OS PRIMEIROS MERGULHOS
- O porto fluvial estava equipado com batelões, barcos a motor e fragatas. No inverno, com as grandes e medonhas cheias todas as embarcações eram recolhidas no leito manso de uma ribeira.
As águas do Tejo quando estavam baixas, no verão, deixavam aparecer belos areais. O sítio onde uma ribeira desaguava no rio, era o mais belo e apetecido. Havia relva no chão e muitas amoreiras com óptimas sombras para descansar e amoras para comer. No meio deste espaço foi crescendo um frondoso chorão. Este lugar era conhecido pela «beira do Tejo» e servia para os banhistas e campistas descansarem e conviverem. Era a praia possível para muitas famílias dos arredores, nesta zona interior.
Naquele tempo, a água que corria neste rio era completamente límpida, com muitos pescadores, profissionais e desportivos, por perto. Peixe não faltava, até enguias, tartarugas, camarões, enguias e lindas aves. Até mulheres a lavar roupa nas margens, também.
- As primeiras incursões até ao leito do Tejo ocorriam com a chegada dos dias quentes e eram de normalmente de estudantes em grupos à procura da frescura do rio e aventuras. Vinham ver como estavam as coisas, mas só mais tarde se decidiam pela entrada na água. Começariam deste modo os mergulhos no Tejo.
A roupa era trocada no meio dos canaviais e aí guardada sem receio. O sítio mais profundo era exactamente onde a torrente esbarrava na muralha do palácio. Era aí, no pego, que os mais audazes mergulhavam. Os outros procuravam as águas mais baixas. Apesar disso todos os anos o Tejo fazia as suas vítimas entre os jovens menos avisados ou afortunados. Estes acontecimentos, onde toda a gente se conhece, eram profundamente sentidos. O luto era para todos, sem excepção. Logo que o corpo era encontrado traziam-no para a margem onde ficava a aguardar os trâmites legais. Por alguns dias o rio era motivo de profundo respeito e não havia banhos para ninguém. Curiosamente estes acidentes ocorriam quase sempre no entusiasmo dos primeiros mergulhos.