FERREIRO E FERRADOR
A doutrina da predestinação glorificava o êxito nos negócios e tais empresários, como homens predestinados diziam:
“Como eu estou predestinado para ser salvo, seja o que for que eu faça, é bom aos olhos de Deus”.
Em Portugal nos séculos XII e XIII, a situação não era diferente. José Mattoso, põe em destaque o modo como a nobreza afirma os seus valores por oposição aos dos "vilões", onde se incluem os mesteirais, (homens de mester, cuja profissão é manual), tudo neles repugna. Um ponto comum se encontra pelas mais diversas localidades do nosso país: uma desconfiança mal disfarçada para com os mesteirais; esta situação era apenas "atenuada nos casos do ferreiro e do ferrador, cujo trabalho era tão importante para as atividades militares".
Alguns anos atrás, Mircea Eliade escreveu um ensaio de antropologia intitulado “ferreiros e alquimistas”. O ferreiro é a pessoa que transforma o ferro, o aço ou outros metais em instrumentos e armas, graças à utilização do fogo e da metalurgia. Assim, um Ferreiro é um alquimista, <um transformador>, que utiliza metais básicos oferecidos pela terra, trabalha-os, manipula-os, imprime-lhes a sua energia. Com a ajuda do fogo, da bigorna e do martelo, os ferreiros materializam as suas ideias na forma de instrumentos. Armas ou outros objetos. À capacidade de transformar os materiais, oferecidos à humanidade pela terra chama-se alquimia. Deste modo os ferreiros sempre foram considerados como alquimistas e místicos. De acordo com os conceitos de Eliade.