OS FILMES DE COWBOYS
Os westerns, foram também considerados por um dos seus principais criadores, Clint Eastwood, como a única forma de arte originalmente norte-americana, à excepção do jazz. O cenário dos westerns é, o Oeste dos Estados Unidos, a partir da linha do Mississípi desde o período que precede a Guerra Civil Americana até ao virar do século XX. Alguns destes filmes incorporam cenas passadas ou relacionadas com a Guerra Civil Americana, mas de forma rara ou mesmo secundária, já que o oeste não se envolveu na guerra com a mesma intensidade do leste dos Estados Unidos. É o tempo da ocupação de terras; do estabelecimento de grandes propriedades dedicadas à criação de gado; das lutas com os índios e a sua segregação; das corridas ao ouro na Califórnia da demanda das terras prometidas (como o estabelecimento do Estado do Utah, pelos mórmones) e da guerra no Texas.
A imagem típica de um cowboy
O tipo de personagem mais comum deste género fílmico é o do cowboy solitário (rigorosamente, nem os deveríamos chamar de cowboys, porque nem sempre são criadores de gado, sendo frequentemente pistoleiros, aventureiros, jogadores, xerifes garimpeiros ou, simplesmente, vadios) que vagueia de cidade para cidade, possuindo apenas a roupa que traz no corpo, um revólver e um cavalo (opcional). As cidades são compostas, geralmente, de apenas uma avenida principal onde se destacam o “saloon” (local de jogatina, álcool e, eventualmente, prostituição), e a cadeia, onde reside o xerife. A tecnologia da época aparece frequentemente a fazer contraponto às cidades jovens, sem outra lei que não a da força e das armas. Assim, o telégrafo (constantemente vandalizado por grupos de bandidos ou pelos índios), a locomotiva, e mesmo a imprensa aparecem como elementos que prenunciam a chegada da civilização e da ordem, e simbolizando a transitoriedade do estilo de vida quase selvagem da fronteira ocidental. A crença no “Destino Manifesto”, pelo qual a posse do continente, do Oceano Atlântico estava destinado, pela providência divina, aos Estados Unidos, é frequente entre as personagens que procuram o Oeste em busca de um futuro glorioso, movidos por ideais patrióticos.
As perseguições e os confrontos físicos dramáticos, em género de duelo, são as técnicas mais utilizadas para ressaltar o ingrediente básico da ideia de perigo eminente, numa sociedade onde os riscos se sucedem diariamente e onde a violência parece ser a única forma de garantir a segurança.
A ideia de viagem é uma constante: os vaqueiros atravessam longas extensões de território com o gado; as diligências cortam as estradas ermas, parando em algumas parcas estalagens; as caravanas percorrem as planícies inóspitas e, às vezes, há um forte a marcar a presença militar dos colonizadores.
Monumental Valley, Arizona, cenário recorrente em muitos dos westerns mais conhecidos
É basicamente apenas com estes elementos que alguns dos mais afamados filmes se criaram. Em termos narrativos, as histórias costumam ser lineares, sem grandes enredos, com uma moralidade bem definida (como sempre, o bem tem de vencer de uma forma ou de outra). Como pano de fundo, a paisagem é marcada por grandes espaços abertos, como os de Monumental Valley, que se tornaram emblemáticos e quase que se podem assumir como a personagem principal do filme. As personagens dos westerns identificam-se, de resto, com estes espaços e com a relação entre a terra e céu aberto.
Outro elemento frequente é o do conflito entre colonizadores brancos e os povos indígenas: John Ford foi e é, o irlandês apaixonado por esse território conhecido como o Oeste e se formos até lá encontramos um “mundo” inalterado: os índios continuam lá e sabemos que esses índios que encontravam o seu ganha-pão nos Westerns de Ford o consideravam como um pai, foram muitas as vezes em que a fome rondou a sua terra e quando as notícias das deploráveis condições de vida chegavam ao cineasta ele dizia: “meus senhores, vamos até Monumental Valley rodar mais um “Western”.
Mas, demos a palavra ao cineasta … “ sou de origem irlandesa, mas de cultura “western”. Interesso-me pelo folclore do Oeste, porque me interessa mostrar o real, num quase documentário. Eu próprio já fui “cowboy “. Gosto do ar livre, dos grandes espaços. O sexo, a obscenidade, os degenerados são coisas que não me interessam”.
A sua obra tem sido editada em DVD lentamente, sem grande alarido. Existe uma caixa contendo o famoso ciclo da Cavalaria, que inclui: “Forte Apache”, “Rio Grande” e “Dominadores” / “She Whore a Yelow Ribbon”. “ Os Dominadores”, certamente o favorito de muita gente, relata-nos os últimos dias de um capitão de cavalaria (John Wayne) e a sua vida no forte que terá de deixar, embora os índios continuem a fazer os seus estragos, talvez menores que o da jovem mulher fez no coração de dois dos seus oficiais, é a memória do célebre, “7.º de Cavalaria”, após a célebre batalha de “Little Big Horn”.
O filme é a história da infância até a idade adulta do centenário Jack Crabb (Hoffman, numa máscara de latex que lhe dá a aparência de um velho de 121 anos de idade), que inclui passagens como pistoleiro, pioneiro, vendedor, guia do General George Custer, testemunha e sobrevivente da Batalha de Little Bighom, e companheiro de Wild Bill Hickok.
O tema central do filme é a adaptação de Crabb ao modo de vida Cheyenne, necessário depois que ele e sua irmã foram resgatados pelos índios quando a sua família foi morta por guerreiros Pawnee. Crabb cresce na tribo do Chefe Old Lodge Skins e aprende a linguagem Cheyenne. Crabb, apesar da baixa estatura, mostra-se um bravo guerreiro. Devido a isso os índios o começam a chamá-lo de "Little Big Man" (Pequeno Grande Homem). Ele salva o índio Younger Bear, que se sente desonrado com isso e se torna seu inimigo. Crabb batalha contra os homens brancos e é capturado. Como é também um homem branco, ele é posto sob os cuidados do Reverendo Pendrake e da sua sensual esposa Louise, para que volte a ser civilizado.
Jack desilude-se com Louise e torna-se um vendedor viajante. Reencontra a irmã Caroline, agora uma mulher masculinizada que despreza os homens. Ela convence-o a tornar-se um pistoleiro, Sody Pop Kid. Jack como Kid torna-se um protegido de Wild Bill Hickok. Mas com a morte do lendário amigo, Jack desiste das armas e deixa Caroline. Jack abre um armazém e casa-se com uma sueca infiel chamada Olga. O negócio não dá certo e Jack fecha o armazém. Nesse ínterim, Jack vê o imponente General Custer, que aconselha a todos irem para o Oeste. Jack, que andava tentando o suicídio, acha uma boa ideia.
No caminho de volta, ele reencontra os seus antigos companheiros de tribo (que não o reconhecem e quase o escalpelam) e o chefe Old Lodge Skins. O chefe está cego e o líder agora é Younger Bear. Jack volta para os brancos e junta-se à cavalaria do General Custer, onde acaba descobrindo que o imponente general está mais para lunático do que para herói.
Outros temas recorrentes são as jornadas pelo Oeste americano, ou os ataques de grupos mais ou menos organizados de bandidos que aterrorizam as pequenas cidades nascentes, como aconteceu no filme que correu em Portugal intitulado “Os Sete Magníficos”.