A FIGURA DE JOÃO SEMANA
Entre as várias figuras rústicas que conquistaram o coração do povo, temos eternizado em “As Pupilas do Senhor Reitor”, e pela sensibilidade de Júlio Diniz, a figura do velho médico conhecido por João Semana. De aspeto aparentemente endurecido e rural, o país amou um velho bondoso e abnegado, sempre atento nos serviços médicos que prestava ao próximo!
"Ainda há 'médicos João Semana'. Mas há muito poucos! Então, a exercer no interior do país junto de populações carenciadas, tal como a personagem João Semana, só com muita sorte se achará algum. Estes, são outros tempos, tempos de frias corporações limitadas nas fronteiras dos interesses pessoais e só isso! Daqueles tempos, depois da obra "As pupilas do senhor reitor", os homens beneméritos da Medicina, a exercer no interior desabitado do país e junto de populações carenciadas, sem horário, sem férias e baixo salário, talvez só tenha sobrevivido a figura querida da população, criada pelo escritor!
Nos tempos que correm, nos quais é forçoso fazer cruzeiros, ninguém aceitaria viver em terras de pobreza e dedicação ao próximo. Horários rigorosamente cumpridos, bons salários e boas férias, quem se lembrará, ou se disporá, a fazer sacrifícios inerentes a uma profissão que já foi de sacerdócio? Sim, hoje, é muito mais fácil atirar as culpas de todas das carências, para cima do Governo ou do Estado patrão? Estado patrão, que não deveria sê-lo, pois, muitas pequenas unidades privadas espalhadas pelo país fariam, certamente, muito melhor do que fazem os grandes hospitais a viverem do orçamento do Estado e a curarem um “braço partido” ou uma “unha encravada”! Hospitais grandes, provavelmente, só para os casos muito complicados, mas rigorosamente bem geridos. Quanto a lamúrias de médicos, lamentando a falta de recursos, humanos ou materiais, e ignorando a possível má gestão destas unidades, e a difícil situação do país, mais parecem iníquos ataques políticos, perdidos nas lamúrias duma comunicação social impreparada!