A DOENÇA DA ROLHA
E se não houvesse artigos assinados. Tanto na política como na economia, mesmo na área cultural ou no desporto. Os autores escreveriam o que realmente pensassem, sem temer represálias políticas, sociais ou profissionais. Enquanto esse dia não chega, mas vai chegar, um governo como o actual promoveria debates sobre a reforma do Estado em que os participantes falavam à vontade porque sabiam que a autoria das intervenções estaria salvaguardada por um acordo de confidencialidade. Sem isto, o que temos é uma forma encapotada de (auto) censura? |
Em Portugal, o medo de se dizer o que se pensa é tristemente real. A ‘lei da rolha’
na discussão pública não mostra a doença deste sistema. Mostra, uma coisa mais grave,
a doença deste País: uma cultura de cobardia (e de hipocrisia) em que só, sob anonimato,
se dizem as verdades. Verdades encapotadas, meias verdades mais que envergonhadas e principalmente muitas mentiras descaradas. Também traições à família, ao sistema e principalmente ao povo. Do povo sem emprego, nem uma palavra. Dos reformados sem
as reformas que pagaram, e que são roubadas para pagar uma dívida externa sem limites, também não!