OLHEM, AQUELA É QUE É A MINHA GENTE”.
MÃE CLARA
A 15 de Junho de 1843, nasceu uma jovem a quem chamaram Libânia, na Quinta do Bosque vivia a sua vida, seguia a sua rotina quando, em Portugal, começou a espalhar-se uma epidemia terrível, a “febre-amarela”. Era uma doença que normalmente causava a morte. Primeiro a mãe e depois o pai sucumbiram vitimados pela praga. Libânia pensa nos irmãos, principalmente nos mais novos, e decide ser um bocadinho de “mãe”, para cada um deles. Porquê tão inesperado encontro com a realidade da morte que tão cedo lhe levou os pais queridos?
Muitas são as crianças órfãs que são acolhidas em lares e escolas criados para os proteger. Libânia teve de deixar a Quinta do Bosque e os irmãos que tanto amava e foi também internada. No Lar do Palácio da Ajuda, Libânia foi-se habituando à nova família, tão diferente da sua. Tinham já decorrido cinco anos, Libânia tornara-se uma jovem bela elegante e inteligente. Toma consciência da sua idade, sonha de novo, mas com a perseguição das Ordens Religiosas iniciada entretanto, as “irmãs Vicentinas” são obrigadas a regressar a França.
Libânia é acolhida no palácio dos Marqueses de Valada, amigos da sua família. Com 24 anos apreciava a vida, mas impressionava-se com a vida infeliz de tanta gente. Sentia-se inquieta e buscava caminhos de respostas. Ao passar ao lado do Convento de São Patrício viu a porta aberta, entrou e assistiu à missa. À saída reconhece o Sacerdote celebrante como sendo o Padre Raimundo, que já conhecia. O chamamento de Deus era claro e o grito dos necessitados tão forte, que não hesitou no caminho a seguir, ser Irmã, e dedicar-se totalmente aos mais pobres.
Recorre, então às Irmãs Franciscanas e parte para França. Foi aqui que Libânia deixou o seu nome e passou a chamar-se Maria Clara do Menino Jesus. Veste uma túnica simples com o cordão Franciscano cingido à cintura. Depois em Portugal, mais tarde, ela será uma luz a iluminar e aquecer, será um farol, a orientar para um caminho de felicidade e de paz aqueles a quem se vai dedicar. Pobres, crianças, doentes e velhinhos. Assim nasce a Congregação das Irmãs Franciscanas Hospitaleiras dos Pobres, hoje radicada em Linda a Pastora..
Estávamos no ano de 1871. Com a dor de ter deixado os irmãos, abre-se a dor doutras órfãs, a quem procura suavizar o sofrimento. Vendo numa praça pública um grupo de pobres, macilentos e tiritando de frio, exclamou:
“OLHEM, AQUELA É QUE É A MINHA GENTE”.