A LÁGRIMA FÁCIL
A expressão popular derramar lágrimas de crocodilo, usada para dizer que alguém chora sem razão ou por fingimento, surgiu de um facto que acontece com os crocodilos. Quando o animal come uma presa, ele engole-a sem mastigar. Para isso, abre a mandíbula de tal forma que ela comprime a glândula lacrimal, localizada na base da órbita, o que faz com que os répteis lacrimejem.
Mesmo sabendo que quase todos de nós já fomos engolidos desta maneira, não é bem sobre disso que nos propomos escrever algo.
Pretendemos aprofundar sim, porque caem lágrimas dos nossos olhos quando estamos tristes?
É uma questão muito complexa. Por detrás de um simples berreiro, há muito que se lhe diga!
Mas vamos tentar pôr ordem nesse turbilhão de sensações. O centro de tudo está numa região do nosso cérebro que controla as nossas emoções. Claro, sempre em situações dramáticas ou supostamente dramáticas. Uma série de informações estimulam um monte de glândulas e músculos do nosso corpo.
É por isso que as nossas lágrimas podem vir acompanhadas por sensações estomacais, pêlos arrepiados, taquicardia e até de uma bela dor de barriga. Estes estímulos variam de intensidade de pessoa para pessoa e dependem até mesmo de factores como a educação e a cultura.
Isso explica por que umas pessoas choram mais que outras. Por outro lado, também dá para condicionar o choro, como fazem os artistas, que provavelmente accionam o sistema límbico com lembranças tristes.
Apesar destas lágrimas de tristeza serem as mesmas que caem quando cortamos uma cebola, os mecanismos relacionados à “abertura da torneirinha” são bem diferentes. No caso da cebola, as glândulas lacrimais respondem apenas a um estímulo mecânico. Também é possível derramar lágrimas pressionando as glândulas lacrimais. É o que acontece quando damos um belo bocejo ou de quando choramos de tanto dar risada.
Resumindo: A “produção” das lágrimas começa com um estímulo emocional, que pode ser algo que a pessoa vê, ouve, sente, lembra… Digamos, por exemplo, que uma menina olha para um doce que a avó dela sempre fazia
A imagem do doce chega ao cérebro e atinge o sistema límbico, que controla as emoções. É lá que ocorre a associação entre o doce e a morte da avó da menina, produzindo uma sensação de tristeza. Uma área do sistema límbico chamada amígdala, encarrega-se de passar à frente essa interpretação. O “colorido emocional” que o cérebro produz segue por impulsos eléctricos até ao nervo facial. Uma ramificação desse nervo acciona então as glândulas lacrimais, que ficam logo acima dos olhos. Estimuladas, as glândulas eliminam as lágrimas e daí vem o aguaceiro.