PAÍS DE CARREGAR NO BOTÃO
Se no desemprego conjuntural os empregos perdidos podem ser recuperados com uma melhoria da conjuntura, no desemprego estrutural, os postos de trabalho perdidos, muito dificilmente serão recuperados.
Vem a talho de foice, tudo o que se passou em Portugal nos últimos dez anos. Para um bom observador e amante do seu país e das suas gentes, o dia-a-dia vai-lhe deixando marcas que perduram. A propósito, citaremos a título de exemplo, um tão apregoado “choque tecnológico”. Também o gosto de falar na rua com as pessoas que nos dão “troco”. No caso, jovens e idosos que, embora em campos opostos, muito têm a ver com a “suposta evolução” da sociedade. Na verdade é ela, que mais mexe com o chamado “desemprego estrutural”. Foram milhares de postos de trabalho que o país perdeu, com a introdução de milhares de equipamentos eletrónicos que varreram gente ocupada dos seus locais de trabalho. Certamente com destino ao desemprego ou a uma reforma, talvez, “antecipada”. Somos um país de idosos que muito ofereceram a outras gerações mais novas. Graças a Deus não morreram, mas mesmo passeando pela rua e transportes públicos, se percebe, como foram tratados sem qualquer respeito. Repudio aqueles políticos que querem comprar esta boa gente com bailaricos e almoçaradas!
Quando esta boa gente comprava o seu bilhete de transporte público, falava, informava-se e convivia com quem os atendia. Depois do “choque tecnológico, falam para máquinas. Ainda se falassem com máquinas simples, vá que não vá, mas não falam para máquinas que só intendem uma lógica informática. Que contemplam “n” situações diferentes, com dezenas de botões que têm instruções em letra minúscula, com portas de acesso eletrónicas, sem qualquer indicação se devem ser acionadas para a direita ou para a esquerda. Com telefones, algures, a jeito de falarem para o boneco etc.,
Cabe perguntar a alguém: “Quem ganhou com aquela eliminação de tantos postos de trabalho?
Que respeito e carinho houve por milhares e milhares de idosos, que felizmente estão vivos e, mesmo vendo mal, são felizes?
Ora, em todo e qualquer país e em todas as sociedades civis, há um fio condutor que assegura o seu progresso e a sua existência. Também o seu futuro. Este fio condutor é composto fisicamente (?) de duas realidades diferentes: uma de natureza humana e outra de natureza sobrenatural. Esta última, representa o seu passado e os milhões de pessoas que o serviram, mas que já morreram. A natureza humana representa aqueles que estão vivos e a representam. Dentro desta, teremos de muito acarinhar, os idosos e as crianças na sua especificidade e limitações!
Este fio condutor obedece a regras inscritas, talvez, na natureza. Aquela parte do fio, de condição humana, pode aguentar esforços de distensão rápida ou mesmo de estagnação ou compressão, mas nunca de rutura.