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O ENTARDECER

O ENTARDECER

Adaptação a um mundo diferente

 

Para o nosso jovem a vida tinha mudado radicalmente! Vieram, a vida em cafés, o cinema à noite e vizinhos que nunca davam as saudações. Veio o choque de assistir à passagem de funerais sem que as pessoas sequer tirassem o chapéu! Na quinta e suas vizinhanças, as pessoas eram muito reverentes e respeitadoras à passagem de um funeral.

Os princípios morais como a honestidade, a bondade, o respeito, a virtude, etc., determinam o sentido moral de cada indivíduo. São valores universais que regem a conduta humana e todas as relações saudáveis e harmoniosas.

Ética e moral são temas relacionados, embora diferentes, porque a moral se fundamenta na obediência a normas, costumes ou mandamentos culturais, hierárquicos ou religiosos e a ética, busca fundamentar o modo de viver pelo pensamento humano.

A tradição é a transmissão de costumes, comportamentos, memórias, rumores, crenças, lendas, para as pessoas de uma comunidade. Sendo que os elementos transmitidos passam a fazer parte da sua cultura. Para que algo se estabeleça como tradição, é necessário bastante tempo, para que o hábito seja criado. Uma mudança do campo (quinta) para a capital desnorteia por completo e há coisas da infância que nunca morrem e até se avivam.

A ética, a moral e as tradições são valores a conservar como garantia para quem reconhece que a mudança é inevitável numa sociedade composta de seres vivos. As mudanças devem, ainda, ter em conta as maneiras, os costumes e as leis de um povo. Mas, acima de tudo as reformas devem respeitar as tradições envolvidas nas reformas pretendidas. As tradições devem ser também a base de toda a ação política que deve respeitar o princípio sagrado da conservação e da melhoria. A verdadeira cartilha do reformador terá de passar sempre por este princípio que assegura a evolução estável de uma sociedade Ao invés da fidelidade a normas constitucionais, as mais das vezes, tão longe da realidade dos tempos difíceis. 

A sociedade de consumo

 

A partir dos anos cinquenta, por todo o mundo se começou a sentir um excesso de consumo que arrasta um excesso de produção e, logicamente, uma maior oferta de emprego. Isto fez com que, principalmente nas grandes cidades fosse fácil arranjar uma colocação. Por outro lado o interior, de cada país começou por ficar mais despovoado com a fuga dos trabalhadores para as grandes cidades e arredores. Assim aconteceu com o nosso jovem que se foi habituando a gostar da capital. Arranjou amigos ouviu falar de política e fez como dizia Mister Churchill: “Quem aos 18 anos não é de esquerda, não tem coração e quem aos 30 não é de direita, não tem cabeça.”

Também o nosso jovem alinhou na esquerda, principalmente nas tentativas de derrubar um sistema político ao qual chamavam ditadura! Porém, as coisas não são assim tão fáceis, como adiante veremos.

O derrube fez-se e o tal sistema caiu. Contudo de lá para cá foi sempre a pior. O nosso jovem foi-se integrando na vida citadina. Perderam-se as colónias e as muitas riquezas que de lá vinham, ganharam-se centenas e centenas de retornados, logo, começou a sentir-se o desemprego. As qualidades da “democracia” não se fizeram sentir, num povo e numa sociedade mal preparada para a mudança. Fomos muito influenciados, e ainda somos, por idealismos utópicos, em queda no mundo inteiro!

Um país desinformado

 

 Não existe informação na nossa comunicação social,  e muito menos existem estudos profundos e credíveis! Passa-se a vida a discutir palavras adulteradas no seu exacto sentido, por descontextualização. Os nossos telejornais abrem, correm e fecham com polémicas estéreis repetidas dezenas de vezes, fazendo por esquecer os factos reais e as  causas profundas. Ideologias mais que ultrapassadas no mundo de hoje, têm os seus representantes, em contínuo, nas nossas casas, descaradamente sentados à nossa mesa, do pequeno-almoço ao jantar!  

Afirmou-se há meses que algumas famílias não poderão comer bife todos os dias, como faziam antes, e que outras terão de poupar mais.

Disse-se também que se os sem-abrigo aguentam, pessoas que vivem com muito menos dificuldades também podem aguentar

- O Presidente da República declarou que as suas reformas, depois dos “cortes”, não lhe deveriam chegar para pagar as despesas, tendo de recorrer às suas poupanças e às da mulher.

Que passamos a vida a discutir palavras, é uma realidade indesmentível. Outra realidade é que todas estas coisas foram ditas, por quem as disse, com mágoa e triste constatação e os órgãos de informação puseram-nas a correr com o seu real sentido desvirtuado.

Não teria sido muito mais profissional que os senhores jornalistas tivessem aprofundado cada um dos casos que põem a correr, de modo a explicar à população coisas como:

As causas da nossa triste situação, ou como pode alguém que representa o governo mais responsável neste caos, vir falar de “retoques”? Porque aumentam os desempregados? Quais as reformas que temos de fazer e porquê? Como se pode crescer sem dinheiro nem credibilidade externa, agravada pela instabilidade de rua e greves contínuas? Por que motivo toda a gente pode acumular empregos, menos a maioria dos reformados? Que governos compraram tais  automóveis? Causas do desemprego? Descontos feitos param as reformas no sector público e privado? Etc.  

Tenham pena e respeito por este povo, e ajudem quem quer acabar com toda esta triste realidade para onde o país foi atirado com um estranho silêncio da maioria da nossa comunicação social!

A vida na capital

 

Com amigos recentes falavam de tudo, a maioria das vezes, de coisas sem nenhum interesse. Essa sensação foi-o empurrando para uma decisão que ia adiando. Dormia até mais tarde e fazia aquilo que normalmente não tinha feito até então, ou seja, via novelas na televisão. As notícias começaram, invariavelmente, a focar o problema do Iraque e das armas de destruição maciça. Os noticiários davam grande destaque às actividades da ONU. Tanto em zonas de conflitos mundiais, como noutras zonas de grandes carências sociais. Na quinta e arredores, as hipóteses de emprego eram diminutas. A capital tinha-lhe parecido a melhor solução. O mundo era outro, mas não sabia se melhor ou pior.

Porém, com o aparecimento das guerras coloniais e o serviço militar obrigatório na perspectiva, nada mais que empregos precários apareciam! Isto para os jovens, para mulheres era diferente. A viver em casa de tios amigos, os custos eram diminutos, e iam aparecendo empregos a termo. Mais tarde ficou a trabalhar com o próprio tio numa pequena fabriqueta.

Aí, pensou em continuar os estudos à noite e com explicadores. Deste modo tirou os ciclos liceais e pensou no curso de “Agentes Técnicos”.Só sonhos, por que não havia ensinam nocturno! Demais, os institutos comerciais e industriais estavam cheios de alunos vindos do segundo ciclo liceal e os outros (industria e comercio) para entrarem eram obrigados a fazer exames de admissão a todas as cadeiras do segundo ciclo liceal, não ensinadas no ensino técnico. Consistia isto numa protecção às classes mais favorecidas. Sempre a injustiça, no mundo de ontem e de hoje! Assim há-de continuar… o mundo nunca será perfeito aprisionado que está ao Bem e ao Mal.

O nosso jovem encontrou uma jovem com quem começou a conviver diariamente e ia fazer a admissão ao instituto comercial. Entusiasmado lá entrou neste curso médio com ela no ensino nocturno que felizmente existia. Feito o primeiro ano vem a tropa em tempos de guerra. Com sorte acabou por não ser mobilizado para as guerras coloniais, mas, suportou quatro anos de serviço militar obrigatório. Correu o país, e deixou de poder frequentar o ensino em que estava focado.

Empregos só temporários. E esta foi a situação de uma juventude que iria, ainda, ser mais explorada até hoje!

Entretanto os apregoados democratas, conseguiram mudar radicalmente a nossa orientação política e acabar com os tais “fascistas”! Sobre isto se falará mais tarde ….. Por agora só se dirá que o Monstro, está instalado entre nós, vai para quarenta ou mais anos. Nasceu, cresceu e engordou e foi-se deitando em cima dos portugueses, não os deixando quase respirar. Veio para ficar? Impostos e mais impostos!

O Orgulho numa História

 

Decerto que não existiram no país idealizado muitas quintas que se possam orgulhar de ter uma história tão completa, tão interessante, e sobretudo ininterrupta, ao longo da vida do seu país.

A Quinta, situada no centro do país, talvez vinda da pré-história, atravessou a Monarquia, sobreviveu ao Liberalismo, passou pela República, ultrapassou uma Revolução em 1974 e, embora combalida com o aumento dos custos laborais, continuou de pé.  

Se analisarmos a Quinta no tempo que decorreu, podemos rebuscar as suas origens e dos seus primeiros habitantes e traçar as etapas por que passou esta Quinta ao longo de muitos séculos, ao longo dos vários reinados, e até durante várias gerações de algumas famílias que a possuíram, sempre que tal foi possível.

No espaço, procurando estabelecer uma ligação entre os homens que habitaram esta quinta e as suas marcas deixadas no terreno; quer construções, quer culturas agrícolas, algumas das quais, como é o caso da vinha, dos cereais e da oliveira, que ainda chegaram aos nossos dias.

Por força de uma Revolução Liberal ocorrida, foi decretada a extinção das ordens religiosas e a nacionalização das suas casas e bens.  Inicia-se a venda em "hasta pública" dos bens nacionais. A Quinta foi arrematada na Junta da Crédito Público por um cidadão endinheirado.

Os donos vendem a Quinta em 1831- a um oficial que veio da Alemanha, para servir como alferes no Regimento de Lanceiros da Rainha.

Em 1929 um seu familiar continua a exploração da propriedade.

Na entrada do século XX - A Quinta, uma das mais importantes do país, continuava na posse dos descendentes do oficial alemão. Ainda dobrou a primeira metade deste século!

 

A instrução primária

 

A nossa criança não esquecerá nunca o primeiro ano que frequentou a escola primária! A escola era propriedade dos donos da quinta e a professora, devidamente certificada, era paga pela quinta. No final de cada ano, mesmo no primeiro ano da primária, os alunos tinham de deslocar-se a uma distante de 5 quilómetros, onde havia uma escola oficial. Nela num dia só, tinham de fazer uma prova perante um júri!

Naquele ano, como nos outros, a quinta oferecia aos alunos e professora transporte numa galera puxada por dois cavalos. Porém desta vez os alunos e a professora regressaram todos com lágrimas nos olhos e muita tristeza no coração! A criança de que falamos também, embora fosse o melhor da turma.

Por muito que tentassem compreender não conseguiam. Nos dias seguintes os mais velhos murmuravam ter sido o “chumbo” motivado por vinganças políticas! Teria sido verdade, pois o ambiente no país era de vingança com os proprietários, por serem proprietários e terem a sua própria visão. Os outros só desejavam que o Estado tudo controlasse! Disto a nossa criança não se esquece.

Assistia-se a um clima absolutamente insustentável nas escolas: uma tremenda instabilidade emocional com reflexos óbvios e incontornáveis na dimensão pedagógica do ensino; uma incompreensão e desilusão que se aliam a um esgotamento e cansaço colectivo entre os professores que prejudica a sua disponibilidade para a tarefa central que lhes deveria ser exigida.

Uma rua estreita

 

Por vezes, até uma rua estreita pode ser o futuro que se almeja! As ruas largas têm muitos caminhos onde nos perdemos, a rua estreita, essa mesma, não nos deixa espaço para nos desvarios e encurrala-nos até ao patamar que queremos alcançar com justiça. O homem não teria alcançado o possível, se inúmeras vezes não tivessem tentado atingir aquilo que lhe parecia impossível!

O ÍDOLO DA TERRA

 

Se quisermos associar o nome de uma pessoa ao da povoação de Linda-a-Pastora, a escolha só pode recair, obrigatoriamente, em Cesário Verde.

Este poeta constitui uma figura de grande referência para as gentes desta bonita povoação, mesmo tendo nascido em Lisboa. Tinha Cesário Verde apenas dois anos, quando a sua família optou pelo refúgio numa quinta desta terra, na sequência de uma perigosa epidemia que grassava em Lisboa.

Por aqui ficou o pequeno Cesário Verde na companhia de uma sua irmã, um ano mais nova. E de outros dois irmãos entretanto nascidos. Para frequentar a escola, este poeta deslocava-se diariamente a pé dali até à Cruz Quebrada onde tomava o “americano” até Lisboa. Os anos passados nesta terra deixaram em Cesário Verde marcas profundas e indeléveis, de tal forma, que manteve durante toda a sua vida uma íntima e marcada lembrança dos tempos em que viveu na companhia constante da natureza e do campo. Enquanto acompanhava a exploração agrícola que o seu pai fazia na quinta, foi desenvolvendo um espírito observador e atento a todos os pormenores do meio ambiente que o rodeava. Passados poucos anos, era ele próprio que orientava os negócios da quinta.

Cesário Verde foi e é, indiscutivelmente, a figura daquela povoação. Edificada nos socalcos da encosta de um monte elevado e pedregoso. Noutros recantos bucólicos deste lugar, descobrem-se muitos canteiros de flores e, aqui e ali, há muitos outros locais que convidam ao descanso e reflexão.   

 

Influenciamos e somos influenciados

 

Julgar os humanos é atitude que nunca deveremos ter, isso, só Deus o poderá fazer! Mas também nunca deixaremos de, através dos nossos «pensamentos projectados», influenciar os nossos possíveis irmãos receptores, a defenderem a verdade e a justiça, desempenhando todas as lutas contra organizações que, em concreto, façam mal às pessoas directa ou indirectamente. Teremos de nos lembrar, de que quando projectamos energia para alguém, estamos a criar com isso, um vazio em nós mesmos, vazio esse que, se estivermos ligados ao universo, será imediatamente preenchido. Uma vez que comecemos a dar energia constantemente aos outros, receberemos sempre mais energia do que aquela que alguma vez poderíamos dar. Veja-se como os passarinhos se alimentam do chão, o dia todo. Os humanos, mesmo de óculos, não conseguiriam enxergar tanta comida perdida pelo chão.

Negócios e Governantes

 

DN - 02.08.08

O Governo é uma "direcção comercial de luxo", disse o ministro Manuel Pinho. O Governo vai tratando dos negócios, com Chávez ou com Khadafi, mas também com a Intel e a Embraer. O Governo tem ideias, projectos e "estratégias" empresariais. Vamos ter o carro eléctrico, o TGV e o portátil português. O Governo tem caprichos, a que chama "visão estratégica". Não há qualquer noção de risco ou rentabilidade. O povo paga.

O Governo acredita que gere o País como se fosse uma empresa. Mas um país não é bem uma empresa. Um país é composto por milhões de indivíduos e milhares de empresas com interesses e objectivos conflituantes. Uma empresa tem um número limitado de objectivos coerentes entre si. Pode ser dirigida num dado sentido de forma consistente. Os cidadãos e as empresas de um país têm uma infinidade de objectivos. Um governo que define objectivos para toda a economia, que escolhe projectos e que favorece empresas está a tomar partido pelos objectivos de alguns portugueses, penalizando os restantes. A função do Governo não é essa. A função do Governo é defender o interesse geral, respeitando regras gerais e abstractas que permitam a todos os agentes prosseguir os seus objectivos económicos em pé de igualdade.

Este Governo comporta-se de facto como uma direcção comercial. Vai tratando de casos, de pequenos interesses, de forma arbitrária. O Governo não se submete nem aceita leis gerais e abstractas. Tem produzido uma infinidade de leis especiais, isenções fiscais e facilidades burocráticas destinadas a beneficiar projectos concretos e empresas específicas. Mas se o Governo toma partido no eterno confronto entre as várias facções da sociedade, quem é que desempenha as funções de árbitro? Se o Governo cria privilégios e leis especiais, quem deve combater os privilégios e promover a justiça e a igualdade perante a lei? Se o Governo quer ser empresário, a quem cabe o papel de regulador imparcial da economia? Quem é que cuida do interesse geral? Quem é que desempenha as funções próprias de um governo?

Investigador em biotecnologia
jmirandadn@gmail.com

 

ESTENDER A PASSADEIRA

 

Confesso que é uma expressão que causa, certamente, calafrios a qualquer pessoa de bem. Num mundo em que vivemos, no qual a condição humana é tão perene, serão muito poucos aqueles que poderão merecer que se lhes estenda a passadeira. E esses, se fosse o caso, seriam exactamente eles próprios, os primeiros a recusar tal honraria!

 

Uma passadeira estendida só para o criador deste universo fabuloso em que vivemos.

 

Claro, que não penso ser merecida tal honraria, para aquele Presidente de Junta que mandou pintar uma passadeira, mesmo à sua porta! Ou que sejam necessárias tantas passadeiras de peões, como já se viram pintadas nas ruas de um pequeno bairro da minha terra!

 

Todavia, se pensarmos num acto heróico de alguém que pôs em risco a sua própria vida para salvar quem nem conhecia, neste alto serviço público já o caso muda muito de figura, deveremos obrigatoriamente estender a passadeira, de preferência vermelha.

 

Na freguesia de Queijas, por exemplo, temos uma instituição sediada em Linda – a – Pastora com largo prestigio internacional, e que muito nos honra. Oficialmente designa-se por Congregação das Irmãs Hospitaleiras da Imaculada Conceição, quem as conhece integra-as na Obra Social Madre Maria Clara. Existem desde 1871 e fixaram-se em Linda - a - Pastora por volta de 1990. Prestaram e prestam um apoio quase invisível mas, sem o qual, muita gente passaria por grandes dificuldades.

Madre Maria Clara do Menino Jesus (1843-1899) sempre impelida pela mesma ânsia de a todos socorrer, enviou as suas Irmãs a Angola, em 1883, à Índia em 1886, à Guiné e a Cabo Verde, em 1893 e nunca mais parou. Nos sete bairros de barracas na ex- Freguesia de Queijas, animaram, acarinharam e deram todo o seu apoio àquela gente toda que vivia em barracas e dormia no chão!  

        

Sob o lema " Onde houver o bem a fazer, que se faça ", a obra da Congregação é muito vasta e a partir da antiga Quinta de Cesário Verde, em Linda - a – Pastora, são hoje geridas obras espalhadas pelo mundo fora: Pontevedra, Roma, Bombay, Margão-Goa, Philippines, Salvador da Baía etc.

A fundadora desta “ Obra “ tem, merecidamente, uma estátua em Queijas e a sua instituição é igualmente merecedora que se lhe estenda a passadeira vermelha.

 

Parece-me, por isso, de elementar justiça que na frente da sua entrada principal seja recolocada uma passadeira de peões ( já lá esteve) de modo a tornar mais fácil a vida destas Irmãs que diariamente se deslocam às paragens dos transportes públicos, muitas vezes para irem ajudar quem necessita.

 

Ao contrário dos nossos políticos, não têm bons carros de serviço, nem reformas douradas. Andam a pé e vivem modestamente como toda a gente.

 

Aos autarcas, exige-se uma política de proximidade, sempre atenta, a quem presta grandes serviços públicos, as mais das vezes a troco de pouco ou nada. Muitas vezes até, a troco de difamações repelentes e nojentas!

 

António Reis Luz

Inconformismo

 

Inconformismo é hoje a palavra eleita. Porque ser inconformista é acima de tudo ser um homem de bem. É nunca estar conformado com o mal dos outros. É querer para o próximo uma sociedade melhor, sem privilégios de grupos. É um homem que assina por baixo, tudo o que escreve e diz.

Ao contrário, há os outros. Aqueles que só querem privilégios para si e para os amigos. Aqueles que se escondem para planear aquilo que diz respeito a todos os portugueses. Aqueles que nunca assinam, mas enviam, de forma mesquinha, mensagens anónimas. 

 

Vamos então falar do povo, cujo sofrimento causa inconformismo às pessoas de bem. Para tal, falaremos dos interesses da população de Queijas, especialmente, daquela que veio para esta terra expulsa da cidade grande. Que encontrou lotes minúsculos, para casas minúsculas. Ruas onde mal cabiam dois carros, porque era suposto nunca virem a ter carro próprio. São todos aqueles homens de bem que , depois de uma dura vida de trabalho, hoje, estão sentados no banco dos jardins, sem flores, de Queijas. São estes que nos causam inconformismo, porque os outros que vieram depois, são conterrâneos, mas não precisam tanto de nós !

 

São, também aqueles que andam nos transportes públicos. Transportes esses que mal cabem nas nossas ruas. Aqueles que para se deslocarem a Lisboa, suportam uma caminhada do terceiro mundo ! Pagam caro a pouca comodidade e pontualidade, das muitas camionetas que trazem e levam centenas de habitantes desta vila por dia. Caminonetas que, há longos anos não têm onde parar, para " fazer horário". Onde os motoristas ao estacionarem as camionetas, não têm onde fazer as necessidades mais básicas ! Têm de as fazer contra os muros das vivendas. Falam alto e desabridamente com os colegas, não deixando os moradores descansarem. São, também,  vitimas do mesmo desleixo e falta de respeito, como os nossos moradores. Há um sanitário, que ninguém utiliza, junto ao mercado. Os técnicos da CMO quando decidem, não escutam a vontade e o saber da população!

 

As muitas carreiras com início e termino em Queijas, estacionam no início da R. Mouzinho da Silveira. Mesmo a seguir à curva! Rua com dois sentidos ! O espaço da rua, na largura, também, mal dá para outro carro passar! Esta é uma rua de acesso aos bairros das Ilhas e  Cheuni.

A ninguém ocorreu que se aquele trajecto de hoje, se fizesse ao contrário, poderia ter sido encontrada uma solução barata. Quando se diz ao contrário, diz-se seguindo até à R. Angra do Heroismo/ R. dos Açores e descendo a Mouzinho da Silveira que, no seu final, teria uma faixa larga, à direita, para estacionar. Teria, se não a tivessem ocupado para estacionamento de carros. Queijas precisa de parques de estacionamento subterrâneos. Para já.

Nesse local, ainda há um pequeno lote de terreno cheio de ervas altas, ( o habitual) que poderia ser aproveitado em pequenas instalações do serviço terminal. Não precisaríamos de mais. Não ambicionamos um caro  "Terminal". Precisamos que saibam que existimos!

Mas choca e causa um certo inconformismo, ler as notícias do jornal de hoje e comparar :

 

" A Carris vai investir cerca de cem mil euros numa campanha multi-sensorial, que se traduz por autocarros com cheiro a manjerico, limão e brisa do mar, música ambiente e uma textura resistente em todos os assentos ! O objectivo é ganhar clientes e tornar as viagens mais agradáveis aos utentes."

 

Na semana da mobilidade humana, quando leio isto, e penso nas pessoas da freguesia com dificuldades motoras, fico cheio de inconformismo, para não dizer revolta. Se isto é saudável ou doentio, pouco me importa, basta-me sentir que é injusto !

 

António Reis Luz

 

O Senhor Martinho

 

luzdequeijas

 

O senhor Martinho como podia ser Maurício ou Malaquias. Falo de um senhor bom, que serve a sociedade desinteressadamente. A todos estes senhores o meu profundo respeito. Que Deus os abençoe. São homens assim que dão sentido à vida! E a vida, só pode ser compreendida olhando-se para trás, mas só pode ser vivida, olhando-se adiante.

 

Olhando-se a partir de hoje, sente-se o Outono a chegar. Com ele, as vinhas pedem-nos a vindima, cheira a chuva e ao perigo da dizimação do belo néctar das uvas! São as vinhas do Senhor narradas no evangelho. É o agricultor que, aflito, desce ao terreiro para contratar homens para a colheita. Estavam lá dez que logo foram contratados. O soldo oferecido foi alto. Com o sol a nascer começaram a faina. O agricultor em cada duas horas voltava ao terreiro, para levar mais trabalhadores. Lá foram 4 ou 5 de cada vez, até ao fim do dia. Sol-posto chegado, o capataz começou a fazer o pagamento. Os primeiros 10 receberam o dinheiro combinado para sol a sol. Os outros receberam igual. Aqueles que tinham feito todo o tempo de trabalho sentiram-se prejudicados. Daqui nasceu o abismo entre o julgamento divino e o julgamento humano! Para Deus aquele dia de trabalho, mais não era que um micro segundo da existência eterna! Para os trabalhadores era um dia sofrido de trabalho!

É a eterna história de nós julgarmos que a chuva que Deus nos dá é de graça! Esquecendo-nos que o Senhor ao dar a água não dá os canos. Cada vez mais caros.

Vamos, então, julgar o estimável desempenho do senhor Martinho, com outros casos que fazem parte da história recente da nossa freguesia.

 

Abordemos a rápida proliferação de barracas em Queijas, nomeadamente a partir dos anos sessenta, do século XX:

Como causas maiores estavam na sua origem, a vinda de muitas pessoas da província para a Grande Lisboa à procura de emprego, que a industrialização e construção civil ofereciam, embora, com salários pouco compensadores.

Em consequência do mesmo facto, as rendas a pagar por apartamento em Lisboa, tinham subido a preços incomportáveis para a maioria das pessoas recém- empregadas e ainda por cima, desenraizadas.

A solução foi, sem alternativa, a procura de casa na chamada periferia da capital para muitos, e também para muitos outros, o recurso aos bairros de barracas em terrenos do alheio, mas por vezes de aluguer.

Foi isto que aconteceu em Queijas, como de resto em muitos outros lugares dos arredores da cidade de Lisboa. Todo o panorama se viria a agravar, muitíssimo, com o decorrer dos anos, nomeadamente depois da descolonização, posterior ao 25 de Abril de 1974. Não foram só os portugueses a regressar a Portugal, vindos de todas as ex-colónias, como milhares de pessoas que eram naturais daquelas colónias, que hoje são países independentes. Dos bairros de barracas de Queijas, Linda - a - Pastora e Senhora da Rocha, poderei dizer alguma coisa, porque os visitei várias vezes e, até lá convivi com os seus habitantes. Atendi diariamente os seus lamentos! Até lhes entregar umas chaves que nunca tinham tido! Da casa prometida e merecida.

Assim, tanto os Taludes de Queijas como o Beco dos Pombais, Eira - Velha e Atrás dos Verdes, em Linda - a - Pastora, mais a Senhora da Rocha, poderemos dizer, que descrever a realidade vivida nos bairros de barracas, não é tarefa fácil, dada a grande complexidade e promiscuidade que eles envolviam.

Uma existência sem um mínimo de dignidade, sem água, sem luz, sem condições mínimas de higiene, promiscuidade em família e com os vizinhos, etc.

Estas manchas de vergonha humana, estão hoje  desaparecidas, e dizia eu então: darão lugar, bem espero a jardins, a espaços de lazer, quem sabe, de inspiração, nesta terra de poetas.

Apagar da paisagem uma casa degradada, é acender uma vela de esperança, no seio de uma família, na mão de uma criança, substituir um bairro degradado por um jardim é um poema de fé.

Quando assim acontece, quando seis bairros degradados desaparecem, como que por encanto, do habitat duma freguesia, não temos senão que nos regozijar.

Que melhor maneira teria esta Freguesia de celebrar o Jubileu de 2000, do que a de extinguir o vitupério e vitoriar a solidariedade. Em nome da dignidade humana, Queijas pode hoje aspirar a ser Vila; sê-lo-á então, como noiva imaculada e radiosa. E Queijas também foi vila em 2001!

 

António Reis Luz

FILHOS OU ENTEADOS?

 

A cada dia que passa o mundo mostra-se mais exigente, como consequência as pessoas também exigem mais de si e dos outros.

"O regime livre, modalidade que permite aos funcionários dirigirem-se a qualquer médico e depois receberem uma comparticipação, levou quase 12 por cento das verbas."

 

O SNS deverá pôr-se a funcionar de tal modo que isto, seja uma realidade. Ninguém quer acabar com o SNS ou a ADSE, mas muita gente quer, com todo o direito,  que funcione de modo a permitir esta liberdade de escolha. SÓ ISSO, IGUAL PARA TODOS!

Mesmo nos descontos dos empregados e de todas as entidades empregadoras.

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