A Mecanização a Vapor
A primeira revolução industrial caracterizou-se pelo avanço da mecanização, ainda que a divisão de trabalho tenha um papel de suma importância. Significa dizer que não se trata de dividir o trabalho até à mecanização, mas sim de substituir métodos artesanais por
mecanizados, concomitantemente ao desenvolvimento dos mesmos: a divisão do trabalho passa a ser determinada pela própria mecanização. Com a mecanização a vapor, os empresários intensificavam os seus ganhos de produtividade em relação a produção artesanal, que era possível negligenciar a organização do trabalho.
O avanço da mecanização se baseia no avanço tecnológico - mecânica e materiais - e nas possibilidades económicas de sua realização, que decorrem dos avanços científicos e da dinâmica competitiva entre empresas. Na primeira revolução industrial os avanços, na sua maioria, originaram-se de descobertas e melhoramentos empíricos desenvolvidos por mecânicos, muitos deles empresários, com o objectivo de solucionar problemas específicos, além de buscar vantagens competitivas exclusivas:
... a evolução da tecnologia ocorre interactivamente com a dinâmica
competitiva das empresas, determinando a evolução da mecanização e da própria economia.
Ampliar a vantagem competitiva na primeira revolução industrial , significava ampliar a produtividade dos recursos empregados. Mas com salários baixos não havia possibilidade de inovações de produto em termos de consumo popular e, por outro lado, as escalas mínimas da mecânica não facilitavam muito as coisas. Em face do exposto, ampliar a competitividade significava elevar a produtividade da energia, do trabalho e do capital de forma a reduzir o custo de produção. Assim sendo, a busca de ganhos de produtividade gera sistemas produtivos cada vez mais especializados, maiores e mais onerosos. Em termos schumpeterianos, a busca do lucro gerava um tamanho de fábrica cada vez maior e como o crescimento de escalas indivisíveis estava interligado ao desenvolvimento de equipamentos maiores e mais delicados, os novos tamanhos mínimos eram também mais estanques. Logo, com o avanço da mecanização, a busca por ganhos de produtividade nas empresas torna-se um processo discreto, associado à realização de grandes e crescentes blocos de investimentos, inviabilizando expressivos ganhos de produtividade via ampliação ou transformação gradativa das capacidades existentes.
Enquanto a industria têxtil e a metalurgia caminham nesse sentido, outras industrias pararam no tempo, expandindo - se apenas em função da procura. Com a escassez e o encarecimento da mão-de-obra, essas industrias, e a própria agricultura, são levadas a ampliar a produtividade via mecanização crescente. Caso isso não ocorra, a dinâmica do crescimento levará a crescentes importações.
Com a natural elevação da competitividade internacional - oriunda da necessidade de fábricas com capacidades produtivas superiores à procura local -, e objectivando a maximização do lucro, o empresário passa a exportar como forma de minimizar possível capacidade excessiva. Cabe salientar que toda essa dinâmica de desenvolvimento se esgotou por volta de 1850 decorrente da ocupação plena do potencial de consumo do sistema, criando o cenário para a segunda revolução industrial, que engendrará um novo ciclo de desenvolvimento económico.
A Revolução Industrial em Portugal
Com uma economia pequena e virada para outros mercados ( África e América ) e com problemas estruturais de vária ordem, a revolução Industrial demorou a chegar ao país que deu novos mundos ao mundo.
As origens de tal realidade devemos ir encontrá – las à nossa posição geográfica, periférica da Europa, e à nossa própria história muito ligada às Ordens Religiosas e aos descobrimentos.