OEIRAS CRESCE E ACOLHE
Posteriormente (meados do século XIX) , assiste-se ao início de um período caracterizado pela concentração das actividades económicas e mercado de trabalho na grande Lisboa, e o consequente abandono da população da província a caminho da capital, na procura de trabalho.
Em consequência disto, esta época caracterizou-se pela expansão demográfica do concelho de Oeiras que teve como principais repercussões, um aumento na procura de habitação e consequentemente um crescimento do ritmo de construção de novas zonas habitacionais e respectivas áreas para equipamentos e infra-estruturas. O ritmo a que se processou toda a expansão demográfica e consequente pressão sobre o espaço ainda disponível para construção, sobretudo nos anos da década de 1960-70, traduziu-se no apelo à construção maciça em detrimento da construção de equipamentos, originando deficientes infra-estruturas, degradação do património construído, paisagístico e ambiental. Em situações, onde a oferta de habitação não se adequa à procura a preços ajustados, assiste-se à implantação de núcleos clandestinos ou bairros de barracas.
Toda a área desta freguesia de Queijas, mais parecia ter caído em profundo esquecimento das autoridades oficiais responsáveis, se não fossem vários empreendimentos industriais a fixarem-se, tambem, nesta região.
Foi porém esta industrialização, a qualquer preço, e com a construção civil que assentava arraiais, que despontaram na freguesia de Carnaxide: entre as várias urbanizações em marcha, a maior foi baptizada por Miraflores e nasceu no vale de Algés por volta dos anos sessenta, do século passado.
Em Carnaxide, para os lados do cemitério municipal e, nas traseiras da conhecida Casa de Saúde, duas empresas de construção, SOLÁTIA e URBACO, fazem em cada dia aparecer mais e mais prédios de oito a doze andares, em pleno contraste com as antigas e modestas moradias desta terra.
Também para os lados de Linda – a - Velha, na JUNÇA e nos arredores da mata do Estádio Nacional, é possível ver as máquinas em constante movimento na edificação de prédios e moradias.
Num planalto do lado poente de Carnaxide, conhecido há séculos pelo nome de Queijas, sempre com meia dúzia de casas velhas amontoadas à volta de um característico casarão, cuja tradição refere como casa de veraneio de D. Miguel, já se podiam ver centenas de habitações construídas ao abrigo da chamada auto - construção, com a finalidade de albergarem gente de menos recursos.
Toda esta região que foi conhecida como área pastoril e mais tarde como área agrícola, cheia de pomares e quintas, aparece de repente transformada num grande dormitório da capital.
Como já se disse, em situações onde a oferta de habitação não se adequa à procura a preços ajustados, assiste-se também à implantação de núcleos de construção clandestina, ou bairros de barracas.
Assim e infelizmente, à volta de todo este crescimento habitacional, enxameiam em todo o concelho, especialmente na área desta freguesia de Carnaxide, os chamados bairros degradados das «Santas - Martas», vale de Algés, Algés de Cima, Altos dos BARRONHOS e do Montijo, estrada do BALTEIRO, Senhora da Rocha e Gandarela, detrás dos Verdes, Pombais, RIGUEIRA de Queijas, Forte de Caxias, alto dos AGUDINHOS, Suave Milagre, Eira Velha, Rádio da Marinha, etc.
Trata-se pois, de muita gente que veio da província à procura de trabalho na capital e seus arredores. Muitos do Alentejo.
São milhares de modestos trabalhadores, que na maioria pagam rendas mensais pelos terrenos que ocupam com as suas barracas.
São milhares e milhares de braços ocupados na produção industrial, que habitam numa terra que ainda há pouco vivia do amanho agrícola, e que hoje ninguém quer fazer, ou fazem para subsistência própria em terrenos baldios.
Trabalham nas imensas obras, mas também nas muitas industrias que na freguesia ou nos seus limites se foram fixando, tais como: Fábrica Portuguesa de Fermentos Holandeses, Lda. Sociedade Portuguesa de Fibrocimento, SARL; TEXTILGER da Cruz Quebrada; Baterias TUDOR; A LUMINANTE; A COMATRIL; Confeitaria Nortenha, Lda. Fábrica leão de Xaropes e Licores; Fábrica das Chaves de Algés, Lda. ATLAS COPCO, FANTA, TOFA; CIREL ; Fábrica dos Parafusos (Tornearia de Metais); Cabos Ávila; VIMECA; KODAK Portuguesa; GEVAERT; Fábrica de Baterias ARGA; Philips Portuguesa; etc.
Existem ainda muitas centenas de unidades de produção de média ou pequena dimensão que dão emprego a muita gente que veio à procura de emprego até esta freguesia, mesmo com salários muito baixos e se fixaram em habitação degradada neste local.