A SATANIZAÇÃO DOS POPULISTAS
SERÁ DESTA VEZ? Há quem lhes chame de PAI DOS POBRES
Desde há muito tempo, que alguns políticos que abraçaram o “Populismo” político e absorveram características populistas nas suas trajetórias pessoais, seja no âmbito nacional ou local. O populismo não acabou. Ainda está em evidência.
Do ponto de vista da camada dirigente, o populismo é, por sua vez, a forma assumida pelo político para dar conta dos anseios populares e, simultaneamente, elaborar mecanismos para assegurar o seu controle e a sua fidelidade, tendo em vista eternizar-se no poder sem, contudo, ser considerado ditador. No populismo e na sua história, o sentido da palavra "populismo" que passou para a história tem uma carga semântica altamente negativa. Os políticos populistas são estigmatizados como enganadores do povo, pelas suas promessas jamais cumpridas e como aqueles capazes de articular retórica fácil com falta de caráter. Este sentido negativo não diz respeito apenas à figura do político populista, mas ao fenómeno como um todo, pois só é possível a eleição de um populista por eleitores que não sabem votar ou que sempre se comportam de maneira dependente, como se estivessem à espera do "príncipe encantado".
Mas nem sempre foi, ou é esse o significado de populismo. Populista, no caso, era aquele que estava próximo do povo, ouvia as suas aflições e conseguia compreendê-lo. Sentido comum em sociedades nas quais as elites políticas se encontram distantes do povo: onde não há canais de interlocução convencionais, o povo busca alternativas para ver atendidas as suas preocupações.
Quando os populistas passaram a ocupar espaço na política, vencendo as eleições contra liberais e conservadores, o conceito começou a receber uma conotação pejorativa. É verdade que politicamente o populismo encontrou uma certa funcionalidade em vários países latino-americanos ao servir de alternativa ao risco de uma onda comunista. Nas primeiras décadas do século XX, o populismo representava a promessa de um Estado forte e personalista, aliado a uma legislação social e a uma liderança carismática, que tinha o objetivo de combater o perigo do comunismo. Essa alternativa foi adotada como barreira ao comunismo em países como México e Argentina, entre outros, principalmente após a Revolução Russa de 1917.
Com o afastamento do risco comunista, a presença de lideranças carismáticas marginais às elites políticas tradicionais à frente dos Estados fortes passou a interferir de maneira negativa nos interesses dessas elites. Foi a partir daí que o conceito de populismo passou a receber uma carga pejorativa na esfera política, ganhando status negativo no senso comum. O resultado foi uma “satanização” dos populistas e dos seus adeptos, que terminou moldando a visão liberal, defendida por políticos que faziam parte do status quo combatido pelo discurso populista. Para eles, o populismo é um fenómeno vazio de conteúdo, e consideram a população incapaz de distinguir entre propostas sérias e simples demagogia.