A CASA DE CESÁRIO VERDE
Localizada na Rua Visconde Moreira de Rey, em Linda-a-Pastora, é hoje o que resta do simples casal rústico e da vivência bucólica do poeta Cesário Verde.
Denominada Quinta de São Domingos, ou dos Verdes, como é mais conhecida em Linda-a-Pastora, foi adquirida por Giovanni Maria Verde (bisavô do poeta, de origem italiana) em 1798, e correspondeu a uma extensa quinta sobre o Jamor, chegando a alcançar uma área de 3 hectares. A família Verde repartia a sua atenção entre os negócios da loja de ferragens, na Rua dos fanqueiros, e a atividade agrícola da quinta.
As epidemias que abalavam Lisboa, como "febre-amarela e a cólera", levam a família para o refúgio no campo. Reportando-se a esta época, Cesário Verde vem a escrever mais tarde:
"E o campo, desde então, segundo o que me lembro,
É todo o meu amor de todos estes anos
Nós vamos para lá; somos provincianos
Desde o calor de Maio aos frios de Novembro"
A José Anastácio Verde, ir com os seus para Linda-a-Pastora, teve resultado prático: aperceber-se do real valor da quinta, da qual futuramente fará o centro da atividade e da exportação dos produtos agrícolas. Cesáreo Verde, que desde rapazinho trabalhou no negócio de família ao balcão, iria dirigir a exploração da quinta e empenhar-se na compra de produtos de outros agricultores, e na direção da embalagem das frutas. A intensidade e as diferentes áreas exploradas, evidenciava um árduo trabalho.
O espaço não se confinava à quinta: alargava-se a outras propriedades, inclusive na área onde veio a construir-se o forte prisão de Caxias. Na casa de Linda-a-Pastora passou sucessivos verões e, nos últimos anos, até invernos quase inteiros. Ainda há quem o considere o poeta de Lisboa. De Lisboa e de Linda-a-Pastora. A propriedade manteve-se na família até 1955. Hoje, o que resta da antiga casa pertence à Congregação das Irmãs Franciscanas Hospitaleiras. Um pequeno campanário, as argolas para prender os animais, e colunas de estátuas de pedra são alguns dos vestígios que remontam ao casal rústico da família Verde.
Em memória ficou:
- Uma lápide de homenagem de um grupo de amigos da Escola Ferreira Borges, onde se escreveu - "Nesta Casa viveu o grande poeta Cesário Verde (1855-1886) ", e -"O Prémio de Poesia Cesário Verde instituído pela Câmara Municipal de Oeiras, para premiar trabalhos de reconhecido valor poético".