“ Mesquita decide reitor “
“As forças vivas de Braga saíram em apoio de um dos candidatos à reitoria. O outro é anti-Mesquita. Mesquita Machado não é candidato mas está no centro das eleições para o novo reitor da Universidade do Minho.Ele apoia a candidatura do “sistema”. “O outro concorrente é anti - Mesquita e o seu mandatário é o ex - Governador Civil, Pedro Bacelar de Vasconcelos. Esta semana, num gesto invulgar na vida universitária, os presidentes de Câmara de Braga e de Guimarães, o arcebispo-primaz e várias instituições locais decidiram o seu apoio a um dos candidatos. Todos eles apareceram numa sessão pública do actual vice-reitor, José Vieira, que promete dar continuidade ao projecto do ainda reitor, Chainho Pereira. O envolvimento de personalidades públicas num processo eleitoral que promete ser muito disputado causou surpresa em alguns dos 88 membros da Assembleia da Universidade que elege na próxima quarta-feira o novo reitor. Guimarães Rodrigues, o candidato que assume uma linha de ruptura, considera «insólita» esta interferência externa e encara a conduta da candidatura adversária uma afronta «com implicações que apenas diminuem o estatuto das instituições envolvidas». Esta sua declaração ao Expresso segue-se a uma reacção de membros e apoiantes da sua candidatura que dirigiram protestos a personalidades que deram a cara pela outra candidatura, falando na «partidarização» de um processo que se devia restringir à Universidade. Além dos autarcas socialistas, António Magalhães e Mesquita Machado, e de D.Jorge Ortiga, participaram na sessão outras figuras com relevo na região, como os presidentes das Associações Comercial e Industrial do Minho.
José Vieira não vê razão para estas apreciações negativas e rejeita a ideia de que se assista a uma interferência externa: «É abusivo extrapolar as presenças num acto de apresentação do programa à comunidade para o plano político e um disparate falar em partidarização», defende. Contra o «sistema» Guimarães Rodrigues escolheu para mandatário o ex-governador-civil Pedro Bacelar, inimigo de Mesquita, uma opção que também acentua o caracter «político» das eleições.
Os dois candidatos apresentam-se com programas completamente distintos no que toca a duas questões sensíveis: a Quinta dos Peões e o Estádio 1º de Maio, em Braga. José Vieira apoia a doação do actual complexo desportivo, gerido pela Câmara, à Universidade, numa lógica de preservação do património e espaço de usufruto dos alunos, o que, no entender de Guimarães Rodrigues «é um elefante branco» que trás apenas encargos à instituição. A Quinta dos Peões é outra divergência da campanha. Situada em frente ao actual polo de Gualtar, reitoria e Câmara acordaram com o proprietário do terreno que este cederia cerca de quatro hectares para protecção e usufruto da Universidade face à previsível urbanização dos restantes terrenos. Mas até agora, a Universidade ainda não tomou posse do terreno nem há escritura.
Na contagem dos votos, José Vieira aposta numa política de continuidade que implica mais obras e novas instalações.Com menos betão, preferindo revolucionar por dentro o que diz estar mal, Guimarães Rodrigues aposta na reorganização interna e no reforço das competências como forma de afirmar a Universidade, com 16 mil alunos, como centro de investigação e pólo de desenvolvimento da região “
Expresso – Paulo Sousa 25 Maio 2002