AINDA OS PARTIDOS
De facto, se nos falta muita coisa, de outras coisas temos que chegue! Estou a pensar em legisladores com dons de adivinhação. Não está decorrido muito tempo que certo legislador conseguiu fazer aprovar uma legislação sobre “ESCUTAS”, na qual fixou uma excepção para o primeiro-ministro. Não é que pouco tempo passado o nosso primeiro-ministro viria a estar envolvido em complicados problemas neste âmbito! Parece que o homem adivinhava!
Abriu essa excepção, mas, cometeu um terrível lapso de memória. Esqueceu-se de definir.
em tal documento, as condições e quem poderia escutar este membro do Governo! Perante a realidade actual, em que quase toda gente próxima do primeiro-ministro está a contas com aquilo que tais escutas revelaram, e o próprio primeiro-ministro aparece em tais escutas, legalmente, ninguém o pode envolver nem, tão pouco, investigar. Há esquecimentos que complicam a dignidade dos governantes que, por mais que queiram, não têm qualquer possibilidade de se defender!
Assim, cá estão de novo os partidos envolvidos em situações muito pouco claras, tudo por culpa do esquecimento do legislador. E com isto, já ninguém acredita em ninguém, o país descredibiliza-se a olhos vistos, o primeiro-ministro não governa nem deixa governar e Portugal está a contas com as agências de “rating” e com as reservas esgotadas.
Apesar desta embrulhada, ainda há quem diga que os poderes instituídos não podem, nem devem interferir na actuação dos nossos partidos, mesmo sabendo que em muitos países europeus os candidatos nomeados pelos partidos são submetidos ao sistema de “vetting”, ou seja, uma investigação séria a quem vai ser investido em altos cargos!
Na falta de tudo isto, ao menos que os nossos partidos, do alto de toda a sua integridade moral e processual, façam eles próprios esse escrutínio aos candidatos que impingem aos portugueses, para que mais tarde não haja todas estas embrulhadas e dúvidas sobre o carácter e bons costumes de quem nos governa.
António Reis Luz