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O ENTARDECER

O ENTARDECER

QUEM SÃO OS HERÓIS?

 

Tanto que a vida nos ensina! No final da última partida um treinador era um homem feliz! Naquele momento, lembrou-se dos momentos difíceis porque passou noutra equipa, por si treinada. Por não ter conseguido subir de divisão, não houve festejos nem honrarias. Lembrou-se também doutro clube, por ter sido despedido! Apesar disso a consciência de que os outros clubes com os quais se bateu eram, em termos individuais, superiores ao seu último clube, levou-o a rejeitar o papel de herói.

Em boa verdade “não há heróis nem milagreiros”, as honras cabem sempre ao grupo de trabalho no seu todo. É certo que os jogadores foram fantásticos, os nossos apoiantes decisivos, gente de grupos anteriores, e até os familiares podem e devem caber no cabaz das honrarias. Ser grande e ser sério é isto, não omitindo ninguém. Do mais modesto a alguém que tenha sido muito decisivo.

“Jesus, és o mais formoso
Teus lábios transbordam graças
O Pai te abençoou
Primeiro em tudo te colocou
Poder e autoridade estão nas tuas mãos

Por isso toma a espada
Oh! Meu herói
Cavalgas em majestade
Lutando pela verdade
Tomando a tua glória
Mostrando a tua vitória

Reis e povos cairão
E conhecerão que só Tu és Senhor”

 

A MENTIRA

 

A mentira nada mais é que omissão ou dissimulação deliberada do que é reconhecido como verdade. A palavra mentira é sinónimo de engano, impostura, fraude, falsidade, ilusão, ficção, trapaça, ludibriar, dissimular, entre outras com conotação de inverdade. Ser apontado como mentiroso não é uma sensação desejável por ninguém que tenha consciência da importância de zelar pela reputação moral e social, mas ser mentiroso de algum modo todo ser humano já foi ou está sendo em algum lugar diante de alguma situação.  
Podemos considerar normal o acto de mentir, mas as consequências podem ser gravíssimas quando uma mentira é contada como verdade ou fato que precisa ser aceito como verídico. Muito se vê nos tribunais do júri, as mentiras que são aceitas como verdades e que libertam ou aprisionam, de um lado a mentira causa a duvida que conduz a libertar um criminoso, de outro modo causa a duvida que pode condenar um inocente. A dúvida que a mentira causa no tribunal do júri sempre acarreta resultados negativos. Na vida quotidiana não é diferente, a mentira que se diz por "brincadeira" ou para "evitar sofrimento", ou ainda "por uma boa causa", é sempre uma mentira que trará consequências indesejáveis. O que parece é que o ser humano vive e convive com a mentira contada pela boca dos outros ou proferida pelos seus próprios lábios.
A mentira está com o ser humano em todas as condições que se pode imaginar; o ser humano sem a mentira é uma suposição possível, mas será que é possível o ser humano viver de facto sem mentir? De certo modo não! O que não significa que o ser humano não precise valorizar a verdade, mesmo que indesejável em certas ocasiões.

AS BARRACAS E O REALOJAMENTO

 

Toda esta região que foi conhecida como área pastoril e mais tarde como área agrícola, cheia de pomares e quintas, aparece de repente transformada num grande dormitório da capital.

Como já se disse, em situações onde a oferta de habitação não se adequa à procura a preços ajustados, assiste-se também à implantação de núcleos de construção clandestina, ou bairros de barracas.

Assim e infelizmente, à volta de todo este crescimento habitacional, enxameiam, em todo o concelho, especialmente na área desta freguesia de Queijas, os chamados bairros degradados da Senhora da Rocha e Gandarela, detrás dos Verdes, Pombais, RIGUEIRA de Queijas, Forte de Caxias, alto dos AGUDINHOS, Suave Milagre, Eira Velha, Rádio da Marinha, etc.

 

Trata-se pois, de muita gente que veio da província à procura de trabalho na capital e seus arredores. Muitos do Alentejo.

São milhares de modestos trabalhadores, que na maioria pagam rendas mensais pelos terrenos que ocupam com as suas barracas.

São milhares e milhares de braços ocupados na produção industrial, que habitam numa terra que ainda há pouco vivia do amanho agrícola, que hoje ninguém quer fazer, ou fazem para subsistência própria em terrenos baldios.

Trabalham nas imensas obras, mas também nas muitas industrias que na freguesia ou nos seus limites se foram fixando. etc.

Existem ainda muitas centenas de unidades de produção de média ou pequena dimensão que dão emprego a muita gente que veio à procura de emprego até esta freguesia, mesmo com salários muito baixos e se fixaram em habitação degradada neste local.

No mandato daquele que foi criança, jovem, adulto e CHEFE DE FAMÍLIA, também morador e presidente da junta. Num trabalho conjunto com a câmara, no final do mandato todos os moradores das barracas foram alojados em casas condignas.

 

 

O RESTO

 

DO MEDIEVO À MODERNIDADE

Vai ser inaugurado (19-02-2009) junto ao Centro Cívico de Carnaxide o museu “Do Medievo à Modernidade” com características especiais, numa iniciativa da pintora Dinara Dindarova.

Esta ideia encontrou um parceiro, a Associação Cultural de Queijas, que segundo o seu presidente Reis Luz, será uma forma de divulgação da cultura e uma grande função didáctica da pintura mundial e da sua história.”

Jornal de Oeiras 10 de Fevereiro de 2009

Nota: A inauguração fez-se com brilho e muito público, esteve aberta ao público, principalmente escolas, mas a CMO ou a Junta de Carnaxide, que participaram da inauguração, nunca participaram financeiramente para a manutenção desta boa iniciativa! Porquê? Só Deus saberá, porém é indesculpável que quem gere no concelho iniciativas de tão alto interesse público se dê ao desplante de excluir do dinheiro dos impostos do povo alguém ou alguma coisa com tanto mérito!

Por fim o Museu teve de fechar e a Associação Cultural de Queijas foi ocupada ilegalmente por gente afecta ao IOMAF. Inteiramente injusto e por esta razão e outras razões o povo deve, no mínimo, não se esquecer quando vota, de fazer alternância democrática, e não se deixar enganar com Movimentos Independentes, que de facto o não são.  

O MILAGRE DA ROCHA

No dia 28 de Maio de 1822, andavam sete rapazes a tomar banho no JAMOR. No meio da gritaria e da brincadeira, avistaram um melro e quiseram apanhá-lo. A ave, porém, fugiu-lhes e, entretanto, passou por eles um coelho que assustado correu a enfiar-se numa toca. Os miúdos alargaram a entrada da dita e enfiaram lá para dentro, em perseguição do coelho, uma cadela que pertencia ao tio de um deles, um conhecido caçador chamado Manuel Plácido, morador no próximo lugar de Linda - a - Pastora, a quem contaram o sucedido.

SABEDORIA CHINESA

 

 Um ocidental em visita à  China ficou
 surpreso de ver a quantidade de velhos saudáveis e, curioso a respeito da milenar medicina chinesa, indagou a um experiente médico qual o segredo para se viver mais e melhor.
Ouviu do mesmo a sábia resposta:

"É muito simples. É só:
Comer a metade.
Andar o dobro.
E rir o triplo."

 

TEORIA E HARMONIZAÇÃO DAS CORES

 

Eis um capítulo que não se poderá ler por alto: a teoria das cores, com tudo o que envolve a revisão dos aspectos físicos da cor, a decomposição da luz nas diversas cores do espectro, a síntese desse mesmo espectro em apenas três cores passíveis de iluminar e “pintar com luz” todo o nosso mundo. E a sua aplicação prática, para que se possa entender que nós, com os nossos pigmentos, as nossas tintas e igualmente com apenas três cores, podemos reproduzir TODAS AS CORES DO NATUREZA.

Algo simplesmente fantástico, que é preciso conhecer e dominar porque, como já dizia Van Gogh, “se não se possui esse conhecimento, empenhamo-nos sempre numa luta estéril, sem nunca se conseguir dar à luz”

  

O PORTUGUÊS COMUM

 

A fechar 2014, é justo homenagear outra figura do ano: o português comum, que suportou falsas narrativas sobre ter vivido acima das possibilidades, quando afinal foram os casinos financeiros que delapidaram o País por gerações; todos os portugueses que sofreram cortes de pensões de salários e reformas, ou que enfrentam o desemprego e muitas vezes a miséria, e que derrotam todos os dias, como podem, a tentação de desistir; todos os que trabalham para manter a normalidade do País, resistindo a elites incapazes, a dirigentes corruptos e a políticos incompetentes. O português comum somos nós. E quem a tudo isto sobreviveu não pode – nem deve – ter medo de 2015. Pior é impossível.   TAGS 

Ler mais em: http://www.cmjornal.xl.pt/opiniao/colunistas/carlos_rodrigues/detalhe/nao_ha_que_ter_medo.html

A Quinta da Cardiga

 

A sua história

Esta Quinta é bem representativa da nacionalidade portuguesa na medida que já existia quando se deu a independência de Portugal. Na Quinta da Cardiga, a poucos quilómetros da cidade de Tomar, em Portugal, encontrava-se um pequeno reduto templário. Em 1169, o primeiro rei português, D. Afonso Henriques doou-a aos Templários, para que estes ali erigissem um castelo e, segundo consta, assim o fizeram. Sucederam-se vinte e três Mestres na poderosa Ordem que ia somando terras e bens, na região de Soure e Pombal, que fora seu anterior território, na de Castelo Branco e Idanha, até ao Fundão e nesta de Tomar, com limites a sul na Quinta da Cardiga e no Castelo de Almourol – ao todo perto de 3700 quilómetros quadrados de domínio

Portal Gótico - Palácio da Quinta da Cardiga

A Quinta da Cardiga, onde se encontra edificado um torreão do século XII (data da fundação da Nacionalidade Portuguesa) e posteriormente foi convento dos monges da Ordem de Cristo, é o local onde, á margem da corrente do Rio Tejo, o visitante poderá regressar aos primórdios dos seus antepassados.

Extinta esta Ordem, o domínio passou para os Freires de Cristo, sendo sucessivamente doado a várias ordens até ao século XIX quando foi comprada por diversos particulares. A Quinta da Cardiga é hoje, apenas, uma das mais notáveis propriedades do País.

 

         A Torre de Menagem 

Tendo pertencido aos frades do Convento de Cristo tem ainda hoje como símbolo da casa a Cruz de Cristo. O conjunto arquitectónico é interessante pela mistura de estilos, a que não falta uma torre e um portal manuelino. A Cardiga, com a sua sobranceira Torre de Menagem ainda estoicamente de sentinela é hoje uma das magníficas quintas com imponente solar como muitas outras do concelho, no reinado de D. Manuel I.

Mais tarde, tornou-se uma quinta modelo, situada no Concelho da Golegã, com casas de habitação com jardim, horta, capela, cavalariças, cocheiras, casas para empregados, albergarias, lagar, oficinas lojas e muitas outras dependências e actividades.

Na abordagem desta Quinta vai procurar dar-se uma ideia clara do que foi a Cardiga durante e após o domínio que sobre ela exerceram duas das maiores Ordens Religiosas-Militares que existiram no nosso país: os Templários e a Ordem de Cristo.

A primeira aquando da reconquista Cristã e a segunda aquando dos Descobrimentos.

Porém não deixará também de ser abordado o seu percurso até aos dias de hoje.

Os Quinta da Cardiga, juntamente com o castelo de Ozêzere, a torre da Atalaia e o Castelo de Almourol eram postos de vigia da milícia do Templo.

Tal importância tinha a Quinta da Cardiga que em 1550, D. João III autorizou o seu irmão a proceder à mudança do percurso do rio Tejo, fazendo-o passar pela Cardiga. Em 1580, Filipe II, vindo das Cortes de Tomar a caminho de Lisboa, descansa na Cardiga.

A capela da Cardiga oferece-nos um admirável retábulo de pedra figurando a Senhora da Misericórdia com o seu manto de pura feição renascentista. O majestoso palacete, ladeado por elegantes torreões circulares, rematados por cúpulas, guarda no seu interior um dos três núcleos importantes de pintura primitiva portuguesa, existentes no distrito de Santarém.

 

Aliás, todo o espólio do recheio da casa da Cardiga constitui uma grande contribuição para o estudo das artes decorativas.

 

Esta quinta possui ricos painéis de azulejos.

 

A monumental quinta situada junto ao Tejo e que pertenceu aos Templários e Ordem de Cristo, preserva elementos quinhentistas (portal manuelino) e azulejos seiscentistas e setecentistas.  

 

Possui uma torre ameada envolvida por antigas construções, designadamente claustros, capela, celeiro e pequena colunata rematada por cúpula semiesférica. Esta Quinta tinha um importante porto fluvial, cujo tráfego fazia parte do sistema de comunicações e transporte de mercadorias entre o interior do Ribatejo e Lisboa.

A Cardiga acaba por ficar ligada, historicamente, aos Descobrimentos Portugueses através de grandes Comendadores da Cardiga.

- 1416- Frei Gonçalo Velho é Comendador da Cardiga.

- 1460- Frei Gonçalo Velho é investido no cargo de primeiro capitão das ilhas de Santa Maria e de São Miguel.

 - 1500- Descoberta do Brasil por Pedro Alvares Cabral.

          Afonso Furtado de Mendonça é Comendador da Cardiga.

 - 1520-(cerca de) Nuno Furtado de Mendonça, genro de Pedro Alvares Cabral, sucede a seu pai no cargo de Comendador da Cardiga e sua mulher D. Isabel de Castro, sobrinha do afamado herói da Índia, Afonso de Albuquerque.

 

 

A Natureza Pura

 

Os estudiosos normalmente preocupam-se em analisar a acção e influências que o homem exerce sobre o meio em que vivem.

Concordo e reconheço a importância desse conhecimento. Todavia a análise e o estudo do inverso não será menos importante, antes pelo contrário. A influência do meio ambiente sobre o Homem é decisiva na formação do seu carácter e da sua personalidade, nomeadamente no período da infância e adolescência. Depois fica.

O que se passa nos grandes centros urbanos é certamente diferente daquilo que se passa na vivência diária de uma quinta. Nesta não existem factores, como nas cidades, que desliguem ou afastem as pessoas da forte influência da natureza.

Nas grandes cidades talvez que sejam mais determinantes outros coisas como, clubes desportivos, associações culturais e o próprio ambiente familiar, onde as pessoas são obrigadas a recorrer pois a rua é só de passagem.

O que quero mesmo realçar tem a ver com a vivência das pessoa que nasceram e cresceram numa quinta muito especial como a Cardiga, com uma história riquíssima. A rua aqui não é passagem é o espaço de liberdade. A História que se lê nas centenárias pedras do castelo é o orgulho que nos vai perseguir a vida toda. A natureza é o amigo, mas também o desafio e a aventura. O espaço mais amplo é a transparência porque nele tudo é claro mesmo quando chega o escuro da noite. 

 

O Tejo moldava a Natureza

 

A grande paixão na quinta era em primeiro lugar o rio Tejo. Havia nele fascínio e mistério, que a todos desafiava.

O Tejo era contido todo o ano por extensas margens de salgueiros e canaviais, chamadas de marachas, com excepção das grandes cheias, hoje quase inexistentes pela grande capacidade de acumulação de água das barragens construídas nos últimos cinquenta anos.

De resto tudo no dia-a-dia na Quinta representava um desafio. Desafio que era preciso vencer sozinho. A natureza é amiga mas lança desafios para nos ajudar e preparar para a nossa própria defesa.      

O porto fluvial estava equipado com batelões, barcos a motor e fragatas.

No inverno com as grandes e medonhas cheias todas as embarcações eram recolhidas no leito manso de uma ribeira.

As águas do Tejo quando estavam baixas, no verão, deixavam aparecer belos areais. O sítio onde a ribeira desaguava no rio era o mais belo e apetecido. Havia relva no chão e muitas amoreiras com óptimas sombras para descansar. No meio deste espaço estava um frondoso chorão. Este lugar era conhecido pela «beira do Tejo» e servia para os banhistas e campistas descansarem e conviverem. Era a praia possível para muitas famílias dos arredores, nesta zona interior.

Naquele tempo a água que corria neste rio era completamente límpida, com muito peixe .                 

As primeiras incursões até ao leito do Tejo ocorriam com a chegada dos dias quentes e eram de jovens, normalmente estudantes em grupos à procura da frescura do rio. Vinham ver como estavam as coisas mas só mais tarde se decidiam pela entrada na água. 

A roupa era trocada no meio dos canaviais e aí guardada sem receio. Começavam deste modo os mergulhos no Tejo. O sítio mais profundo era exactamente onde a torrente esbarrava na muralha do palácio. Era aí, no pego, que os mais audazes mergulhavam. Os outros procuravam as águas mais baixas. Apesar disso todos os anos o Tejo fazia as suas vítimas entre os jovens menos avisados ou afortunados. Estes acontecimentos, onde toda a gente se conhece, eram profundamente sentidos. O luto era para todos sem excepção. Logo que o corpo era encontrado traziam-no para a margem onde ficava a aguardar os trâmites legais. Por alguns dias o rio era motivo de profundo respeito e não havia banhos para ninguém. Curiosamente estes acidentes ocorriam quase sempre no entusiasmo dos primeiros mergulhos.

Nas noites cálidas de verão e depois do jantar, as famílias desciam até à “ beira Tejo”. Sabia bem apanhar o fresco da noite, que vinha do rio, e os mais faladores ajudavam a passar a noite. Numa dessas noites ocorreu um fenómeno que marcou quem o presenciou!

Por cima das cabeças das pessoas, a alguns metros de distância, passou uma grande bola em fogo! A cauda era muito comprida! Desviou para a direita e desapareceu no meio de um choupal. No dia seguinte procuraram-se vestígios daquele grande objecto luminoso mas sem qualquer êxito.

 

Em Pleno Esplendor

 

Naquele paraíso a magia era constante nas quatro estações do ano! No inverno essa magia tinha o acento tónico no medonho. A natureza engrossava a voz e punha o semblante fortemente carregado.

O volume das águas do Tejo aumentava de forma assustadora, em dois ou três dias, por força das primeiras chuvadas, mais persistentes.

A torrente tornava-se forte e impetuosa e a água ganhava uma cor barrenta! Troncos de árvore eram vistos a descer o rio ao ritmo da torrente. Por todo o lado as águas das chuvas descobriam atalhos e mais logo, todas desaguavam no rio, vindas de longe. De tanta água receber o caudal transbordava as margens que ladeavam o leito do rio. Nem os enormes salgueiros e a sua densa ramagem a podiam suster. Era impressionante ver a cavalgada das águas sempre em busca de cada vez mais espaço. A vida animal, sempre desconfiada, apercebia-se da avalanche e refugiava-se como podia, mais longe ou mais alto!

Rapidamente a paisagem verdejante desaparece e fica submersa por um extenso mar que galga muros, estradas, pomares, colinas e toda a planície a perder de vista!

Do alto do castelo a nossa vista só alcançava água. As noites caíam pouco depois das cinco e eram longas, muito longas e medonhas. O silvo do vento forte acompanhado do barulho da intensa chuva a cair, compunham uma sinfonia para a noite toda. A seguir á chuva de dias, numa bela manhã iria aparecer o sol radioso. Mesmo assim as águas do rio continuavam a subir até estacionarem por dois ou três dias. Havia de seguir-se o seu abaixamento, normalmente com muita lentidão, que deixava nas paredes e muros uma linha horizontal castanha que marcava a máxima altura daquela cheia.

 

Atingida a normalidade no rio ficava visível ao longe, uma extensão muito grande toda coberta por uma espessa camada de lama. Esse lamaçal com o tempo irá ficar transformado num infinito conjunto de polígonos originados pela lama que gretava ao secar. Futuras chuvadas acabarão por proceder à lavagem e transporte para o rio de grande parte deste precioso composto. O que fica na terra é um óptimo fertilizante.

 

Com a chegada do sol abre-se um novo ciclo de vida e um aumento do frio. Instintivamente vamos buscar mais uma manta para a cama. De manhã quando se chega à janela para espreitar o dia ficamos deslumbrados. Os telhados do casario à volta estão todos brancos. Ao sair de casa a aragem matinal é fria e deixa o nariz e as orelhas gelados. A vida não pára e toda a gente anda em movimento, até os catraios de sacola às costas lá ia para a escola. Pelos caminhos de terra batida ou simples carreiros, sem pararem e com botas cardadas. Lá iam partindo a água gelada das poças. À noite, dentro de casa, toda a gente se aquecia à lareira. Lenha era aquilo que não faltava.

 

Os trabalhadores, não residentes, deitavam-se nas camas das camaratas para se aquecerem, enquanto deixavam ao lume da cozinha, toda a noite, a roupa molhada pelos dias chuvosos. No dia seguinte era preciso levantar cedo e a roupa para vestir tinha que ser a mesma.

No final do dia, os outros trabalhadores das redondezas lá iam a pé até casa, não sem que a noite lhes caísse no caminho. Aqueles que pernoitavam no dormitório (poucos e de mais longe), também dispunham de uma cozinha geral. Uma mesa comprida e uns bancos corridos e o lume a queimar lenha. era tudo o que tinham.

  

Todos se apressavam a pôr ao lume o seu pote de barro com três pés. Estavam pretos de tanto ir ao fogo. Depois iam vagueando entre o banco e a chaminé, espreitando se os poucos feijões já se podiam comer. De vez em quando tiravam dos alforges pendurados na parede, um estreito tubo de vidro com azeite, e deitavam no pote umas poucas gotas. Mexiam o magro sustento com colheres de pau, após o que provavam. Voltavam a tirar dos alforges uma colher muito gasta e segurando a cabeça com uma mão lá iam comendo com a outra.

Quase não falavam. Quando acabavam seguravam a cabeça com as duas mãos e ficavam imóveis até se irem deitar. Talvez estivessem a pensar na vida e na família que estava longe. Mais tarde lá iam nos seus tamancos feitos de madeira até ao dormitório.

 

Com mais ou menos cheias, eram assim os invernos na Cardiga para os trabalhadores rurais.

 

Com os borbotes pequenos e verdes a rebentarem nos ramos das árvores, percebia-se que estava a chegar a primavera. Na terra o rebentar das ervas e plantas, fazia levantar a camada de lodo que as cheias lá deixavam. Ouvem-se os pardais nos telhados e outros bebem água nas poças mais teimosas. Mais tarde andarão entretidos a fazer o ninho.

As extensas vinhas das terras mais baixas, saem das cheias cobertas de fina camada de lama.

 

As embarcações protegidas durante o inverno nas águas calmas da ribeira, voltam ao seu lugar no porto fluvial. Esta estação do ano é na quinta um crescendo de vida! As canas e os salgueiros empertigam-se e ficam viçosos de verde. Não tarda que os trabalhadores se apurem na poda das árvores e vinhedos. Manadas de bois puxavam os arados na preparação das sementeiras, enquanto atrás as alvéolas de pernas finitas e cauda comprida, depenicavam os vermes trazidos à superfície.      

As trepadeiras que cobriam as extensas paredes do palácio não tardarão a florir. No verão serão o esconderijo e dormitório da passarada.

 

O palácio é considerado património nacional e a sua construção remonta a tempos desconhecidos. O mesmo acontece com o castelo. Lendas antigas relacionam-nos ao Almourol, Templários e Convento de Cristo. Incorporada no palácio existe uma linda capela com ricos vitrais. Entre um dos lados do palácio e o rio ficava um lindo jardim e ao lado deste uma estufa com plantas exóticas.

 

A Páscoa era o ponto alto da primavera. Todas as famílias vestiam a sua roupa melhor e iam à missa, na capela, que se enchia. Os donos conviviam com todos os trabalhadores e participavam com as crianças na festa da procura dos ovos de Páscoa escondidos nos arbustos da horta.

Havia ovos de todas as cores.

Aproveitando o labirinto existente, faziam-se jogos e distribuíam-se prendas pelas crianças presentes.

Nos campos já tudo era verdura e floria. Papoilas e malmequeres brancos e amarelos eram a perder de vista!

As roseiras enroladas às muitas árvores da avenida de entrada, landoeiros, transmitiam-lhe um colorido vistoso e alegre!    

Aos poucos, as águas do rio deixavam de ser barrentas e tornavam-se límpidas. A sua torrente arrastava as ramagens dos salgueiros que assentavam na água. Adeptos da pesca à linha vinham das terras vizinhas. Existiam também os outros quase profissionais, que com os seus barcos pretos em forma de meia-lua percorriam o Tejo estendendo as suas redes.

Outros aprestos como os “covos”, “tarrafas” etc. Ajudavam os pescadores a ganhar a vida. O peixe assim recolhido era vendido nas terras ribeirinhas que não eram abrangidas pela venda de peixe do alto mar.

  

Algum tempo depois outro evento anual fazia acorrer à Cardiga muita gente das redondezas. Falo da 5ª Feira da Ascensão ou “dia da espiga”. Vendedores ambulantes apareciam manhã cedo e montavam as suas bancas. Vendiam refrescos, pevides, tremoços, sanduíches, bolos etc. Outras pessoas vendiam os típicos ramos deste dia, chamados da “espiga”. No rio fragatas enfeitadas passeavam as pessoas a troco de quase nada. Todos entoavam cantigas populares.

 

Tudo isto ao longo dos anos haveria de conquistar o coração das populações das redondezas que, de facto, nutriam grande simpatia e respeito por esta Quinta da Cardina sabiamente gerida durante séculos pelos Cavaleiros do Templo e da Ordem de Cristo.

Socialmente e numa época em que nenhuns direitos havia para aqueles que trabalhavam na vida do campo, tinham eles deixado a semente do respeito pelos outros, que induziria os futuros e mais significativos donos da Quinta, a fornecerem assistência médica, colónia de férias etc., e outros cuidados sociais, até aí inexistentes no Portugal de então.

 

Por esta altura da 5ª. Feira da Ascensão já se podiam comer alguns frutos maduros. As searas tinham a cor amarela da sua perfeita maturação. As hortas tinham de tudo pois a natureza era pródiga, ajudada pela qualidade das terras e pela abundância de água para rega. Ao cair da noite esvoaçavam morcegos por todo o lado e nas noites quentes do fim de Maio as crianças corriam atrás dos pirilampos que em ziguezague se escapavam pelos ares.

O potente sino que se fazia ouvir em toda a quinta, badalava agora mais cedo e mais tarde, era a hora de verão. O sino marcava há anos o inicio e o fim da jornada de trabalho diário e também no rebate a fogos. No pino do sol, no verão, passava a tocar quatro vezes ao dia em consequência do calor e da necessária “sesta”.

 

O andar pachorrento dos carros de bois carregados de cereais indiciava o começo desse verão. Os boieiros, também eles pachorrentos, talvez por contágio, com o aguilhão e a espaços, picavam os animais com algum comprometimento. O trabalho da ceifa era feito por homens afogueados pelo calor intenso.

 

Era este o tempo das violentas trovoadas. Por vezes mais que uma por dia ou em simultâneo provenientes de lados opostos. Os raios iluminavam o céu que antes se tinha tornado escuro. Por antecipação um homem, sempre atento, molhava o chão onde os pára-raios ligavam à terra.

 

Os santos populares eram também motivo para festejar em conjunto com os vizinhos e amigos. Lenha não faltava e alegria também não. As alcachofras estavam mesmo à mão. Com mais ou menos jeito todos saltavam à fogueira.

 

O verão já se fazia sentir e nos dias que se seguiam a fogueira era outra e chamava-se eira. Homens de chapéu preto na cabeça e lenço vermelho no pescoço alimentavam sem cessar aquelas grandes máquinas que separavam as sementes para um lado e a palha para outro. Dava prazer ver os fardos tão bem atados e moldados. Levar os sacos de cereais e os fardos era trabalho novamente destinado aos bois e às enormes mulas. O celeiro e os palheiros irão ficar cheios para mais um ano.

 

Na Cardiga tudo era aproveitado no estrito rigor dos ensinamentos colhidos e melhorados durante várias gerações. O ciclo económico tem regras a cumprir. A abundância de água permitia manter, através da rega, a alimentação de alguns animais, bem viçosa. Nas regateiras corria água muito limpa por todo o lado.

 

Menos que nas redondezas, o calor era imenso. Sufocante!          

 

O verão ia acabando e dando origem ao Outono com a azáfama das vindimas. Novamente os carros passavam pachorrentos transportando uvas brancas e pretas. Eram dias e dias com o mesmo ritual.

Na adega o trabalho era igualmente intenso até á fermentação completa do mosto . Depois eram as provas e envasilhamento do precioso liquido. O vinho da Cardiga era consumido e apreciado por todo o país, sempre rotulado com a Cruz de Cristo.

 

Sem se dar por isso já estávamos no Outono. O sentido decrescente que nos transmite esta estação ,  dá-nos alguma sensação de menos alegria ou mesmo alguma tristeza, são os motivos aparentes, outros poderão existir.

É certo que esta estação tem muito de verão e muito de inverno. De si própria tem o antipático cair da folha, os dias mais pequenos, a chuva, o frio.

A Quinta era invadida por ranchos de homens e mulheres vindas das Beiras para a apanha da azeitona, uma importante tarefa sazonal que punha de novo os carros a transportar toneladas de azeitonas para o lagar. Laborava por vários meses de dia e de noite.    

O azeite produzido era de muito boa qualidade com consumo garantido.

 

Com a chegada da primavera tudo recomeçava...  .

 

As Relações Humanas

                   

As relações humanas vividas na “Quinta da Cardiga” eram seguramente diferentes de qualquer outra realidade. O relacionamento entre a já larga família proprietária da Quinta e os trabalhadores e suas famílias, eram não só de respeito mútuo, mas também, de estima e saudável entreajuda. A palavra solidariedade tem aqui perfeita aplicação. Em situações difíceis ou mais complicadas os donos da Quinta davam o seu apoio a qualquer pessoa. No sentida inverso os moradores sentiam, como seu, todo e qualquer infortúnio que atingisse a família que lhes assegurava emprego e apoio social e humano.

 

A figura do “ Feitor ” no desempenho das suas funções emanava calma, serenidade e respeito. Normalmente eram homens de poucas falas, menos risos, mas credores da simpatia de todos os meios sociais envolventes e de todos que na Quinta ganhavam o seu sustento. Contando com as famílias a comunidade residente rondaria o meio milhar de pessoas. Alguns empregados, os que assumiam maiores responsabilidades, vivam junto ao palácio. Umas doze famílias. Os outros, com emprego fixo, viviam num lugar muito próximo chamado de São Caetano.

 

A grande força de trabalho era, de algum modo, flutuante e residia nas aldeias e lugarejos das redondezas. Ninguém recorda conflitos ou grande azedume entre os habituais moradores na Quinta ou mesmo no lugar de São Caetano.

Problemas graves de saúde, ou mesmo falecimentos, eram casos que só de muito em muito longe aconteciam, mas que todos sentiam como seus. Neste lugar não podia haver indiferença, a solidariedade estava sempre presente. O contacto com a natureza incutia em toda a gente franqueza , lealdade e um forte sentimento de respeito para com o próximo .

 

Na escola da Quinta os alunos eram poucos e a brincadeira dos recreios fazia-se na estrada e nos olivais em redor. O exame ou a prova, como na altura se dizia, tinha que ser feita na Sede de Concelho que ficava a uns cinco quilómetros de distância. Para o efeito a Quinta punha à disposição um carro puxado a cavalos. Nele seguiam a professora e os alunos.

Muito poucas eram as crianças que podiam continuar para além da 4ª. Classe, como de resto acontecia por todo o país.

 

 

O Orgulho numa História

 

Decerto que não existem em Portugal muitas quintas que se possam orgulhar de ter uma História tão completa, tão interessante, e sobretudo ininterrupta, ao longo da vida do nosso país.

A Quinta da Cardiga, situada no coração do Ribatejo, talvez vinda da pré-história atravessou a Monarquia sobreviveu ao Liberalismo, passou pela República, ultrapassou o 25 de Abril de 1974 e embora combalida continua de pé nos dias de hoje.

Se analisarmos a Quinta no tempo, podemos rebuscar as origens do seu nome (do latim CARDICA, talvez lugar onde abundam cardos) e dos seus primeiros habitantes e traçar as etapas por que passou esta Quinta ao longo dos séculos, ao longo dos vários reinados, e até durante várias gerações de algumas famílias que a possuíram, quando tal foi possível.

 

No espaço, procurando estabelecer uma ligação entre os homens que habitaram a Cardiga e as suas marcas deixadas no terreno; quer construções, quer culturas agrícolas, algumas das quais, como é o caso da vinha, dos cereais e da oliveira, ainda hoje persistem.

Por força da Revolução Liberal ocorrida em Portugal em 1820, logo em 1834- Joaquim António de Aguiar decreta a extinção das ordens religiosas e a nacionalização das suas casas e bens.

Inicio da venda em hasta pública dos bens nacionais e em 1836- A Quinta da Cardiga é arrematada na Junta da Crédito Público por Domingos José de Almeida Lima.

Em 1867- Os Herdeiros da família Lima vendem a D.Maria Arrábida Lamas a Quinta da Cardiga .

Em 1898- Os Herdeiros de D.Maria Arrábida Lamas vendem a Quinta da Cardiga a Luís Adolfo de Oliveira Von Sommer (descendente do anterior Luís Sommer que em 1831- veio da Alemanha, para servir como alferes no Regimento de Lanceiros da Rainha).

Em 1929- Morre Luís Adolfo de Oliveira Von Sommer. Os seus familiares continuam a exploração da propriedade.

Na entrada do novo século - A Quinta da Cardiga, uma das mais importantes do Ribatejo, continuava na posse dos descendentes de Luís Sommer.

 

Mas da última vez que visitei a Cardiga ela estava quase irreconhecível. Não tinha gente, estava abandonada e desprezada. Não havia flores, carros de bois a passar, jovens a caminho do rio Tejo!

Recordo muita gente boa que dedicou toda a sua vida àquela Quinta e que já não vivem, mas sei, que onde estiverem continuam com a Cardiga no coração que já não bate! Só podem pairar, por cima daqueles mil anos de História, contemplando as paredes dos palheiros, lagares, vacarias e do palácio sempre imponente.

 

O castelo ainda parece um soldado em sentido.

 

Falando das etapas deste lugar de orgulho e monumento do imaginário nacional, que ninguém sabe quando veio ao mundo, mas que foi muito antes da formação de Portugal, podemos marcara lhe como influências e períodos de evidência na sua longa existência a era dos Templários, logo seguida da era da Ordem de Cristo e por último os seus actuais e mais marcantes proprietários, ou seja, a família Sommer que tão bem souberam continuar o trabalho das Ordens atrás referidas. 

 

 

 

 

Um Estado de direito falhado

 

Existem os Estados falhados, e, depois, existem os Estados de Direito falhados. A nossa democracia é um Estado de direito falhado: a nossa Justiça é um embaraço confrangedor. A geração que está no poder construiu a democracia. Cabe à minha geração edificar o Estado de direito.

A terceira morte é partidária. O nosso sistema partidário tem a vitalidade de um zombie, pois não responde às necessidades da sociedade. Porquê? Ora, porque os partidos portugueses representam os interesses do Estado e não os interesses da sociedade. Portugal precisa de reformas que emagreçam o Estado, mas os partidos são os primeiros a recusar essas reformas. É natural: o emagrecimento do Estado significaria o fim de milhares e milhares de empregos para os boys.

A necessária dieta estatal passaria, por exemplo, pela reforma do mapa autárquico. A actual arquitectura do poder local assenta em pilares arcaicos. Em 2009, é simplesmente ridículo vermos o país dividido em 4251 freguesias e 308 municípios. Como é que um país tão pequeno está esquartejado desta forma? Esta situação chega a ser caricata, mas os partidos nunca executarão mudanças no mapa autárquico. É fácil perceber porquê: com menos câmaras e freguesias, as matilhas de caciques seriam obrigadas a sair do quentinho partidário e a procurar trabalho no frio da vida real. Enfim, a III República está bloqueada. Os actores que deveriam ser as alavancas legítimas das reformas - os partidos - são os primeiros a dizer 'não' às ditas reformas.

Para esconder as três mortes do regime, os partidos inventaram um mecanismo de defesa: o folclore fracturante. A actual conversa sobre o casamento gay é só mais uma forma de adiar a chegada do médico legista da III República, o regime que morreu três vezes.

Henrique Raposo

Palavras-chave

 

Das quadrilhas

 

 

São só comparações….  Para cc de alguns  e sem outras intenções!

 

Para registo é sabido que Salazar, à sua morte deixou uma fortuna cujo valor está assim documentado:
Salazar deixou 847 toneladas de ouro e 100 milhões de contos de divisas em cofre – a célebre "pesada herança",mas pertencente ao país, à sua Pátria.
 

A democracia enriquece as pessoas...

 

O problema é que não foi só um ex Presidente da República; a “democracia” enriquece-os a todos; já o Povo, esse, fica sempre mais pobre.

 

 O antigo Presidente da República Mário Soares, que morreu a 7 de Janeiro aos 92 anos, deixa aos dois filhos, João e Isabel, uma fortuna indeterminada em casas, quintas e terrenos, mas também uma biblioteca, obras de arte, fundos de investimento, acções e obrigações, avaliadas em dezenas de milhões de euros.

Ao longo da sua vida, o ex-chefe de Estado herdou, ganhou e acumulou uma fortuna incalculável que agora ficará disponível para os filhos: o deputado socialista João Soares, 67 anos, e a irmã, Isabel Soares, 66 anos, a actual directora do Colégio Moderno, a instituição de ensino privado da família Soares, em Lisboa.


 Com o testamento de Mário Soares ainda não tornado público, a base de toda a informação recolhida pelo site FLASH! acaba por ser a última declaração pública que fez no Tribunal Constitucional aquando da candidatura, em finais de 2005, às eleições a um terceiro mandato para a Presidência da República, escrutínio que perdeu a 22 de Fevereiro de 2006, para Aníbal Silva.

Essa declaração de rendimentos revela um Mário Soares verdadeiramente rico. Só no capítulo dos rendimentos, o "pai da democracia", como foi classificado por muitos nestes últimos dias, declara ter usufruído, em 2004, qualquer coisa como 482 mil euros, divididos entre rendimentos de trabalho, de capitais, prediais e de pensões.

Umas folhas mais adiante, os valores crescem, e de que maneira: com dados de 2005, Mário Soares assume possuir, entre aplicações, depósitos a prazo, fundos de investimento, acções, obrigações, produtos estruturados e produtos de eficiência fiscal um valor que, somado, com cotações válidas nessa data, davam um total de poupanças perto de 1,2 milhões de euros, repartidos por três bancos: BPI, Millenium/bcp e Caixa Geral de Depósitos (CGD).

MILHÕES EM CASAS, LIVROS E QUADROS

Além das quantias em produtos financeiros depositadas nos bancos, que em Janeiro de 2017, depois da crise financeira, deverão ser menores, João e Isabel vão herdar do pai uma biblioteca com mais de 40.000 volumes de livros que, pela sua dimensão, o próprio Mário Soares declarou em 2005 como sendo "de valor indeterminado", resultante da compra e oferta de livros que Mário e Maria de Jesus Barroso juntaram ao longo de toda a vida e que também terão herdado.



Torna-se inevitável o contraste com Salazar. Não porque este agora finado mereça sequer a comparação no estatuto, craveira intelectual ou feitos, mas apenas porque foi governante e político e é apontado como "pai da democracia".
Assim, para registo é sabido que Salazar, à sua morte deixou uma fortuna cujo valor está assim documentado:
 Salazar deixou 847 toneladas de ouro e 100 milhões de contos de divisas em cofre – a célebre "pesada herança", mas pertencente ao país, à sua Pátria.

Este pobre agora finado deixou, como "pai da democracia",  duas ou três bancarrotas; uma dívida "incobrável" de mais de uma centena de milhar de milhões de euros que todos teremos que pagar. Porém, através de cargos sempre públicos, com uma empresa de ensino particular, conseguiu amealhar uma fortuna de dezenas de milhões de euros. Notável!

Salazar, como bens pessoais amealhou à sua morte, numa conta da CGD, cerca de 250 contos, dos antigos.  Dizem aqueles que era ditador, mas morreu pobre, coitado ou pelo menos remediado e com bens cuja proveniência é conhecida. 
Aquele grande democrata, pai da dita, morreu rico e de que maneira! Coisas da vida.

Salazar, o que deixou foi apenas fruto de poupanças da reforma que usufruía, como aqui se explica.

 

 

APARENTEMENTE

 

O Governo foi deixando cair a anulação do défice, estava longe de resolver o problema das famílias endividadas e aumentou a despesa sem a compensar com receita.

Não se esqueceu de alterar o sistema de financiamento dos partidos, permitindo que estes voltem a receber financiamentos em dinheiro! 

Em recessão, a queda dos juros teve por objectivo reanimar o consumo e o investimento. Mas a descida dos juros para um nível próximo de 0% pode provocar o que os economistas designam de “armadilha de liquidez”. Estamos a caminho de uma depressão. Tudo isto teve origem em 2008 e 2009.

Falando de “Perdão Fiscal”, podemos perguntar:

  1. Quantos países estão hoje (2017) a pagar juros de zero ou próximo do zero?
  2. Sabe-se o número de pessoas/empresas que não liquidaram os seus impostos em 2016. Seria bom que os nossos jornalistas, dissessem a quem compra os seus jornais/revistas o montante cobrado e aquele que ficou por cobrar. E, como pode haver perdão, se a maioria dos portugueses pagaram aquilo que deviam e no prazo estipulado. Então parece valer a pena ser mau pagador?
  3. Também nos poderiam informar de quanto esse dinheiro cobrado aos caloteiros influenciou a descida do défice para os três vírgula tal.
  4. Também faria bem aos portugueses, serem informados no sentido de saberem quanto euros estão depositados nos nossos bancos a juros quase nulos?
  5. Depois seria bom que o ministro das finanças, informasse O PAÍS da contribuição que estes bravos portugueses tiveram para a queda do défice. Isto porque ficaram muito mais pobres, depois das poupanças que fizeram para nada!
  6. Depois, e ainda, antes de fazerem elogios ao ministro das finanças, agradecerem a esses portugueses que o país não tivesse sido castigado por “défice excessivo”.
  7. Também, seria bom sabermos todos quantos euros voaram para o estrangeiro, oriundos de gente que não se sacrificou a bem do seu país e depositaram enormes volumes de dinheiro no estrangeiro.
  8. Puseram a salvo, mas deveriam ter sido desmascarados!

Relembrando: À medida que os juros (2009) iam descendo os membros do BCE, admitiram a possibilidade de “encolher” ainda mais o preço do dinheiro, o comum dos mortais pode interrogar-se se sobre o que acontecerá se os juros chegarem a zero. A resposta não pode ser positiva: se tal suceder, é porque a Europa entrou numa depressão  histórica e nem o “dinheiro de borla” garantirá que o investimento e o consumo reanimarão.

Numa recessão, a resposta clássica dos bancos centrais é descer os juros. Vem nos manuais: dinheiro mis barato, incentiva o consumo de particulares e o investimento de empresas, a procura agregada aumenta a economia.

Em Portugal nada disto aconteceu e com esta situação criou-se uma dívida monumental, com juros a matar tudo e todos, salvo aqueles que continuam a receber zero % e com drásticas  machadadas nas reformas que pagaram.

Chegámos a uma situação tal. em que as expectativas das empresas do país e dos portugueses conscientes, são tão más que nem com dinheiro de “borla” alguém se dispõe a investir.

Ao contrário, tecem-se elogios ao ministro das finanças, e à geringonça (sem igual no mundo), em vez de se apontarem os principais culpados de tudo isto.

Nem o senhor Presidente da República se dispõe a fazer tal! Para já não se falar da comunicação social que temos. 

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