ENCONTRAR O NOSSO RUMO
Um rapaz procurava um rumo para a sua vida. Estava indeciso em relação à profissão, tinha dúvidas sobre as escolhas que fizera e não tinha nenhuma certeza a respeito daquilo que gostaria realmente de fazer. Resolveu, então, procurar o Mestre da Floresta, um sábio que certamente o ajudaria a encontrar aquilo que procurava. Um amigo indicou-lhe o caminho, ele encheu-se de coragem e viajou até ao lugar onde o mestre vivia.
Mestre, disse, estudei na melhor universidade, fiz um MBA, sou fluente em 2 línguas. Procuro aperfeiçoar-me sempre, mas não sei o que quero da minha vida. Preciso de encontrar o meu rumo. O mestre compreendeu a preocupação e a ansiedade do rapaz. No mesmo instante, entrou na sua cabana, e, quando voltou, trazia um belo machado. Era feito de metal nobre e estava afiadíssimo. Tinha o cabo talhado na melhor madeira, e era todo revestido com couro e búfalo. Entregou-lhe o machado e disse-lhe que se deveria embrenhar na floresta, e que só deveria voltar quando soubesse a resposta para as dúvidas que o haviam conduzido ate ali.
O jovem obedeceu e, cheio de esperança numa solução rápida para o seu problema, desapareceu entre as árvores. Não demorou meia hora e reapareceu diante da cabana. Estava revoltado com o mestre. O machado, queixou-se, era inútil. Não o tinha ajudado a encontrar o seu rumo. Sem perder a calma, o sábio perguntou: Mas o que é que querias mesmo? E o rapaz mais indignado ainda, respondeu praticamente aos gritos: Já lhe disse o que é que eu quero! Quero encontrar o meu rumo! Paciente, o mestre pediu ao rapaz para se acalmar, e chamou um dos seus aprendizes. Entregou-lhe o mesmo machado, disse-lhe para ir até à floresta e só voltar depois de encontrar aquilo que queria. Assim aconteceu. O aprendiz entrou na mata cerrada e, algumas horas depois, voltou com 2 pinheiros às costas. O mestre perguntou ao seu aprendiz: O que é que querias quando foste para a floresta?
E este respondeu: como o mestre não me disse o que deveria fazer, decidi que traria pinheiros para plantar na entrada da cabana. Então segui na direção dos pinheiros, cortei as mudas mais bonitas e trouxe-as.
O rapaz ainda mais irritado, continuava sem perceber o sentido daquela prova. Então, perguntou ao mestre o que é que uma atividade tão banal como decorar a cabana com pinheiros, tinha que ver com o problema que o levara até ali. Ele precisava de encontrar o seu rumo. O mestre sorriu e respondeu-lhe: Tu tinhas nas mãos o meu melhor machado. Mas para alguém que não tem um objetivo, a melhor ferramenta não passa de um enfeite inútil. Com o meu aprendiz foi diferente, pois ele encontrou um objetivo, o de arranjar 2 pinheiros, e encontrou o rumo que o levou até às árvores. Sem um objetivo meu rapaz, não há rumo a seguir. Sem um objetivo, qualquer caminho te fará voltar sempre ao ponto de partida sem teres absolutamente nada nas mãos. Tens de encontrar primeiro o teu objetivo. Depois encontrarás o rumo.
Estar perdido, com a sensação de andar sempre às voltas, é mais comum do que se imagina. Para muita gente, estar perdido não é a exceção, é a regra.
De um modo geral este sintoma denuncia a falta de metas - de balizas que nos orientem na direção dos nossos sonhos. São elas que definem o caminho a ser percorrido e não permitem que haja desvios nem dúvidas. Sem uma meta certamente ficará perdido, sem saber ao certo o que deseja. Ficará muito mais sujeito às circunstâncias. Se em vez disso, existir um alvo definido, essa sensação desaparece. Nesse caso a mente trabalha para encontrar os caminhos. É inútil querer encontrar um rumo para a vida antes de saber onde realmente se pretende chegar.
Se eu me perder tenho de olhar para a Estrela Polar e ir para norte. Isso não significa que eu esteja à espera de chegar à Estrela Polar. Quero apenas, seguir nessa direção.
"A Tríade do Tempo" de Christian Barbosa.