Os arredores da quinta
Tudo isto ao longo dos anos, haveria de conquistar o coração das populações das redondezas que, de facto, nutriam grande simpatia e respeito por esta quinta, sabiamente gerida durante séculos. Socialmente e numa época em que nenhuns direitos havia para aqueles que trabalhavam na vida do campo, os seus gestores tinham, eles mesmos, deixado a semente do respeito pelos outros, que induziria os futuros e mais significativos donos desta quinta, a fornecerem assistência médica, colónia de férias etc., e outros cuidados sociais, até aí inexistentes no país de então.
Por esta altura da 5ª. Feira da Ascensão já se podiam comer alguns frutos maduros. As searas tinham a cor amarela da sua perfeita maturação. As hortas tinham de tudo, pois a natureza era pródiga, ajudada pela qualidade das terras e pela abundância de água para rega. Ao cair da noite esvoaçavam morcegos por todo o lado e nas noites quentes do fim de Maio as crianças corriam atrás dos pirilampos, que em ziguezagues se escapavam pelos ares.
O potente sino que se fazia ouvir em toda a quinta, badalava agora mais cedo e mais tarde, era a hora de verão. O sino marcava há anos o inicio e o fim da jornada de trabalho diário e também no rebate a fogos. No pino do sol, no verão, passava a tocar quatro vezes ao dia em consequência do calor e da necessária “sesta”.