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O ENTARDECER

O ENTARDECER

a chamada "esquerda radical"

A crise grega,

O desastre da chamada "esquerda radical" e as carpideiras neoreformistas no Brasil

Por Edmilson Costa

 

As crises têm um significado profundamente pedagógico para as sociedades. Quanto maior a crise, mais se aproxima o momento da verdade para todos: Estado, governos, instituições públicas e privadas, partidos políticos, movimentos sociais. À medida que a crise se acirra, vai-se fechando o espaço para o oportunismo, a demagogia, as manipulações, as meias verdades, as falsas promessas, as soluções de compromissos, os pactos sociais. A crise não permite que ninguém fique em cima do muro. Cada instituição ou liderança é obrigada a se mostrar por inteiro, dizer com voz alta o que pensa, expor-se à luz do sol sem protecção.  

As crises também são momentos em que chegam à superfície de maneira explícita todas as contradições da sociedade. As pessoas começam a perceber claramente aquilo que antes estava ofuscado pela manipulação dos meios de comunicação e pela viseira ideológica repetida de maneira contumaz pelas classes dirigentes. Outro grande ensinamento das crises também é o fato que nesses períodos os trabalhadores aprendem em dias de luta muito mais que em anos de calmaria, pois as manifestações, as greves, as batalhas nos locais de trabalho, nos bairros, nos locais de estudo e lazer ensinam muito mais que o aprendizado formal que obtiveram ao longo da vida.  

Além disso, as crises representam os períodos mais tensos da luta de classes. Nesses períodos, os atores envolvidos no processo não podem agir como jogadores de póquer: nestes momentos não há espaço para bluffs! Nesse sentido, a crise actual é tão grave, profunda e devastadora que não permite soluções de compromisso, como nos velhos tempos da social-democracia clássica, quando o crescimento do capitalismo nos anos dourados keynesiano possibilitava algumas vantagens para os trabalhadores em troca da colaboração de classe e da paz social. Agora, essa rota de fuga foi cortada pela gravidade da crise. Com a crise e o desaparecimento da âncora soviética, o capitalismo voltou a seu estuário original de rudeza explícita: exploração, miséria e pobreza.  

Essa é a tragédia do SYRIZA, a nova social-democracia fantasiada de "esquerda radical". Esse partido, em função do seu caráter de classe, dos seus objectivos estratégicos e de sua linha política confusa e conciliatória, já entrou derrotado nessas negociações. Isso porque acreditava, ao contrário do que vendia demagogicamente para as massas (fim dos memorandos, fim da austeridade, soberania nacional e resgate do emprego), num acordo com a Troika (União Europeia, Fundo Monetário Internacional e Banco Central Europeu) , na vã ilusão de que seria possível conciliar os interesses dos trabalhadores com a Europa imperialista em crise aguda. Como já era esperado, mesmo com todas as concessões humilhantes, não foram aceitos no clube do capital. 

Vale lembrar que o momento histórico em que a social-democracia pontificou entre os trabalhadores era outro e eles levaram cerca de um século para se desmoralizar. Agora, com a crise, o tempo histórico para esta novíssima social-democracia eleitoreira se esgotou. Não há espaço nem para a social-democracia clássica nem para a social-democracia retardatária. A crise é tamanha que o capital não pode sequer ceder os anéis ou proporcionar as migalhas do passado. Para se ter uma ideia do nível de desespero e degradação do sistema capitalista, recentemente a chefa do FMI, Christine Lagarde, disse que os anciãos estão vivendo muito e isso é um risco para a economia global... Nessa situação, como ceder à mão esquerda, se a mão direita está vazia. 

Todas as organizações que recentemente povoaram o imaginário dos ingênuos, dos movimentistas, autonomistas, ongueiros até os anticomunistas fantasiados de vermelho estão destinadas a seguir o mesmo destino: o descrédito junto à população. É o SYRIZA na Grécia, o Podemos na Espanha, Bloco de Esquerda em Portugal, oPartido da Esquerda Europeia , o Sinn Fein, na Irlanda, o Die Link, na Alemanha, oTodos no Chile, o PSOL no Brasil e assim por diante. As carpideiras que hoje derramam lágrimas de crocodilo no Brasil e em várias partes do mundo diante da "traição" do SYRIZA deveriam acumular ainda mais lágrimas, pois esse será o caminho dessas organizações.  

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