dizer que não estou nada arrependido.
OM - Encontrou uma Junta com muitas carências?
ARL - Estou convencido que as carências nunca acabam, porque quando umas coisas são conseguidas, outras passam a ser necessárias.
Na realidade nos serviços da Junta reinava muita desorganização e a situação financeira era também aflitiva.
Como autarca entendo que o que conta é o que temos ainda para fazer, e o maior anseio da população de Queijas, é um Centro de Saúde.
Esperamos que o Poder Central nos resolva em breve este grave problema, até porque é um imperativo da Lei que num centro populacional como este, haja cuidados básicos de saúde.
OM - Como é que a população de Queijas ultrapassa esse problema?
ARL - Todas as pessoas são abrangidas pelo Centro de Saúde de Carnaxide, que tem umas instalações desadequadas, num prédio velho, e serve além de Carnaxide, a OUTORELA, Portela e Queijas.
Serão cerca de 30 mil pessoas a recorrerem a um Centro de Saúde sem condições e cuja resposta é necessariamente deficiente.
OM - A Junta teria facilidade em disponibilizar terrenos para a instalação de um Centro de Saúde?
ARL - Muitas vezes o Ministério da Saúde invoca a falta de espaços onde construir equipamentos, mas neste caso não pode ser dada essa desculpa, porque se surgisse uma solução rápida para esta carência, a CMO disponibilizava os terrenos necessários.
OM - Um dos grandes problemas que encontrou nesta freguesia, à semelhança de outras no Concelho, foram e ainda são, em certa medida, os bairros de barracas.
Em que situação se encontra este problema?
ARL - Tenho que considerar que é curioso que me coloque essa questão, porque vulgarmente o interesse é dirigido para as obras que têm visibilidade e servem para mostrar obra feita; o que se verifica com os bairros de barracas é que não são vistos como uma questão muito importante pelos outros habitantes.
Mas se há algo de que me orgulho neste mandato, é o trabalho feito nesse campo, por mérito da Câmara.
O facto de estarem praticamente eliminados os bairros degradados, pois até ao fim do ano estarão todas as famílias realojadas, é um orgulho que vem substituir a vergonha que era para esta Freguesia, haver no seu território pessoas a viver em tão más condições.
OM - Quantos bairros existiam?
ARL - Eram ao todo seis, espalhados por diversos locais e conhecidos por, Senhora da Rocha, Suave Milagre, Verdes, Beco dos Pombais, Taludes e Eira Velha. O Alto dos AGUDINHOS embora não pertencendo à esta freguesia, tinha com ela uma forte ligação devido à proximidade.
Foi feito um trabalho muito importante e hoje a maioria destas famílias têm uma casa digna. Não foi um trabalho fácil, surgiram dificuldades com a mudança das pessoas que ao longo dos anos aqui criaram algumas raízes, provocando até alguma rotura social.
Casos como os bombeiros de Linda -a-- Pastora e os grupos desportivos, que viram os jovens que integravam as suas fileiras, serem deslocados para longe, não foram situações fáceis. Até mesmo ao nível do comércio surgiram receios motivados pelo êxodo desta faixa da população.
Todavia, depois de ultrapassado este processo, já contactei algumas das famílias realojadas e sinto alegria por todas estarem satisfeitas com a nova situação.
Não sendo uma obra que fica à vista de quem passa ou mora na freguesia , esta foi para mim a maior realização do meu mandato.
OM - Em termos económicos como está a freguesia?
ARL - A evolução desta região foi lenta desde que deixou de ser zona rural, depois dormitório, até há alguns anos em que aqui se instalaram algumas empresas e um hotel, o comércio cresceu razoavelmente, começamos a ter vida própria, e espero que cresçamos mais, mas também não muito, apenas até atingirmos uma dimensão equilibrada.
OM - O Mercado de Queijas ainda não tem o dinamismo que seria de desejar:
Considera possível a revitalização deste tipo de equipamentos?
ARL - Coloca-me uma questão complicada. O aparecimento das grandes superfícies alterou os hábitos das populações, hoje as pessoas deslocam-se, ainda que, de longe em longe, a espaços comerciais onde encontram tudo ou quase tudo. Os mercados, mesmo existindo a poucos metros do local onde residem, estão esquecidos.
Perante isto, a recuperação dos mercados tradicionais não vai ser fácil, mas está-se a tentar, com algumas alterações ao seu antigo funcionamento, dar a esta zona comercial o carácter de um espaço de convívio.
OM - A educação é uma área com problemas?
ARL - No campo da educação penso que não estamos mal, temos escolas básicas, salas de estudo, infantários e ATLS, tanto particulares como oficiais, a escola C+S Prof. Noronha Feio é um equipamento moderno e responde às necessidades, nele só faltando um pavilhão desportivo.
OM - Esse panorama é igual no campo do desporto, do lazer, da cultura…?
ARL - Gostava de dividir a minha resposta em duas vertentes: a desportiva e a cultural.
No que se refere ao desporto, ele é marcado pelo sucesso dos clubes da freguesia, como é o caso da Linda a - Pastora Sporting Clube e do 1.º de Dezembro de Queijas, no atletismo e no andebol, todavia não há instalações desportivas, à exceção de um pequeno polidesportivo ao ar livre, que é quase exclusivamente utilizado pelas crianças.
Relativamente à cultura conseguimos com, muito esforço, erguer um grupo de teatro o "FERSUNA" e uma Associação Cultural a "Junt ´ Árte.
Apesar do seu funcionamento regular, a freguesia não dispõe de quaisquer instalações culturais.