OS MAUS DECISORES
Em todo e qualquer país e em todas as sociedades civis, há um fio condutor que assegura o seu progresso e a sua existência. Também o seu futuro. Este fio condutor é composto fisicamente (?) de duas realidades diferentes: uma de natureza humana e outra de natureza sobrenatural. Esta última, representa o seu passado e os milhões de pessoas que o serviram, mas que já morreram. A natureza humana representa aqueles que estão vivos e a representam.
Este fio condutor obedece a regras inscritas, talvez, na natureza. Aquela parte do fio de condição humana pode aguentar esforços de distensão rápida ou mesmo de estagnação ou compressão, mas nunca de rupturas. De qualquer modo, deve estar sempre atenta à componente a que chamei de natureza sobrenatural, muito extensa, que representa aqueles já desaparecidos, ou seja, o passado do país ou da sua sociedade civil. A sua cultura.
Quem tiver a incumbência de tomar decisões, se não respeitar esta realidade, ou até se a quiser ignorar, pode provocar roturas de grande dimensão e, muitas vezes, a rutura completa do tal fio condutor e das realidades culturais e projectos de toda a ordem, que ele assegurava.
De certo modo, foi isso que aconteceu em Portugal depois da Revolução dos Cravos. Os capitães de Abril tiveram muitos seguidores, embora de natureza mais moderada, mas que cometeram e continuam a cometer erros de estratégia nas suas tomadas de decisão. Isto acontece, rigorosamente, pela total desresponsabilização com que se passa uma esponja aos sistemáticos maus decisores.