Porque conhecer o sentir que vem da população deve servir principalmente como modelo de aferição face às tomadas de decisão justas e não populares.
Este é um caminho que se faz andando.
Precisamos de Homens de Estado que saibam olhar para a vasta multidão de portugueses e sem medo lhes afirmar:
Se ninguém precisa de ti, eu venho procurar-te.
Se não serves para nada, eu não te posso dispensar.
São estes milhões de portugueses que detêm a opinião geral do País ! São estes que parecem estar sozinhos, mas são de longe a maioria.
São estes milhões de cidadãos anónimos que pagam as portagens daqueles que não as querem pagar!
São estes milhões de portugueses que pagam as propinas universitárias daqueles que não as querem pagar. Mesmo sem terem filhos, ou tendo-os, cedo começaram a trabalhar!
São estes milhões que não têm a defesa das corporações, das organizações secretas, das teias, dos lobbies, dos partidos e dos aparelhos, mas que são o Portugal autêntico.
Não aqueles que em vez de estudarem andam todo o ano em manifestações de rua , gastando o nosso dinheiro.
Não aqueles que despuduradamente fazem buzinões. Não aqueles que passam toda a sua vida em sindicatos, ou os que nos aparecem nas televisões, sistematicamente a exigir para serem ouvidos, quando o povo já não os pode sequer ouvir.
Ouçam-se as vozes da gente simples que vêm das famílias, dos vizinhos, das igrejas, dos pequenos clubes, das colectividades, das associações, dos ranchos folclóricos, dos dadores de sangue etc. Mas cuidado com as vozes dos que dizem representá-los. Essas estão contamindas!
São estas as vozes que ninguém ouve e precisam ser ouvidas. Foram estas vozes que derrubaram o último governo socialista que tudo fez para calar os interesses corporativos, com medo de perder o poder!
Até os órgãos de comunicação social foram apanhados de surpresa. Mais os fautores de sondagens.
Explique-se à população que é mentira haver, entre outros, sistemas gratuitos como a educação e a saúde. Publiquem-se nos jornais, em linguagem simples, os números astronómicos que os portugueses pagam por eles. Não tiram do bolso o dinheiro para pagar mas pagam quando liquidam os impostos que podiam ser bem mais leves.
Para permitir melhor compreensão dos factos diga-se quanto custa cada aluno ou cada doente ao erário público.
Assuma-se criticar a gestão dos milhões e milhões do financiamento feito no ensino e saúde de natureza pública.
Permita-se que ao lado do público funcione o privado. Não se privilegie nem um nem outro. Inverta-se o modo de financiamento, entregando o dinheiro aos utentes (ou família) em vez de financiar as instituições. A “Sociedade Civil”, mesmo intoxicada pela informação que tem, acabará por perceber e escolher entre quem o serve melhor e mais barato.
Não ignoro as lutas que se iriam levantar, com esta nova forma de fazer política! Manifestações de rua, greves, boicotes etc. E indubitavelmente sempre o mesmo argumento: Isso é servir o capital.
Dirão isto, todos aqueles que gerem o dinheiro do povo de forma incompetente e irresponsável.
Dirão isto os mesmos que viram as experiências comunistas e socialistas ruírem de forma impressionante. Aqueles que podem ver engenheiros, arquitectos, médicos e todo o tipo de honrados cidadãos, descalços e famintos abandonarem as suas terras e os seus países e virem trabalhar noutros países longinquos para sustentarem a família que morre à míngua.
Dirão isto, todos aqueles que dizem representar o povo, mas somente represerntam mesquinhas ideologias muito afastadas do verdadeiro povo.
Aqueles que até hoje não conseguiram construir o Homem Novo, que tanto apregoam. Mas que insistem em fazê-lo. Mesmo em terra de gente católica, os jacobinos tomaram as rédeas do poder.
Por último atrevo-me a perguntar que peso tem a nossa Sociedade Civil hoje?
Não consigo descortinar nenhum, para além de meter o voto na urna. Gratuitamente!
Os cidadãos e a sociedade civil estão esmagados pelas estruturas que lhes impõem aqueles, em quem eles votaram! Chamam a isto democracia?
Sou acérrimo defensor da Democracia Representativa. Naturalmente repudio a dita Dmocracia Participativa, mais não seria que um sonho eternamente adiado.
Os cidadãos têm direito a votar, supostamente para elegerem os seus representantes. Será que é assim? Quem nomeia os candidatos submetidos a sufrágio?
Que adianta votar se tais candidatos estiverem ao serviço do mesmo “Sistema”, vindo embora de partidos diferentes.
Os próprios clubes e associações de raiz popular estão controlados internamente pelo “Sistema”. Tudo em muito segredo e benesses à mistura.
A sociedade civil e cada um dos cidadãos, encarcerados na “caverna”, só vêem sombras da realidade. Por cansaço, desânimo e algum comodismo parecem adormecidos.
Que o povo tenha os seus representantes e os eleja com convicção é indispensável, mas muito pouco.
É fundamental que os muitos eleitos ergam uma Sociedade Civil organizada para que os cidadãos no seu dia-a-dia possam dizer, através das opções que tomam, o que querem e o que não querem. Se não puderem escolher não são livres.
Se não forem livres, ninguém tem o direito de lhes pedir seja o que for.
O seu subconsciente, por instinto de defesa, atira-os para a apatia. Comodamente deixam andar, mas não acreditam em nada. Aparentemente estão adormecidos. Os apelos passam-lhes ao lado. A nação vai definhando.
Armando Vara acusou ontem o presidente da Rèpublica de “cobardia política”, por não ter assumido que foi o principal impulsionador pela amnistia de 1999, que inclui crimes de abuso sexual a menores. O militante do PS abandonou o Governo de Guterres, após pressão exercida por Sampaio.
Correio da Manhã 12-06-2003
Este trabalho que apresento fica-se a dever à honestidade dos órgãos de informação, mau grado as pressões e limitações a que, por força do estado de coisas que presenciamos, estarão submetidos no seu dia-a-dia.
Também sei que na política portuguesa existem pessoas sérias! Porque andam metidas em tamanho lodaçal já é mais difícil de perceber! Na sua grande maioria os homens honestos e competentes há muito sairam dos partidos.
Neles ficaram, e cada vez são mais, os oportunistas e incompetentes que se servem e servem um “Sistema” ao serviço de interesses inconfessáveis, mas que não são os do povo português! Se fossem o País não estava na situação em que se encontra.
Com os actuais partidos e as pessoas que os dominam será muito difícil que o povo respeite, do coração, os titulares de órgãos políticos, apesar de alguns o merecerem.
Como diz Jorge Sampaio sem um patriotismo alicerçado na história e na dignidade não evitaremos o trágico adiamento dos desafios de Portugal.
Finalmente deixo a pergunta:
Alguém, neste momento, respeita em Portugal a história e a dignidade de cada pessoa? Os atropelos a esse paradigma são constantes. Vêm essencialmente da podridão que se instalou dentro dos partidos políticos.
Como diriam os nossos irmãos brasileiros: Continuamos a querer tapar o sol com a peneira!
Com o trágico adiamento dos desafios que se colocam a Portugal, muito pacatamente, dentro de momentos, a quase totalidade da população portuguesa estará atolada no “ Limiar da Pobreza “ material e moral.
“ Portugal, à semelhança da Grécia, foi o país dos Quinze com a maior percentagem de população em risco de se situar abaixo do limiar da pobreza , em 1999. Segundo o Eurostat, mais de um quinto da população portuguesa (21%) apresentava dificuldades de subsistência – com um rendimento doméstico inferior a 60% do vencimento nacional médio. O gabinete de estatística comunitária avançou ainda que a média europeia era de 15 %, ou seja, existiam cerca de 56 milhões de europeus em risco de pobreza. A Suécia apresenta a proporção menos elevada (9 %) da União Europeia (UE) seguida da Dinamarca, Alemanha, Holanda e Finlândia (todos com 11 %). “
Expresso 12 Abril 2003
Depois de mais de um quarto de século de democracia é este o estado de um Portugal que deu novos mundos ao Mundo. Estamos no limiar da pobreza! A maioria da população está! Alguns curiosamente não estão! Porquê!
Entretanto o senhor Presidente da Républica lançou mais um apelo aos portugueses:
“Sampaio exige mais respeito aos políticos”
Jorge Sampaio exigiu ontem, em Angra do Heroismo, cidade anfitriã das comemorações do Dia de Portugal, um maior respeito pelos titulares de órgãos políticos. «Porque somos diária e avassaladoramente avaliados temos o direito de exigir com força que nos respeitem como titulares de órgãos que dão o seu melhor no dia-a-dia», frisou o Presidente numa antecipação daquilo que irá ser a matriz do seu discurso nas comemorações oficiais do 10 de Junho, que este ano decorrem nos Açores.
«Esta é a lição que temos de tirar nos tempos que correm», acrescentou o chefe de Estado ressalvando a necessidade de se construir um «patriotismo moderno alicerçado na história e na dignidade», sob pena de incorrermos num «trágico adiamento dos desafios» do País.
Jorge Sampaio DN 10 Junho 2003
A resposta veio logo de seguida pela voz de um alto membro do partido socialista: e mostra a ligeireza com que se fala do senhor Presidente da República ou de outras altas individualidades.
A evolução social do homem confunde-se com as tecnologias desenvolvidas e utilizadas em cada época. Diferentes épocas da história da humanidade são historicamente reconhecidas, pelo avanço tecnológico correspondente. As idades da pedra, do ferro e do ouro, por exemplo, correspondem ao momento histórico-social em que foram criadas “novas tecnologias” para o aproveitamento desses recursos da natureza de forma a garantir melhor qualidade de vida. O avanço científico da humanidade amplia o conhecimento sobre esses recursos e cria permanentemente “novas tecnologias”, cada vez mais sofisticadas. (Kenski, 2003, p. 20)
Até chegar ao computador o homem sempre, desde os primórdios, procurou meios de substituir a rotina dos seus trabalhos por um instrumento que pudesse fazer isso por ele. Das armadilhas para a captura dos animais até aos mais sofisticados computadores da actualidade o homem sempre se apoiou no automatismo. Os artistas plásticos, apaixonando-se pelas suas estátuas, procuravam dar-lhes movimento, e mesmo vida. A história da Antiguidade está recheada de aspirações, imaginações, fantasias, muitas vezes transformadas em mitologia.
Os “relógios de água” (os clepsidras), depois os relógios mecânicos, foram os primeiros dispositivos inventados pelo homem para dominar o “tempo” e o “movimento”, base fundamental para o automatismo das épocas remotas. Daí muitas concepções surgiram como, por exemplo, a da “realimentação” (feedback) e, mais tarde, a da programação dos movimentos. Ao passar dos séculos, os homens, por muitas formas, tentaram criar e imaginar até seres artificiais. Não só o passado recente, mas também a antiguidade, estão povoados de seres artificiais, mostra do historiador francês Breton (1998), inspiração para a criação dos seres artificiais que hoje, poderão ser, os computadores.
O reconhecido avanço da Revolução Industrial durante o século XIX, assim como a grande complexidade da organização social, apresentou um novo problema: o tratamento de grandes massas de informação.
Muitas vezes, passavam-se séculos sem que nada fosse inovado, ao contrario de hoje, em que se leva em média 18 meses para que se invente uma máquina mais rápida e evoluída que a anterior. Assim teremos que continuar, sem esquecer que toda a riqueza nos vem da terra e do mar. Sem esquecer também, as características de cada povo. O nosso tem uma propensão muito especial para a criatividade que, em nossa opinião deve ser orientada para as actividades levadas a cabo exactamente na terra e na água. A informática é apenas um meio, não um fim.