ESTÁ NA HORA
DE REABILITAR A POLÍTICA
A política é uma obra colectiva, permanentemente; uma grande aventura humana. Tem dimensões continuamente novas e alargadas. Diz simultaneamente respeito à vida quotidiana e ao destino da humanidade, a todos os níveis. A imagem dela, segundo a nossa sociedade, precisa de ser revalorizada. A política é uma actividade nobre e difícil. Os homens e as mulheres que nela se comprometem, assim como quantos querem contribuir para as causas comuns, merecem o nosso encorajamento.
Imaginemo-nos nos primeiros momentos de uma campanha eleitoral que nos vai levar a eleições. É quase certo que estes dias não vão trazer muito de novo em relação ao que há semanas, é dito pelos candidatos: eles de certo, esquecerão-se de informar que coligações querem ou não fazer, e de garantirem que se forem candidatos e perderem, lutarão para ajudar aquele ou aqueles que forem vencedores a tomarem as melhores medidas e decisões no sentido de servir o POVO, nunca os interesses ou partes da política (diga-se partidos). Quem perde, deve fazer oposição construtiva, nunca deve enveredar por manobras dilatórias e demagogias, para conquistar o PODER. Manipular as “massas” nem pensar, quem o fizer de político nada tem!
É com este intuito que hoje apresentamos algumas considerações, extraídas de uma declaração da Comissão Social do Episcopado francesa. É um texto em que os bispos confessam a intenção de lsançar sobre a política “ um olhar renovado” e “suscitar novos comportamentos neste domínio”.
Na análise que fazem da actualidade política, os prelados franceses descobrem sombras indesmentíveis: vai-se generalizando na opinião pública a ideia de que os governos se sucedem, sem que os grandes problemas sejam resolvidos. Pior, muito pior. E assim se adiam reformas estruturantes, que todos reconhecem urgentes.
Pior, muito pior: alguns governantes, começam por destruir tudo aquilo que os anteriores tinham feito, desconhecendo, ou fingindo desconhecer que nestas eleições, agora acabadas, eles ganharam com uma plena maioria! E assim, se adiam as reformas estruturantes que todos reconhecem urgentes. Em contrapartida, superabundam leis e regras, impostos e mais impostos, e vejam só, austeridade em nome de quê ou de quem? Da função Pública, da eutanásia, das igualdades entre homens e mulheres, com se não fossem eles a formar famílias dando continuidade ao povo de Deus!
Entretanto, quem obteve a maioria nas últimas eleições, é silenciado nos parlamentos, por supostos líderes partidários sem nível nem educação. Em vez de defenderem o povo, só querem silenciar quem quer apresentar alternativas válidas!
Ainda segundo o episcopado francês (esta fotografia serva a muitos outros países) o público depara-se também com a diluição dos centros de decisão, muitas vezes confrontados com a necessidade de responderem a questões imediatas sob pressão dos lobies ou da rua (leia-se sindicatos, manifestações). Neste quadro, os cidadãos sentem frequentemente que se alarga o fosso entre a sua procura e a oferta das instituições – com o consequente descrédito e desinteresse das pessoas. Daqui resulta uma forte quebra na militância, assim como uma participação eleitoral irregular e um absentismo crescente, sobretudo, entre a juventude. Também nos partidos crescem os demagógicos e desqualificados, à medida que os melhores militantes se afastam! Mãos à obra!