O ”sistema de visionamento interactivo” referido pelo coordenador é espantoso. Já o tinha visto a funcionar na Casa do Saber. De resto, todas as “Casas”, também da “Pesquisa”, estão equipadas com alta e sofisticada precisão. Trata-se de um grande “globo”, suspenso no ar, por cima das nossas cabeças e sempre luminoso. Comandado pelo pensamento, em princípio do coordenador, permite percorrer e visionar o presente, o passado e o futuro. Também permite visionar grandes zonas ou povoações, localizadas a nosso pedido. Permite, ainda, a obtenção de relatórios, estudos científicos e planos de pormenor. Neste último caso, salienta-se um painel no qual podemos observar tudo, mesmo pessoas, com muita minúcia, até no tamanho normal! Através dele assistimos a parte do Fórum Mundial de Regulação da Energia, em diferido. Saí dali, e como sempre, apeteceu-me andar sem destino. Alguns seres de vida eterna que ia encontrando, por vezes, faziam-me perguntas por perceberem algo de diferente em mim. Respondia como podia, mas sempre experimentando, visíveis constrangimentos. A linguagem é diferente daquela que temos na Terra. Muitas coisas que havíamos enraizado na Terra, naquele plano íamos esquecendo e, no caso da linguagem, havia como que uma linguagem comum e facilmente entendida. Fez-me lembrar o projecto que na Terra foi criado para facilitar a comunicação entre os povos do mundo inteiro. Mais de cem anos de utilização prática, quase fizeram do esperanto uma língua viva, capaz de exprimir qualquer nuance do pensamento humano. Se dissermos, por exemplo “até à manhã”, para a semana etc., aqui ficam espantados a olhar para nós! Foram noções que eles já perderam. Guardam, sim, a noção do “antes” e “depois”, mas nada mais. De tanto andar perdi o sentido de orientação e já nem sei onde estou! Voltei a recorrer à orientação de rua e solicitei o meu encaminhamento no sentido de algum lugar no qual pudesse ouvir música. Era disso que estava a sentir necessidade. Iria fazer-me sentir mais aliviado, confortável e calmo. Percebi que teria de caminhar no sentido da “zona dos lagos”. Ligeiramente para a minha direita, seguindo em frente. Com a leveza habitual comecei a avistar um edifício, de cor creme, tendo como pano de fundo as águas azuladas de vários lagos de média dimensão. Mais de perto, percebi que o edifício que procurava tinha um estilo tipo “pagode chinês”. Aproximei-me e entrei respeitando o silêncio. Escutei uma melodia, tipo celestial, em som de baixo volume e, talvez distante. No chão, sempre de relva, havia bancos corridos na forma de degraus. Era, fundamentalmente, um anfiteatro. O tecto da sala era transparente, levemente azulado e coberto de estrelas. As paredes eram igualmente de um azul muito claro, com leves nuances que davam a sensação de um bonito ondulado. Estas nuances ondulavam ao sabor da melodia e da sua intensidade, pondo em relevo os acordes das notas musicais! O mesmo acontecia com uns tantos repuxos visíveis numa espécie de palco, no qual havia também, de forma muito discreta, flores não muito definidas mas de aspecto assaz belo. Outras flores de tom desmaiado, andavam a esvoaçar, deixando um rasto de luminosidade! Era um ambiente de encanto, beleza estética, arrebatamento e lindas e suaves melodias. Um ambiente de sonho.
As preocupações derivam de todos nós conhecermos bem, o engenho e audácia de certas forças do mal, espalhadas pela Terra! Contra elas nada mais se pode fazer do que lhe ir retirando as ferramentas de que se servem para fazer o mal. É a eterna luta do Mal contra o Bem, que faz parte da construção universal e mais acentuadamente da Terra. Do nosso plano não entendemos como acabar com o mal, sequer se isso é possível. É nossa convicção que a única arma que temos para travar esta luta é sermos mais fortes. Assim, as grandes concentrações humanas, falo das grandes cidades, estão totalmente dependentes da energia eléctrica. Muito mais ainda, em áreas de clima muito frio. Dos “Apagões” ocorridos ultimamente, no caso da falha eléctrica da América do Norte foram afectadas mais de 50 milhões de pessoas! Tendo sido anulados centenas de voos. Ninguém sabe onde começou ou, ou sequer o que a originou. Se teria sido um ataque cibernético, não o iremos saber agora ou mais à frente, até talvez nunca. Os ataques dos “hackers” às redes de energia são frequentes e sofisticados! O mais importante é saber-se que a rede eléctrica está obsoleta e é em vários momentos sobreutilizada. Na Terra, há gente que aproveita estes casos para atribuírem às privatizações, esta falta de segurança. Para nós as causas são muito mais profundas! Os “apagões” além de privarem as pessoas do consumo de energia nas suas casas, bloqueiam os transportes, elevadores, iluminação pública, actividades hospitalares, o comércio em geral, abastecimento de combustíveis e mesmo de água, etc. Enfim lançam o caos e milhões de pessoas na escuridão, no frio e no pavor. O trânsito fica completamente bloqueado! Metropolitano e comboios necessitam de seis a oito horas para verificação de sistemas e vias antes de retomarem a circulação normal. Em 1977, em idêntica situação, houve em Nova - Iorque incêndios por todo o lado! Multidões saquearam lojas, armazéns e casa particulares! Teremos de tentar saber porque tudo isto aconteceu. Mas é mais fácil formular perguntas do que responder a elas. Os milhões de pessoas que trabalham em Nova - Iorque, mais propriamente em Manhattan, não vivem lá. A grande maioria, sai do trabalho entre as 4 e as 5 horas da tarde para enfrentar uma caminhada de uma hora de transportes públicos até sua casa. Pouco a pouco, nestes horríveis acontecimentos dos “apagões”, os funcionários das empresas ferroviárias, ajudaram os passageiros a sair das composições e a caminharem pelas linhas até às estações, assegurando que ninguém se aproximava do letal «terceiro carril», ligado à energia, que poderia voltar a qualquer momento. Milhares de pessoas deixaram as suas casas e vieram para a rua, evitando o sufoco dos apartamentos e hotéis às escuras, e sem ar condicionado. Milhares de chamadas, foram feitos para as polícias, por pessoas fechadas nos elevadores. A maioria dos casos foi resolvida, mas outros trouxeram muito sofrimento e pânico. A lição de Nova-Iorque, repetiu-se em vários outros pontos do mundo: Londres, Escandinávia e Itália, etc. Neste último país, parece inverosímil que uma árvore caída sobre uma linha de alta tensão nos Alpes suíços tivesse deixado toda a Itália às escuras. Mais de 57 milhões de pessoas foram afectadas. A Itália é dos países europeus que apresenta maior dependência externa de energia! Isto deve-se à sua renúncia a centrais atómicas, depois de em 1987, os eleitores terem votado nesse sentido, na sequência do desastre de Chernobil. Por esse motivo a Itália suporta, a electricidade mais cara e está muito dependente do fornecimento de outros países. Não terá sido por acaso que se realizou neste país o segundo Fórum Mundial de Regulação de Energia, ao qual nós assistimos, com a ajuda do nosso sistema de visionamento interactivo. Noutro país Europeu, uma cegonha deixou a população às escuras e toda a economia parada. Com as cegonhas a elegerem a parte cimeira da torres metálicas, que suportam os condutores eléctricos, como zona predilecta para poisarem e fazerem o ninho com absoluta segurança, ninguém pode ficar descansado e dispensar duas ou três velas bem guardadas! Por outro lado a França e Alemanha detêm maior produção europeia de electricidade disponível, sendo mesmo exportadores crónicos. Como a energia eléctrica não é um bem armazenável, tem de ser produzida no momento do seu consumo, ou vendida imediatamente. De outra forma, resultam estrangulamentos e desperdícios, enquanto não se conceberem formas que possibilitem a sua produção máxima e o armazenamento do excesso, que poderia suprir, com redes de alternativa, os atrás mencionados “apagões”. Para muitos isto é disparate ou utopia, veremos.
Outro grande problema na produção da energia, tem a ver com a sua grande dependência do petróleo. Sabemos que a sua produção atinge o seu pico histórico em 2006, altura a partir da qual deverá entrar num período de desaceleração de produção na ordem de 2,5% ao ano, caindo em 60% até 2040! Esta parece ser a maldição do petróleo! Raro e essencial para todo o mundo, especialmente para os países industrializados. Poderemos assistir a um recuo trágico no nível de vida das populações da Terra, num momento em que hábitos e formas de vida não dependentes de intensas fontes energéticas, já foram esquecidas, logo, abandonadas. E nunca o deveriam ter sido, as mudanças neste mundo são constantes e nós não pensámos nisso. Tudo parece depender muito de novas alternativas e, espera-se, que o progresso tecnológico possa ultrapassar estas previsíveis dificuldades, “conjunturais”. O recurso à energia “nuclear” (combustível urânio/plutónio) sofreu um drástico abrandamento. Na origem desta realidade, está o medo da sua utilização. Apesar disso estamos, a médio - longo prazo, necessariamente, confrontados com o retorno à investigação na fusão termonuclear controlada (combustíveis deutério/lítio) bem como à investigação nas fontes de energias RENOVÁVEIS, em que diversas tecnologias estão já demonstradas. Sabendo que a vida útil de um reactor nuclear é de cerca de 40 anos, e admitindo que a tendência da ultima década se mantém, o actual parque electro nuclear extinguir-se-á por volta de 2040. Esta situação tem de ser reapreciada no contexto das alternativas hoje à nossa disposição. As alternativas, realisticamente, mais acessíveis no curto - médio prazo poderão passar pelos próprios combustíveis fósseis. O retorno ao carvão, mesmo aumentando as emissões de CO2, complementado por tecnologias de fixação do mesmo CO2, ainda por demonstrar. O incremento de ciclos mistos em centrais termoeléctricas e de cogeração na produção de energia mecânica e/ou térmica de pequena e média dimensão. A produção de combustíveis líquidos mediante processos de liquefacção de carvão, tecnologias estas já definidas e que poderiam ser implementadas num futuro próximo. Se entretanto nada se fizer e ficarmos agarrados ao consumo do petróleo, a sua escassez, irá provocar aumento incontrolado do seu preço. Os países mais ricos, especialmente os Estados Unidos, poderão pagá-lo. Para os países mais pobres o seu preço irá tornar-se incomportável, e a sua escassez tornar-se-á uma tragédia. Os países mais ricos, exportarão tal escassez através do preço dos produtos transformados; o impacto da crise espalhar-se-á por todo o mundo. Os sectores mais atingidos serão certamente os transportes e a agricultura. Por estarem, directamente dependentes do consumo de combustíveis líquidos. Da conjugação destes dois factores fácil é concluir que o preço e a disponibilidade física de produtos alimentares serão particularmente vulneráveis nesta crise. Nesta perspectiva será impossível evitar um cenário de evidente desestabilização social e de conflitualidade internacional, de consequências imprevisíveis! Temos que trabalhar muito para evitar este cenário catastrófico. A população mundial, entretanto chegará aos 8/9.000.000.000 de pessoas!
O mundo corre de facto muitos perigos, tal como os habitantes da Terra.
Acabada a reunião pensei para comigo: Já tinha assistido a várias outras reuniões de Casas do Saber e em todas “bebi”, com sofreguidão, tudo que ouvi nelas. O saber em todas era repleto de espiritualidade e profundos conhecimentos, tanto ao nível das intenções como na entrega desinteressada aos projectos. O meu estado de espírito era de uma leveza mental e física muito grande. Ali vivi melhor que os passarinhos vivem na Terra, ou melhor, vivi com outra qualidade, mas todos os dias, sem pensar no amanhã e no futuro. Tão pouco nas outras necessidades diárias. Cansaço, foi outra coisa que ia desaparecendo com o decorrer do tempo. Só de não ter que me preocupar, em comer, mudar de roupa e me calçar todos os dias os sapatos, etc., ficava dia-a-dia muito mais leve. Os adornos corporais, é como se não existissem, ou melhor, também são eternos. As pessoas olham-se nos olhos frontalmente e, dos outros, nada mais vêem do que a sua própria alma. E esta, vêem-na com dons que adquiriram do alto do seu estado de leveza corporal e grande evolução espiritual. Neste espaço do universo que considero “celestial”, não vislumbro o mínimo vestígio de poluição. Para melhor meditar, voltei a sentar-me na relva. Precisava de muita meditação! Ouvi falar de muitos temas como: levitação – oceanos – micro algas – energia dos ventos – a teoria de Darwin – propulsão iónica – recursos da Terra – consequências ambientais – correntes oceânicas – climas – famílias dos ventos – novas ferramentas para políticas ambientais – movimentos da Terra – etc. É sobre o aproveitamento de tudo isto que os sábios do plano celestial vão desenvolvendo a sua investigação, no intuito de melhorar as condições de vida na Terra. Conto, ainda assistir a mais dois debates que sei serem fundamentais no futuro do planeta Terra. Voltei a levantar-me e comecei a vaguear. Não quis consultar placas informativas. Comecei a perceber que elas se destinavam aos recém-chegados. Para mim, já intuía o funcionamento mental desta nova envolvência. Avistei um outro edifício, ainda desconhecido para mim. Era diferente, tinha a forma de uma estrela. Aqui tive de voltar ao “sistema informativo” Era algo de novo. Nem mais nem menos do que uma grande biblioteca! Pude ver milhares de livros, todos de capa azul claro. Havia muitos leitores e outros, acabados de entrar, à procura da informação que pretendiam. Fiquei a observar tal movimentação. Não havia empregados ou outro tipo de controlo visível. O sistema de procura era dirigido, como os outros, pelo pensamento. As opções eram vastíssimas, no que concerne a línguas, tipos de leitura, autores e regiões do globo terrestre, etc. A editora era sempre a mesma: “Presença Celestial”. Embora goste muito de ler, confesso que ainda me sinto pouco à vontade para tal aventura.
Numa outra “Casa da Pesquisa”, já tinha assistido ao debate sobre o tema “Recursos da Terra”. O orador fez questão de referir que os recursos englobados nos temas “Fontes de Energia” e “Recursos Hídricos” eram amplamente debatidos em grupos altamente especializados, dada a sua importância. Optei por procurar, em primeiro lugar, o local da reunião sobre Fontes de Energia, talvez influenciado pela guerra do Iraque e pelo chamado “Ouro Negro”. Desta vez fui dos primeiros a chegar! Tive o cuidado de olhar discretamente, todos os que iam entrando. Uma dúvida me ficou, provavelmente para sempre! Aquelas figuras ainda tinham muito de terrestres no seu aspecto corporal. Por um fenómeno de transparência estranho, conseguia ver-lhes a alma e, em simultâneo também o seu aspecto fisionómico! Olhando aquelas figuras, serenas, que entravam, nuns passos cheios de leveza, fiquei sem perceber se elas, ou eu próprio, assumíamos um corpo imutável ou, se nos ficaria neste plano para sempre uma áurea corporal semelhante aquela que tivemos na Terra. Ouvi o coordenador chamar a atenção dos presentes, de que esta reunião havia sido convocada para debater um fenómeno que está a repetir-se na Terra, deixando a toda a gente perspectivas muito preocupantes. Falou a seguir dos conhecidos “Apagões”:
"As taxas de desemprego, da economia e outras, são altamente erosivas ou apelativas da popularidade dos governos, fazendo com que tenham grande dificuldade/facilidade em serem ou não reeleitos quando sofrem períodos de grande inflação e ou “descontentamento elevado", diz-se. Mas, salienta-se, "o mais importante" é a evidência da verdade pois "é muito importante a forma" como as más/boas notícias, o desemprego e a inflação, chegam ao eleitorado.
"Países com cobertura mediática mais intensa são países que estão de facto a ser monitorizados de modo especial pelo eleitorado que depois vai penalizar os governos por um mau desempenho económico, que se traduz no desemprego e na taxa de inflação".
Já sobre a distribuição do investimento público, afirma-se ainda, que "mais vale ser um município importante em termos de estratégia partidária, do que propriamente ser um município da mesma cor que São Bento".
No entanto, reconhecem os investigadores, os municípios que "são da mesma cor que São Bento tendem a ser mais favorecidos em termos de investimento público".
Quanto à baixa de juros para próximo de 0%, num panorama de recessão, tem por objectivo reanimar o consumo e investimento mas pode provocar aquilo a que os economistas chamam de “armadilha de liquidez”. Vamos a caminho de uma depressão!
Quanto às taxas que a comunicação social, sem explicitar, seja o que for, traz a público, elas são apregoadas pelo respectivo governo ou então ignoradas, conforme lhes forem ou não favoráveis!
Tendo em vista a importância de tais referências para a opinião pública, que acaba por influenciar a sua decisão no sentido do voto, e defendendo a verdade democrática, deveria haver um curto conselho de análise a estas taxas, a fim de proteger algo que seria difícil defender, por exemplo, na Assembleia da República, onde por força da maioria de votos, essas taxas seriam controladas.
A verdade tem de ser trazida ao povo, para que ele não erre tento nas suas votações que faz e, neste caso, se eliminem cativações, bonificações fiscais e tantas outras manipulações, tão perniciosas, a quem decide a favor de todos.
Muda-se a página no regime democrático e Mário Soares retoma, "com alegria", o seu lugar de deputado. Após ano e meio de executivos de iniciativa presidencial, ao rejeitar novo convite de Sá Carneiro para se aliarem - o que implicaria o líder socialista avançar para Belém e o social-democrata ficar à frente do Executivo, numa repetição do repto lançado no almoço de 1976, no Tavares Rico ("restaurante muito do seu gosto"), em que Soares "[lhe disse] logo frontalmente que não" se candidatava, nessa altura, a Belém (Um Político Assume-se) - , o ex-primeiro-ministro socialista vê o presidente do PSD juntar-se ao CDS e ao PPM na Aliança Democrática (AD), no verão de 1979, obtendo ainda o apoio do grupo de dissidentes do PS conhecidos como Reformadores (de António Barreto e de Medeiros Ferreira).
Como nota Rui Ramos,
Sá Carneiro forma a AD em 1979, "sabendo que o PS e o PCP nunca fariam o mesmo" (História de Portugal). Nesse ano, o partido aprova o plano Dez Anos para Mudar Portugal - Proposta do PS Para os Anos 80, elaborado por um grupo dirigido por António Guterres, que retira o marxismo do programa e põe, usando uma expressão que jamais terá sido proferida por Soares, "o socialismo na gaveta". Ou, como registará décadas depois Cunhal, após citar variados trechos da Declaração de Princípios da ASP e do programa do PS (por exemplo, "repudia o caminho daqueles movimentos que, dizendo-se socialistas ou sociais-democratas, acabam por servir deliberadamente ou de facto, os interesses do capitalismo internacional e o imperialismo"), "estes princípios programáticos são tão extraordinários que hoje [em 1999], ao lê-los, alguém desconfiado poderá talvez supor que nos trabalhos de elaboração do presente ensaio [A Verdade e a Mentira na Revolução de Abril (A Contra-revolução Confessa-se)] houve troca de papelada. Mas não, não houve."
Os tempos tinham mudado. Nesta altura até parecem já muito distantes as anteriores idas às urnas, em que, como registava José Freire Antunes,
"Mário Soares voltou a ganhar as eleições [em 1976, como em 1975]. Sá Carneiro engoliu o triunfalismo. Passeou a melancolia na noite que julgava sua pelos corredores da Fundação Gulbenkian [então, o centro do escrutínio eleitoral]. Parecia condenado a ser o segundo, uma espécie de Raymond Poulidor sempre atrás de Jacques Anquetil na Volta à França [em Bicicleta] " (Sá Carneiro - Um Meteoro nos Anos Setenta)
Agora, perante o que designaria por "bloco conservador-monárquico", Mário Soares sofreu o seu primeiro desaire eleitoral. E, sublinha Rui Ramos, não só "a AD venceu as eleições intercalares em Dezembro de 1979, com maioria absoluta", como foi "a primeira vez na História de Portugal que uma oposição chegou ao poder por via eleitoral" (idem). "O PS, como sempre que sofria derrotas - e esta foi a primeira grande! - entrou num período de criticismo interno e de um certo desânimo" (Um Político Assume-se).
No ano seguinte, julgando que a moda estava agora nas alianças eleitorais, Soares lembra-se de concorrer às legislativas com a Frente Republicana e Socialista (FRS), em que o PS se junta à UEDS (de Lopes Cardoso, que voltaria depois ao PS) e à ASDI (dos ex-fundadores do PPD Magalhães Mota e Sousa Franco), mas a 5 de outubro de 1980 a AD ainda aumentaria a vantagem e Soares reconhecerá, mais tarde, que a FRS foi "um mau negócio". Nessa fase, joga-se ainda a tentativa de Sá Carneiro conseguir "uma maioria, um Governo, um Presidente", acabando por não assistir à derrota do general
Soares Carneiro a 7 de Dezembro de 1980, três dias após a sua trágica morte em Camarate.
A seguir, Soares negoceia com o novo líder do PSD e primeiro-ministro Pinto Balsemão, de quem admitirá ser, nesta matéria, um "aliado objectivo", a revisão constitucional, em que se procurava "acabar com a tutela militar [do Conselho da Revolução] e dar um conteúdo civilista à Constituição" (Um Político Assume-se). Líder da bancada parlamentar, em que houve várias declarações de voto, Zenha declarava que o consenso do PS e da AD nesta matéria "não respeitava o acordo" com Eanes. "Foi uma bomba" (ibidem) e a guerra entre as facções socialistas continuava no Congresso do PS de 1982, acabando na dupla candidatura socialista a Belém em 1986.
A vastidão e complexidade da economia mundial é de tal ordem que seria fastidioso e pretensioso, enumerar toda a rede de interesses comerciais que provocam conflitos de dimensão assinalável! Ou tão-somente, instabilidade generalizada de forma constante.
Todavia no mundo actual, há uma rede comercial internacional, que se sobrepõe às demais. Sobretudo quando se fala de uma área geográfica, Médio Oriente, que está literalmente assente sobre uma gigantesca mancha do chamado “ouro negro”! Trata-se do negócio do petróleo.
Quando as tropas da coligação anglo-americana iniciarem o ataque ao Iraque, será já claro que o petróleo, principal fonte de energia do ocidente estará na origem da guerra. Tal como antes, fundamentava a posição franco-alemã, nas Nações Unidas, contra a intervenção militar, mais uma vez o “ouro negro” semeava a discórdia entre Estados. Este ouro «ainda vai trazer muita guerra na região» afiança Richard Duncan, o presidente do “Institute for Energy and Man”, sediado em Seattle, nos Estados Unidos. Como pano de fundo está um estudo prospectivo deste mesmo Duncan que aponta para um período muito crítico em que se vai jogar a liderança mundial desta escassa mercadoria, e cuja contagem decrescente já começou.
Duncan parte de duas constatações que não são contestadas por ninguém: as reservas de petróleo devidamente comprovadas são detidas em 77,6% pelos países da OPEP e, neste grupo, uma fatia de 63,8% está nas terras dos cinco «magníficos» do Médio Oriente – Arábia Saudita, Emiratos, Irão, Iraque e Kuwait.
Acontece ainda, ser este crude, em todo o mundo, aquele que apresenta os mais baixos custos de produção. Está muito à superfície e em terra. Entrando na prespetiva de Duncan, os cenários futuros do mercado de petróleo apontam para uma sucessão de datas com implicações geoestratégicas que não podem ser ignoradas.
Datas a Reter:
2006 - Pico da produção mundial de petróleo
2008 – Inversão da relação entre OPEP e produtores de petróleo não - OPEP
2025 – Domínio dos 5 países do Golfo dentro da OPEP
2040 – Produção mundial de petróleo caiu em 60% em relação ao pico de 2006 e os países do Golfo produzem 92% da produção de petróleo!
Por este estudo, oficialmente credenciado, a produção mundial de petróleo atingirá um pico mundial histórico em 2006, altura a partir da qual deverá entrar num período de desaceleração de 2,5% ao ano, caindo em 60% até 2040. A liderança absoluta da OPEP – e, por arrastamento, do ouro negro – será progressivamente localizada no Médio Oriente.
Se os partidos não são capazes nem de basear os seus mecanismos de poder interno no cumprimento da lei, nem de torná-los verdadeiramente pluralistas, não há razão para acreditarmos que, uma vez no governo, serão capazes de o fazer no Estado.
Sabe-se também que, desde o início deste século, Portugal é um dos países da Europa Ocidental cujos cidadãos se sentem mais insatisfeitos com o funcionamento do seu regime democrático.
As avaliações, recolhidas em inquéritos, são muito mais negativas relativamente à justiça e ao Estado de Direito o que parece constituir, para os cidadãos, um dos pontos mais críticos do funcionamento da democracia em Portugal. Maiorias muito expressivas (mais de dois em cada três eleitores) consideram que diferentes classes de cidadãos recebem tratamento desigual em face da lei e da justiça, e a maioria sente-se desincentivada de recorrer aos tribunais para defender os seus direitos. Em contraste, a independência do poder judicial em relação ao poder politico não é tomada como certa por uma maioria dos eleitores.
O outro domínio que suscita uma muito má avaliação dos portugueses diz respeito à “responsividade” do sistema politica, ou seja, a de saber até que ponto a classe politica em geral e os governantes em particular atendem às expectativas, preferências e exigências dos cidadãos. Mais de dois em cada três eleitores partilham a perceção de não terem qualquer influência nas decisões políticas, de que os políticos se preocupam exclusivamente com interesses pessoais, de que a sua opinião não é tomada em conta nas opções dos governantes e de que não há sintonia entre aquilo que consideram ser prioritário para o país e aquilo a que os governos dão prioridade.
A maior parte dos inquiridos vê o governo como estando condicionado por fatores externos (situação económica internacional, poderes económicos e prioridades de outros governos) em relação aos quais a responsabilização politica democrática é impotente.
Quais destas diferentes dimensões de avaliação da qualidade do sistema democrático em Portugal estão mais relacionadas com a satisfação geral dos cidadãos com o sistema? A análise dos dados revela que as dimensões diretamente ligadas ao exercício das liberdades cívicas e políticas e ao processo eleitoral não ajudam a explicar o (baixo) grau de satisfação genérico dos portugueses com a democracia. Isto inclui não apenas as dimensões avaliadas mais positivamente pelos indivíduos (“liberdades” e “responsabilização politica”) mas também uma dimensão avaliada negativamente, a ligada à representação proporcionada pelo sistema eleitoral.
Pelo contrário, a dimensão mais relacionada com a (in) satisfação geral com o funcionamento da democracia parece ser a (baixa) “responsividade” (apercebida) da classe politica. Prevalece claramente a ideia de que os eleitos não atendem às expectativas e interesses dos eleitores, e é essa ideia que mais está relacionada com a perceção de uma baixa qualidade geral do regime. Os “Movimentos de Cidadãos Independentes”, em nada melhoraram o regime, antes pelo contrário!
Caros amigos, Portugal é um País fechado, ou seja, será enquanto for governado por uma elite saída do 25 de Abril de esquerda e de direita, com vícios e com um sistema controlado por eles próprios, não vamos a lado nenhum. Os investidores estrangeiros todos os dias dizem o mesmo, entrar em Portugal é difícil pois a burocracia e as leis estão sempre a mudar, (por alguma razão).
Veja-se o que se passou com o fenómeno das auto-estradas. O país ficou retalhado com vias rápidas por todos os cantos! Elas, não contribuíram nada para o desenvolvimento do interior, tão pouco para o desenvolvimento do país. Somos na Europa o país com mais auto-estradas por quilómetro quadrado! Como efeito deste triste investimento público, ficámos empenhados por várias dezenas de anos e, com este dinheiro, teríamos feito dezenas de estradas no interior, de forma a estancar as centenas e centenas de fogos devastadores. Razão pela qual dá vontade de rir, ouvir falar em “reforma da floresta”.
Portugal precisa sim de muito dinheiro, mas sabendo de onde ele vem e para onde vai. Ou seja, não podem lançar mais e mais impostos. Com tais impostos atrofiam a vida dos cidadãos (menos na miséria) e a própria economia de onde deveria vir a riqueza para investir em mais economia e aliviar a vida dos cidadãos. Também precisamos de um Estado Mínimo, mas só isso, de modo a aliviarmos os impostos que retiram competitividade à nossa economia tão enfraquecida!
De seguida, passemos uma vista de olhos pela nossa sociedade: “ Portugal é o campeão na EU da desigualdade! Tudo se agravou entre 2000 e 2004, como facilmente se compreende, pela entrada da Troika a pedido do governo socialista, salvou-nos da bancarrota, mas amarrou-nos à austeridade.
Passeando pela rua ou pelos cafés, ouvimos relatos como estes:
“Maria Cachada tem 84 anos e a reforma de 84 euros que recebe mal chega para “ir sobrevivendo” num espaço que foi para animais e que reparte com um filho de 56 anos, que vive com cinco euros/mês, tal como vivem 2% da nossa população portuguesa, denuncia o relatório social da Europa ontem divulgado em Bruxelas.
Não adianta fazer como nos fogos, esconder as muitas e antigas causas deste estado vergonhoso. Se formos pelo país fora, encontramos milhares e milhares destes casos. O pior, muito pior, é que Portugal tem uma economia sem qualidade ou vigor. Em Abril destruiu-se muito daquilo que tínhamos de bom. Agora estão a tirar a quem tem pouco, para dar aos que nada têm. Resultado: aumenta o número de infelizes!
A maior reforma a fazer terá de vir do Estado que temos, um Estado esbanjador e cheio de mordomias! Acabem-se logo com injustiças destas, e sejam socialistas para todo o povo português, sem pensarem em votos. Igualdade de horas de trabalho para todos. Depois, invistam na economia sem idealismos bacocos!
Não é empresário quem é licenciado, mas quem nasceu para tal. De outro modo o nosso Ronaldo nunca seria considerado o melhor jogador de futebol do mundo! Por último, cheguem a um consenso nacional com o objectivo de sanearem os partidos de alto a baixo. De outra forma não vamos lá. Cada vez haverá maior desigualdade, com geringonças ou sem elas!
Caros amigos, Portugal é um País fechado, ou seja, será enquanto for governado por uma elite saída do 25 de Abril de esquerda e de direita, com vícios e com um sistema controlado por eles próprios, não vamos a lado nenhum. Os investidores estrangeiros todos os dias dizem o mesmo, entrar em Portugal é difícil pois a burocracia e as leis estão sempre a mudar, (por alguma razão).
Veja-se o que se passou com o fenómeno das auto-estradas. O país ficou retalhado com vias rápidas por todos os cantos! Elas, não contribuíram nada para o desenvolvimento do interior, tão pouco para o desenvolvimento do país. Somos na Europa o país com mais auto-estradas por quilómetro quadrado! Como efeito deste triste investimento público, ficámos empenhados por várias dezenas de anos e, com este dinheiro, teríamos feito dezenas de estradas no interior, de forma a estancar as centenas e centenas de fogos devastadores. Razão pela qual dá vontade de rir, ouvir falar em “reforma da floresta”.
Portugal precisa sim de muito dinheiro, mas sabendo de onde ele vem e para onde vai. Ou seja, não podem lançar mais e mais impostos. Com tais impostos atrofiam a vida dos cidadãos (menos na miséria) e a própria economia de onde deveria vir a riqueza para investir em mais economia e aliviar a vida dos cidadãos. Também precisamos de um Estado Mínimo, mas só isso, de modo a aliviarmos os impostos que retiram competitividade à nossa economia tão enfraquecida!
De seguida, passemos uma vista de olhos pela nossa sociedade: “ Portugal é o campeão na EU da desigualdade! Tudo se agravou entre 2000 e 2004, como facilmente se compreende, pela entrada da Troika a pedido do governo socialista, salvou-nos da bancarrota, mas amarrou-nos à austeridade.
Passeando pela rua ou pelos cafés, ouvimos relatos como estes:
“Maria Cachada tem 84 anos e a reforma de 84 euros que recebe mal chega para “ir sobrevivendo” num espaço que foi para animais e que reparte com um filho de 56 anos, que vive com cinco euros/mês, tal como vivem 2% da nossa população portuguesa, denuncia o relatório social da Europa ontem divulgado em Bruxelas.
Não adianta fazer como nos fogos, esconder as muitas e antigas causas deste estado vergonhoso. Se formos pelo país fora, encontramos milhares e milhares destes casos. O pior, muito pior, é que Portugal tem uma economia sem qualidade ou vigor. Em Abril destruiu-se muito daquilo que tínhamos de bom. Agora estão a tirar a quem tem pouco, para dar aos que nada têm. Resultado: aumenta o número de infelizes!
A maior reforma a fazer terá de vir do Estado que temos, um Estado esbanjador e cheio de mordomias! Acabem-se logo com injustiças destas, e sejam socialistas para todo o povo português, sem pensarem em votos. Igualdade de horas de trabalho para todos. Depois, invistam na economia sem idealismos bacocos!
Não é empresário quem é licenciado, mas quem nasceu para tal. De outro modo o nosso Ronaldo nunca seria considerado o melhor jogador de futebol do mundo! Por último, cheguem a um consenso nacional com o objectivo de sanearem os partidos de alto a baixo. De outra forma não vamos lá. Cada vez haverá maior desigualdade, com geringonças ou sem elas!
Outra opção defendida por vários governos nos processos de privatização, que viria a ter consequências para a estrutura produtiva da economia portuguesa, foi a limitação à entrada de capital estrangeiro, com o argumento da defesa dos centros de decisão nacional. Com esse objectivo definiram-se tectos à percentagem de capital que podia ser detida por estrangeiros. Numa economia que, como vimos no capítulo 2, estava ‘sedenta de capital’ e em processo de acelerado endividamento externo, só por si a bondade desta opção suscita muitas dúvidas.
Esta ‘política’ da defesa dos centros de decisão nacional traduziu-se num tratamento preferencial dado aos empresários portugueses, em especial aos que foram prejudicados com as nacionalizações no pós-25 de Abril. Estes eram muitas vezes incentivados pelo poder político a participar na compra das suas antigas empresas e conseguiam amiúde condições muito favoráveis. Com efeito, as regras definidas para as privatizações favoreceram os ex-proprietários das empresas nacionalizadas. Por exemplo, ao mesmo tempo que foram impostos limites apertados à concentração do capital numa só entidade, favorecendo a pulverização de investidores, criavam-se, para alguns empresários, excepções a esses limites máximos. Além disso, esses empresários financiavam a aquisição das empresas privatizadas com endividamento ou com financiamento do Estado, tipicamente na forma de indemnizações como reparação pelo processo das nacionalizações. Dessa forma, foi possível que esses empresários, sem fazerem grandes investimentos, controlassem de facto as empresas adquiridas nos processos de privatização. Um dos casos mais mediáticos foi o da privatização da seguradora Mundial Confiança. De acordo com o que relatam Jorge Costa, Francisco Lousã e co-autores, no seu livro Os Donos de Portugal, António Champalimaud recebeu, a título compensatório e após alguns anos de negociações, 10 milhões de contos. Simultaneamente, a Cimpor, empresa pública na altura, renunciou a uma dívida de 7 milhões de contos. Depois desta ajuda de 17 milhões de contos, Champalimaud adquiriu o controlo da Mundial Confiança, comprando 51% do seu capital por 18 milhões de contos.
No entanto, a opção de afastar capital estrangeiro com o argumento de defender os centros de decisão nacional tolheu também a criação de uma cultura de livre concorrência na economia portuguesa e, por outro lado, afirmou o poder político como um elemento pivot nas grandes decisões económicas e empresariais.