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O ENTARDECER

O ENTARDECER

A CRÍTICA DA RAZÃO PURA

 

O Kant que aparece após a Crítica da Razão Pura é um Kant inovador. A filosofia não sistemática de Leibniz, fundada na unidade fundamental do conhecimento humano e na firme convicção na razão humana foi abandonada. Por outro lado a actividade de Newton, de extracção empirista, tinha estabelecido o que parecia uma das mais importantes conquistas do espírito humano: a físico-matemática, que oferecia um modelo reducionista da natureza. Com Newton, que já não é mais um filósofo ou sábio mas o primeiro físico, a ciência alcança a sua autonomia de fato.

Filosoficamente, existia a crítica de Hume à causalidade que invalidava esta ciência, e a contradição dela com o conceito de livre arbítrio já que a ciência neptuniana era estritamente determinista.

Todo esforço de Kant vai ser no sentido de dar base filosófica / metafísica à ciência newtoniana e então fundamentar sua autonomia; ao mesmo tempo que procura invalidar a crítica de Hume e torná-la compatível com o livre arbítrio.

Para realizar esta tríplice tarefa foi que Kant realizou a revolução que é feita na Crítica da Razão Pura. Esta revolução consiste em uns conciliação entre o empirismo e o racionalismo: o conhecimento começa com a experiência mas não vem todo dela. Para isso é necessário transferir para a interioridade humana, tornando-os formas da sensibilidade (espaço e tempo) e categorias do entendimento (causalidade) e definindo uma nova relação entre sujeito e objecto. Esta relação é a relação transcendental onde um determina o outro - essa é a relação cognitiva. Ao mesmo tempo estabelece a autonomia da ciência e a impossibilidade da metafísica como conhecimento da coisa em si. Na verdade, ao estabelecer a autonomia da ciência, Kant separa por um fosso intransponível os fenómenos - objectos do conhecimento - dos "noumenos" ou coisas em si inacessíveis ao conhecimento; só há ciência dos fenómenos, o que exige a participação da experiência. A metafísica clássica, que pretende ser cognitiva, não faz apelo à experiência e é, portanto, impossível enquanto conhecimento.

As duas críticas que se seguem - a da Razão Prática e a do Juízo - completam o trabalho de Kant: estabelecer a autonomia da acção humana e do gosto artístico.

Estas duas críticas repousam nos resultados obtidos pela Crítica da Razão Pura.

Na introdução da Crítica da Razão Pura Kant estabelece seu problema: o do conhecimento.

Para ele o modelo desse conhecimento era sinónimo daquele que tinha sido estabelecido por Newton. Conhecimento será para Kant sinónimo de ciência e, no caso, de físico-matemática. Para ele a ciência se compõe de juízos, isto é, de proposições. De algo se diz algo, de um sujeito predica-se algo.

 

 

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