OVELHA NEGRA
Ousou dar de si um tempo imenso
Na ânsia de encontrar, um dia, o seu,
Perdida no cansaço tão propenso
A lembrar-lhe que o sol já se escondeu!
Olhou-se por dentro, já sem tempo
Viu uma linha enrolada ao destino
E para rompê-la, essa réstia de alento,
Bastava só um sopro pequenino!
É tão escasso, o espaço, que lhe resta,
Recorda, só e lenta, o sonho que criou
Espreita a vida, pela pequena fresta
Da janela que a si própria fechou.
Não se lembra de ter fome, nem sede,
Sente pairar no ar um clima estranho...
Perdeu-se na lonjura do prado que alcançou
...Como ovelha negra, que foge do rebanho!