A instrução primária
A nossa criança não esquecerá nunca o primeiro ano que frequentou a escola primária! A escola era propriedade dos donos da quinta e a professora, devidamente certificada, era paga pela quinta. No final de cada ano, mesmo no primeiro ano da primária, os alunos tinham de deslocar-se a uma distante de 5 quilómetros, onde havia uma escola oficial. Nela num dia só, tinham de fazer uma prova perante um júri!
Naquele ano, como nos outros, a quinta oferecia aos alunos e professora transporte numa galera puxada por dois cavalos. Porém desta vez os alunos e a professora regressaram todos com lágrimas nos olhos e muita tristeza no coração! A criança de que falamos também, embora fosse o melhor da turma.
Por muito que tentassem compreender não conseguiam. Nos dias seguintes os mais velhos murmuravam ter sido o “chumbo” motivado por vinganças políticas! Teria sido verdade, pois o ambiente no país era de vingança com os proprietários, por serem proprietários e terem a sua própria visão. Os outros só desejavam que o Estado tudo controlasse! Disto a nossa criança não se esquece.
Assistia-se a um clima absolutamente insustentável nas escolas: uma tremenda instabilidade emocional com reflexos óbvios e incontornáveis na dimensão pedagógica do ensino; uma incompreensão e desilusão que se aliam a um esgotamento e cansaço colectivo entre os professores que prejudica a sua disponibilidade para a tarefa central que lhes deveria ser exigida.