Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]

O ENTARDECER

O ENTARDECER

PORTUGAL, UM PAÍS DO ABSURDO

 

O tema eleito é mais actual do que nunca. Com a última campanha eleitoral em pleno, elegem-se os políticos de proximidade. Aqueles que melhor conhecemos e que nos devem representar por quatro anos! E, agora, lá vai o absurdo, saído da boca de milhares de pessoas que nós reputávamos de respeitáveis! Ei-lo: “voto nele porque rouba, mas faz obra”! Tanta gente a dizê-lo, em relação a tantos candidatos, é, também, OBRA!

Não aludo a ninguém em particular, mas sim ao facto concreto, e ao absurdo que ele traduz.

- Por absurdo, consideremos que em determinado concelho as pessoas iriam votar em dois candidatos, a saber:

Candidato (A); “rouba, mas faz obra”.

Candidato (B); “ não rouba, mas faz obra”.

Dir-me-ão: “isso não é possível todos roubam ou, o que rouba faz mais obra”. O caso começa a complicar-se. O mérito, parece-nos, ter de estar reservado a quem faz obra e não rouba. Também se poderia argumentar que aquele que rouba precisa de obra para roubar!

- Vamos ainda, por absurdo, pensar que o candidato escolhido, candidato (A), acima referido, entraria na calada da noite e roubaria da vossa casa, uma peça em ouro. Este candidato até já vos tinha ajudado algumas vezes com decisões da Câmara. Pergunta-se: Continuariam a votar nele e não entregariam o caso do roubo aos tribunais?

Sem esperar pelas respostas, adianto algumas conclusões, agora, não por absurdo, mas bem reais: o comum das pessoas desculpa os políticos que roubam, por estes roubarem dinheiro do Estado, considerando que este não tem dono. Aqui fica o primeiro logro, o dinheiro do Estado tem dono e esse dono somos nós. Poderá significar para nós uma pequena parcela, mas, o muito pouco de muitos é o dinheiro que alguns políticos roubam! E o seu valor pode significar a escola que não se faz, o Centro de Saúde que nós não temos e muitas outras coisas que, apesar da obra feita, nós não usufruímos! Pode, também,  significar nesta linha de pensamento, que o nosso filho tenha de frequentar uma escola distante correndo perigos, que nós não tenhamos, a tempo, um hospital que nos salve a vida e muitas, muitas outras coisas básicas para NÓS E PARA OS OUTROS!

CUIDADO, NÃO ESTAMOS A FALAR DE ABSURDOS, MAS DA VIDA CONCRETA E REAL. Se, por último, pronunciamos a estafada frase: ELE ROUBA MAS FAZ OBRA e votamos em quem rouba, então, estamos também a denegrir o poder judicial, a desautorizá-lo, por não estar como queríamos, mas a verdade é que se alguém nos roubar ou fizer mal a uma pessoa que amamos, É A ELE, E SÓ A ELE, QUE PODEMOS PEDIR PROTECÇÃO PARA QUE NOS FAÇAM JUSTIÇA! Estamos a destruir a única coisa que, mesmo mal, pode funcionar em nossa defesa.

António Reis Luz

Mais sobre mim

foto do autor

Arquivo

  1. 2019
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2018
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2017
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2016
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2015
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2014
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
Em destaque no SAPO Blogs
pub