Detalhes que atenuam a austeridade... lá fora
Podíamos ter um défice público de 8,6 por cento.
Podíamos ter reduzido o desemprego, ao mesmo tempo que aumentávamos os salários e os benefícios para os trabalhadores. A produtividade subia e, num ano, a economia saltava da recessão para o crescimento. Claro que era preciso investimento estatal e obras públicas, para impulsionar as atividades económicas, dinheiro conseguido à custa do aumento da dívida. Ainda assim, veríamos a luz ao fundo do túnel.
Podíamos ter feito tudo isto se fossemos o país mais rico do mundo. Mas não nos chamamos Estados Unidos da América.
Muitos erros foram cometidos na nação de Barack Obama, depois da crise iniciada em 2008. Por cima de tudo sempre pairou um sentimento de injustiça por muitos dos grandes responsáveis por aquela hecatombe mundial continuarem com a vidinha de sempre. Gastouse acima de todas as possibilidades para amparar a queda dos gigantes financeiros, vítimas de si próprios.
No fim, houve algo que compensou.
Seria a reposição do poder de compra dos mais pobres, com o aumento do salário mínimo? A diminuição de impostos para as empresas? O aumento do investimento público na saúde, na educação e nas infraestruturas? As facilidades dadas às pequenas empresas para acederem ao crédito? Tudo o que Portugal não fez.
Aqui, veio a receita foi a austeridade.
Cada país tem as suas realidades e as suas contas, mas não há razão para não olharmos para fora, tentando descortinar algumas (boas) soluções para a nossa atual crise. Temos uma dívida enorme (que chegará aos 124% do PIB em 2013), um défice descontrolado (ou só controlado à custa de receitas extraordinárias que se vão inventando), uma economia moribunda, mas ainda conseguimos reagir quando nos aumentam os impostos.