A TENDÊNCIA DE LONGO PRAZO
É esta tendência que pode garantir a qualquer político, a sustentabilidade das medidas que faz aprovar. Se optarem por “viajar” por previsões de mais ou menos uma ou duas décimas, mais vale estarem quietos. Elas podem dar votos a curto prazo, mas será isso bom para o país e para os portugueses. É altamente duvidoso.
Morreu há dias um político competente e muito honesto, chamava-se ele Medina Carreira. Foi muito maltratado neste país! Para ele era indiferente se o PIB estava a crescer mais umas décimas do que no ano passado ou se a dívida pública tinha conseguido cair umas décimas no trimestre anterior. Dizia ele; “ isso é tudo tretas para desviar a malta do essencial”.
E o essencial era a tendência do longo prazo, mostrando sempre gráficos que recuavam dez, vinte, trinta, quarenta ou mais anos para mostrar o sarilho em que estava metido o país:
Uma economia que gera cada vez menos dinheiro e um Estado cada vez mais endividado. Este caminho tem um nome: Sarilho! Ou seja, aquilo onde o país está metido, porque a economia não cresce o suficiente para gerar dinheiro suficiente para sustentar o Estado social e travar o crescente endividamento do país. Vem isto a propósito do contínuo “show of” que tivemos de suportar quando o défice excessivo chegou a dois vírgula qualquer coisa.
Fizeram-nos esquecer que em 2011 o défice esteve em 11,6% do PIB!
Pouco se importaram de quem o trouxe desse número, até aos famigerados dois virgula qualquer coisa!
O homem das finanças virou herói, quando Portugal ao entrar para a União Europeia se comprometeu a não ultrapassar os 3%. Ninguém informou ninguém, de quem levou Portugal a esta situação de recuperação!
Curiosamente, também ninguém falou sobre qual o partido que deixou as coisas chegarem a esta vergonhosa situação! Na dívida Externa, a percentagem do PIB possível é de 50%, compromisso que jurámos, mas na verdade nós atingimos em 2011, 111,4% do PIB! Esta é uma dívida, como muita gente fala, praticamente impossível de pagar, mesmo a longo prazo. A mesma dívida em 2015 atingiu 101,5% do PIB! Tudo isto, depois de Portugal ter pago somas astronómicas só em juros.
Meus senhores, como se falou e apregoou tanto sobre um défice orçamental excessivo diminuto, quando ele comparado com esta dívida é escandaloso e nele nem se fala?
Será isto esclarecer os portugueses? Ou será isto fazer política partidária? Afinal, quando assumimos políticas com a sustentabilidade de longo prazo? Sem destruir euforicamente a que existe.