“Fichas falsas chegam a tribunal”
“ O PSD está preocupado com as consequências políticas de um caso de falsificação nas inscrições de novos militantes em Viseu”.
Expresso 26 Outubro 2002
Não é possível encontrar justificações técnicas, mais ou menos elaboradas ou fundamentadas, pois a motivação é só uma: a defesa de interesses. Grandes e pequenos. Quando a fera mata a presa para comer, tarde ou cedo irão aparecer os abutres e outros predadores a aproveitar os restos, que para eles são um rico manjar.
Os interesses têm, assim, um leque muitíssimo variado, que vão dos poderosos aos pequenos e mesquinhos interesses. Parece ser evidente que os grandes são a razão de ser das facções, dos barões, dos grupos, das tendências, dos «lobbies» etc. Os pequenos são a pequena corrupção, os lugares nas juntas, nas câmaras, a protecção no emprego, o emprego para o filho etc.
Servem para motivar e comprar os indivíduos de mais baixa formação moral. Com este quadro, dentro de um partido não podem haver valores. Haverá somente um quadro negro de imoralidade, impossível de caber em quaisquer tipologias do quadro Panebianco.
Os militantes que não desistam de ser honestos, aqueles que se conduzam por valores, ou até os outros que insistam em pensar nos problemas das populações, são pura e simplesmente esmagados.
Não é por acaso que Portugal continua na cauda da Europa, apesar das ajudas comunitárias.
É porque sem valores, as conquistas não passam de vitórias de “ Pirro “! Tenho vasculhado tudo, procurado por todo o lado, sempre na tentativa de encontrar respostas para as minhas dúvidas. Sempre na tentativa de perceber o que se passa no meu país. Nunca tive medo, muito menos quando sinto estar a encarnar a verdade. A verdade que procuro, faço-o porque me repugna a mentira e o oportunismo.
Não sou ingénuo, sei aquilo que certas forças são capazes de fazer a um ser humano como eu, sem proteccionismo de grupos elitistas, a quem as figuras importantes da nossa praça se vergam e tecem elogios. Atrás tive a coragem de afirmar que nos actuais partidos políticos, tudo se move por dinheiro e interesses de vária ordem. Os valores desapareceram.
É isso exactamente que é afirmado no livro de Manuel Villaverde Cabral!
“ Não têm ideologia e parecem-se cada vez mais com os tempos da Ditadura”!
Tenho pena, muita pena, que a maioria do povo nem disto se aperceba. Se de tal tomasse consciência iríamos assistir, a grandes convulsões sociais. De facto hoje, os partidos, como atrás dissemos, em nada se preocupam, ou muito pouco, com os problemas sociais.
Por último parece ser agora oportuno perguntar se de facto o poder reside dentro dos partidos?
Desta vez, arrisco afirmar negativamente, deixando de vogar, antes, assentando os meus pés numa rocha maior que acabo de vislumbrar.
Tudo faz acreditar que os partidos, são somente o “ local “onde, as tais grandes redes clientelares e os «lobbies», representando todo o tipo de interesses, se juntam para, à cotovelada e ao empurrão conseguirem, “legalmente” , um lugar à mesa posta para o «grande banquete», no qual se esqueceram de pôr cadeiras para o povo .