PETRÓLEO COMO ARMA MULTIUSO
Entretanto do petróleo como causa principal da próxima Guerra do Iraque, muitos vão falando. Na verdade os dados disponíveis são arrepiantes!
“ O Departamento de Energia dos EUA anunciou no início deste mês que em 2025 as importações de petróleo dos EUA serão responsáveis por 70% do total de abastecimento do país. Há dois anos, esta percentagem era de 55%.Toda a política energética de Bush baseia-se no aumento do consumo de petróleo. E onde estão 70% das reservas verificadas de petróleo do mundo? Claro, no Médio Oriente.
Índices de reservas em relação à produção anual de petróleo em diversos países, indicam que os EUA esgotam as suas reservas em 10 anos, tal como a Noruega. No Canadá o índice é menor 8:1; mas no Irão é de 53:1; Arábia Saudita 55:1; Emirados Árabes Unidos 75:1; Kuwait 116:1 ; Iraque 526:1.”
A crise energética mundial está a evidenciar a vulnerabilidade de todas as economias a este respeito: cerca de 50% dos nossos derivados de petróleo, nos quais se apoiam praticamente todos os transportes terrestres, marítimos, fluviais, aéreos e todo o aquecimento para fins industriais, dependem exclusivamente do petróleo que existe no Médio Oriente, a mais explosiva área do mundo.
Tudo aponta para uma necessidade imediata de se diversificar as fontes e a natureza dos combustíveis, de modo a garantir a nossa sobrevivência, o nosso desenvolvimento e a nossa tranquilidade.
Perante esta evidência não parece muito crível que as grandes forças que comandam a economia mundial, apostadas que estão até na globalização, não tenham este problema mais ou menos equacionado.
Naturalmente que com o fim à vista do petróleo, duas ou três dezenas de anos, o mundo ficaria totalmente paralisado, por via da paralisação da sua economia (global ou não).
Será de admitir que sendo muito importante o problema do esgotamento das reservas petrolíferas, ele deverá estar a ser equacionado, pelos gigantescos interesses mundiais.
A catástrofe pode repetir-se
Altos funcionários da administração Bush disseram à agência de notícias internacional Reuters ter recebido informações preocupantes sobre uma possível catástrofe ecológica no Iraque. Segundo estas fontes, os serviços dos EUA tiveram conhecimento de que foram colocados explosivos nos campos de petróleo de KirkuK. O porta-voz da Casa Branca, Ari Fleischer, não quis confirmar a informação: “Não estou na posição de avaliar esse dado”, disse numa conferência de imprensa. Por seu lado, o subsecretário para o petróleo do Governo iraquiano, Suleiman Al Hadithi, negou que tivessem sido colocados quaisquer explosivos nos poços. Apesar destas posições, o Departamento de Defesa dos EUA está a levar os serviços a sério bem como dados de “”várias fontes” e emitiu um comunicado recente em que dizia: “O Iraque e o regime de Saddam Hussein têm ambos a capacidade e a intenção de danificar ou destruir os poços de petróleo do Iraque. Relatórios de confiança indicam que estas actividades estão a ser planeadas e, alguns casos, podem já ter começado”.
Desastre de proporções gigantescas
Se esta “ameaça” se concretizar, a catástrofe ecológica poderá ser ainda mais grave do que foi no Kuwait, porque o Iraque é 25 vezes maior e tem cerca de dois mil poços, contra os 750 incendiados por Saddam Hussein na Guerra do Golfo. Nessa altura, foram queimados entre seis e oito milhões de barris diários e o último fogo só se extinguiu depois de oito meses a arder. Além disso, o Iraque tem muito mais população e os efeitos de semelhante acto seriam gravíssimos para a sobrevivência no país.
“ Não deve ser a questão ambiental a definir se haverá, ou não guerra, mas sim aquele que será o impacto na população e na paz mundial. Mas precisamos ter muito cuidado. A vitória na guerra contra o Iraque pode muito bem ter um custo demasiado alto para a população e para o ambiente”, adverte Jonathan Lash, presidente do Instituto Mundial de Recursos, em declarações à BBC Online. O incêndio de poços polui o ar, destrói o solo, contamina as reservas de água, mata a flora e a fauna. As chuvas ácidas, que afectam o ambiente e a saúde das pessoas, são uma consequência inevitável do lançamento de milhões de toneladas de dióxido de carbono na atmosfera.