O SAPATEIRO BANDARRA
SINOPSE
Gonçalo Annes Bandarra, sapateiro e poeta popular do século XVI, ficou célebre pelas suas trovas proféticas, ainda hoje relembradas sempre que uma calamidade nacional se associa à imagem de um salvador messiânico. As suas "profecias" inspiraram várias personalidades ao longo dos últimos séculos, como o Padre António Vieira e Fernando Pessoa, e influenciaram inúmeras obras literárias e ensaísticas.
Ali encontrámos saudosos homens de venerável idade, de aspecto rude, se se quiser “impelidos”, como os caracterizou D. João de Castro. Impelidos, mas Homens: rectos, nobres, sofridos e duros como convêm a um clima agreste, homens de uma só palavra e de parco riso, espécie extinta ou em extinção. E se alguém tiver dúvidas quanto à nobreza de tais sábios “analfabetos”, lembrem os versos de Sá de Miranda na Carta a El-Rei D. João III: Homem de um só parecer, De um só rosto e de uma fé, De antes quebrar que volver, Outra coisa pode ser, Mas da corte homem não é. Foi deles, que, na nossa curiosidade juvenil, bem notada por quem olhos tinham para as pequenas manifestações da Vida, ouvimos pela primeira vez a história do Bandarra, e algumas das suas quadras, ajaezadas em função das circunstâncias e das memórias dos cantadores, nas tendas feitas tabernas, em frente de um copo de vinho puro, duma febra assada em fogo reconfortante e de um quarto de alvo trigo.