A DÍVIDA
A dívida está em cima da mesa. E agora o desejo é da esquerda e da direita. Ok. A esquerda quer ela que seja reestruturada. A direita quer que não haja "devolução de rendimentos", que "mudemos de vida". Há uma coisa interessante. Parte dos críticos da dívida pública são ou foram banqueiros. Mas os bancos fazem o quê? A dívida não só não é necessariamente uma coisa má, como, cá na terra, até é pagável. Com um ajuste inteligente aqui e ali, mas pagável. E a dívida pública pode até ser boa. Como? Veja-se o tal PISA. Se a dívida foi para pagar escolas, a rentabilidade desse dinheiro é seguramente maior do que o juro que pagamos por ela. Coisas de banqueiro, talvez anarquista. Não há dúvida de que a dívida pública é um problema e que nem tudo foi gasto em escolas. Mas está também a ser usada como arma de arremesso político. Lembro-me quando a alternativa era o "programa de ajustamento" ou a saída do euro. Não foi bem assim, pois não? E a saída do euro deixou de ser discutida, por óbvias razões: o euro é péssimo mas melhor do que todas as alternativas. Imagine-se Portugal com o seu escudo de papel entre o Brexit, o Trump e as guerras cambiais e comerciais anunciadas ou já em curso. Com a dívida passa-se o mesmo, os problemas também serão resolvidos, com um sistema monetário melhorado, sem "revoluções", sem "mudança de regime". Reequilibremos então o debate, com todos os ingredientes, dívida, impostos, investimento, mercado de trabalho, desigualdade, educação, tecnologia, investimento estrangeiro, regulação, transparência e tudo o mais. Até porque agora estamos em terreno politicamente mais fino.
13/12/2016 16:33:44 | Economia portuguesa, Política