As lavadeiras
constituíam a ocupação mais numerosa no século XX, ocupando pessoas de qualquer dos sexos na antiga freguesia de Carnaxide.
O levantamento eclesiástico de 1865 ( P.e Francisco da Silva Figueira, " Os primeiros Trabalhos Literários" ) dá - nos conta da existência do total de 191 (?), assim sendo distribuídas: Carnaxide, 43; Linda-a-Pastora,44; Linda- a - Velha, 14; Outurela, 12; Portela, 2 ; Algés, 40 ; Praias, 10; Queijas, 16 ; e dispersas, 10.
Para se ter a noção do peso desta ocupação, convirá dizer que, logo a seguir, surgem as criadas de servir, em número de 36, e as costureiras, com 20. Entre os homens a profissão que envolvia mais pessoas era a de trabalhador da lavoura - 108.
Embora mal remunerado, o trabalho da lavadeira constituía uma ajuda importante para as parcas posses dos agregados familiares . Daí o elevado número de mulheres que, em toda a cintura saloia de Lisboa, se ocupava nesta tarefa, desde a juventude até à velhice. E assim. era vê-las, todas as segundas- feiras, estrada fora, a caminho da capital, em cortejo, escarranchadas na albarda do burro ou de carroça, entre trouxas, a fim de devolver às clientes a roupa já lavada - bem branca pela acção do sol e cheirosa pelos odores silvestres de onde fora depositada a corar.
Regressavam já tarde ou no dia seguinte, ajoujadas de entre trouxas, agora de roupa suja que a água do Jamor e a força dos seus braços branqueariam. Aproveitavam e vendiam às clientes ovos e queijos frescos que também levavam, com essa intenção. No regresso traziam mais uns cobres que muito ajudavam a saciar as dificuldades caseiras.
Este trabalho era pesado e pernicioso para a saúde. Mas a necessidade a tal obrigava. Há séculos que o saloio desempenhava.