A vida de trabalhador …..
Todos se apressavam a pôr ao lume o seu pote de barro com três pés. Estavam pretos de tanto irem ao fogo. Depois, iam vagueando entre um banco e a chaminé, espreitando se os poucos feijões já se podiam comer. De vez em quando tiravam dos alforges pendurados na parede, um estreito tubo de vidro com azeite, e deitavam no pote umas poucas gotas. Mexiam o magro sustento com colheres de pau, após o que, o provavam. Voltavam a tirar dos alforges uma colher muito gasta e segurando a cabeça com uma mão lá iam comendo com a outra.
Quase não falavam. Quando acabavam, seguravam a cabeça com as duas mãos e ficavam imóveis até se irem deitar. Talvez estivessem a pensar na vida e na família que estava longe. Mais tarde lá iam nos seus tamancos, feitos de madeira, até ao dormitório.
Com mais ou menos cheias, eram assim os invernos na quinta para os trabalhadores rurais.