Lá diz o ditado; “Quem se deita sem ceia toda a noite esperneia.
Os pobres tiveram de garantir que a sua alimentação pudesse promover-lhes uma noite bem dormida, sem a carteira vazia, nem o estômago cheio.
As migas foram a aposta segura. Derivarão do verbo migar que genericamente significa desfazer em migalhas ou esfarelar pão para o caldo. A tradição de fazer migas com peixe e designadamente de bacalhau, deveu-se ao baixo preço que este gadídeo tinha. Acresce as regras religiosas que desde a Idade Média até ao século XVIII obrigavam a comer peixe em cerca de cento e trinta dias por ano. Como podemos então caracterizar as migas? São um produto culinário elaborado a partir de pão ensopado e depois, terminada a sua coinfecção, com uma gordura envolvente em processo de ligeira secagem.
As migas são definidas como pão seco, esmigalhado, ensopado em água ou leite e depois frito em azeite, toucinho ou manteiga. Se lhe é acrescentada carne ou outro elemento as migas chamam-se ilustradas. As migas em Portugal são mais populares e variadas que em Espanha. Mas como terão nascido as migas? O que as separa das açordas? À primeira vista parece a forma de finalizar as migas, envolvendo-as na gordura. Mas, a sua origem? Possivelmente só nos aparecem depois das açordas e como consequência destas. As migas podem também aparecer-nos como um prato de recurso pela necessidade de não desperdiçar pão. São as migas, possivelmente, um elemento da alimentação mais pobre e que o engenho transformou num prato/guarnição de elite apenas reconhecido a partir do século XX.
Não há mais nenhuma porta para o conhecimento além da porta que a natureza abre: E não há mais nenhuma verdade, além das verdades que descobrimos na natureza.
Luter Burbane
Fritjof Capra é um dos mais recentes pensadores que emergiu juntamente com o pensamento científico, social e filosófico, abordando por isso nas suas obras, perspetivas que incluem como ponto-chave a interdisciplinaridade no mundo.
Propõe-se uma nova compreensão científica em todos os níveis dos sistemas vivos, sejam organismos, sistemas sociais e ecossistemas, baseando-se numa nova perceção da realidade.
A teia da vida consistirá em redes dentro de redes. Em cada escala, sob estreito e minucioso exame, os nodos da rede revelam-se como redes menores. Tendemos a arranjar esses sistemas, todos eles aninhados dentro de sistemas maiores, num sistema hierárquico colocando os maiores acima dos menores, á maneira de uma pirâmide. Mas isso é uma projeção humana. Na natureza, não há “acima” ou “abaixo”, e não há hierarquias. Há somente redes aninhadas dentro de outras redes.
Segundo o autor, os problemas da época não podem ser compreendidos isoladamente como foi e ainda é proposto por muitos, pois são sistémicos e estão interligados, sendo interdependentes. Propondo, então, uma mudança de paradigma, a qual, como esperado, não é facilmente aceita, por se tratar de uma visão estranha e inesperada da realidade. Uma mudança do paradigma mecanicista preconizado por Newton e Descartes por uma nova forma de pensar a ciência, a filosofia e mesmo as leis que regem a vida em toda sua complexidade, um novo paradigma. O novo paradigma proposto pelo autor permeia uma visão de mundo holística, a qual concebe o mundo como um todo integrado, e não como uma coleção de partes dissociadas, podendo ainda ser definido e entendido como uma visão ecológica, a qual reconhece a interdependência fundamental de todos os fenómenos e na qual indivíduos esociedades encaixam-se nos processos cíclicos da natureza e dependem desses processos. Por conseguinte, a mudança de paradigmas requer uma expansão não apenas das nossas perceções e maneiras de pensar, mas também de mudanças nos valores.
“Tudo o que acontece à terra, acontece aos filhos da terra. O homem não teceu a teia da vida. Tudo o que ele faz à teia faz a si próprio.”
Uma atitude longamente recalcada, que se manifesta hoje, entre nós, há duas atitudes diametralmente opostas mas que convergem numa idêntica cegueira: a primeira celebra a nostalgia do velho autoritarismo salazarento e de uma disciplina de caserna típica de alguns internatos; a segunda insiste na condescendência com os abusos e na recusa da autoridade.
Invocando motivos socioeconómicos, culturais e afectivos para explicar (e desculpar) toda a sorte de comportamentos desviantes.
Eis um exemplo elucidativo, de como os extremos se tocam e se mostram igualmente impotentes. Se a escola se tornou palco de um mal-estar tão profundo e disseminado - desde a crise de autoridade dos professores à crescente degradação dos resultados pedagógicos, passando pela aridez dos equipamentos – é certamente porque existem males de raiz para superar.
Mas isso não se consegue fazendo das escolas um sucedâneo de quartéis. Ou um prolongamento de jardins-de-infância. Como se a autoridade se confundisse fatalmente, num caso como noutro, pela positiva ou pela negativa, com autoritarismo.
É indispensável assegurar a autoridade e dignidade dos professores, a responsabilidade dos alunos (e famílias), a repressão dos comportamentos contrários à moralidade escolar e cívica. Mas, para que isso não se traduza apenas em votos piedosos é preciso que a escola deixe de ser uma selva massificada, ao contrário daquilo que a escola deve proporcionar.
A partir do momento em que os professores temem assumir a sua própria autoridade, seja pelo receio de ela poder ser confundida com autoritarismo, seja por puro ou simples medo de represálias – o sentimento de irresponsabilidade, de impunidade, de primitivismo selvagem tende a ocupar o vazio.
Não terá sido por acaso, aliás, que a professora agredida por uma aluna, por causa de um telemóvel só se queixou à direcção da sua escola depois do caso ter sido divulgado na net. É de certo um caso entre muitos, já que os professores não têm de ser heróis, e ninguém de resto lhes agradece e paga para isso numa sociedade onde a escola massificada reflecte a mais corrosiva das crises pedagógicas: a dos valores.
Dir-se-á que, apesar de tudo, este caso pode ter um efeito pedagógico, exemplar, uma vez que as imagens difundidas pelo You Tube funcionarão como prova contra um acto de violência que, assim, não ficará impune. Mas é um efeito perverso e puramente intimidativo. O medo e o temor do castigo, não dispensam a compreensão e a interiorização do erro.
Por mais que possa parecer uma doce ingenuidade, é isso o que diferencia uma sociedade policiada de uma sociedade com regras de convivência e respeito verdadeiramente assumidas. Democrática.
É também por isso que importa construir, a diferença entre a escola e a selva, ainda que com telemóveis e You Tube
Sessão Extraordinária da Assembleia Municipal de Oeiras - Comemorações do 25 de Abril
A Sessão Solene do 25 de Abril de 2015 iniciou-se com declamações de José Fanha que muito emocionaram todos os presentes. Seguiram-se as tradicionais intervenções dos vários líderes de bancada das forças políticas representadas na Assembleia Municipal de Oeiras, do Presidente da Assembleia Municipal e do Presidente da Câmara Municipal de Oeiras.
A manhã de comemorações oficiais terminou com a Homenagem muito merecida aos ex-autarcas do Concelho, pelo seu trabalho em prol de Oeiras e dos Oeirenses. Entre todos, salientamos os ex-autarcas do Partido Social Democrata: António Reis Luz, Elísio Gouveia, Rui Freitas e Ricardo Júlio Pinho.
Verdadeiro murro no estômago deste país de faz-de-conta, a publicação dos números da fome. Afinal, há um outro e imenso Portugal. Paredes-meias com o país oficial, urbano, e festivo
Porém, longíssimo dele.estão dois milhões de pobres. Dos quais, pelo menos duzentos mil morrem de fome…
Duzentos mil que nada têm de abstrato. Duzentos mil que são gente.
Em cada um, há um pouco de todos os outros. Mas percebê-lo implica consciência, sensibilidade, responsabilidade. Sendo manifesto que nada de essencial mudará enquanto, coletivamente, não nos forçarmos a reconhecer a exata medida em que a sua desventura radica no nosso fracasso.
O progresso feito à custa da pobreza e da exclusão de tantos deve ser-nos intolerável. Autêntica e politicamente intolerável.
O sentido dessa intolerância obriga, aliás, a alterações profundas do “status quo”. Nomeadamente, ao nível da própria agenda política.
Com efeito, entre nós e em geral no primeiro mundo, há muito que a pobreza e a fome não constituem preocupação das forças políticas vocacionadas para o exercício do poder. Os níveis de bem-estar e conforto alcançados parecem ter implicado uma natural superação de tais temáticas. O fenómeno é olhado como algo residual, emergindo apenas em determinadas bolsas de maior dificuldade social (urbana, industrial e, mais recentemente, até rural), sem qualquer influência na discussão dos modelos de desenvolvimento preconizados.
Em relação à pobreza há mesmo algo de profundamente reacionário na política contemporânea. Porque esta assume o determinismo - sempre houve e sempre haverá pobreza. E, portanto, tomando-a como inevitabilidade histórica, qualquer proposta de combate surge como algo politicamente vão e inconsequente.
Ora, a partir deste caldo cultural, a pobreza é remetida para as franjas da discussão política. E, frequentemente, fica mesmo às portas da intervenção institucional.
Assim, uma certa esquerda, extremista e revolucionária, tem-se arrogado o exclusivo. O discurso ao primário, assente na habitual vulgata anticapitalista (e, com os anos, por decorrência, também antiglobalização), eivado de ataques e críticas, mas geralmente incapaz de qualquer contributo sério para a solução Assumem uma pretensa ideologização da questão, sustentando que só a esquerda tem condições para a efetiva refutação da pobreza, já que a direita, ao recusar um paradigma igualitário, fomenta, intrinsecamente, a iniquidade e o desequilíbrio.
Num registo diferente, para lá das fronteiras da política oficial, o tema da pobreza mobiliza outras militâncias. Mas sempre numa lógica marginal.
Das várias instituições de solidariedade social As mais diversas organizações ad hoc, passando pelo decisivo papel da Igreja Católica, É facto que se consolidaram, um pouco por toda a parte, redes de apoio que acodem, numa abordagem de proximidade, às situações mais dramáticas (A <quem tem duas túnicas reparta com quem não tem nenhuma e quem tem mantimentos faz o mesmo», Lc 3,11). Contudo, fazem-no sem nunca desafiar o sistema, sem nunca o pôr em causa em causa. Como que agindo num quadro de necessidade, cujo sentido jamais questionam.
Portanto, entre a ausência de influência dessa esquerda anacrónica e o estatuto apolítico desta malha de solidariedade, a pobreza fica entregue a si própria. Politicamente não existe. Não se faz causa, não é bandeira. A esquerda já reconhece e, por isso, estiola. A direita, pior, ignora-a e, assim, claudica.
No arco do poder, a demissão política é então, total e escandalosa.
Como poucos, o tema interpela, convoca e responsabiliza. Mas a verdade É que os atores do momento não reagem. Aqui e ali, se o pretexto surge, o apelo parece dirigido ao bom coração de cada um. Mas nada mais. Como se fosse matéria de corações!
E o silêncio pesa. Tal é o deserto de ideias e de propostas de ação.
Condenado à abundância e incapaz de resolver a necessidade mais extrema, o mundo parece resignado a conviver com os seus pobres.
Mas se a política pode ser sonho, vale a pena pensar no dia em que o incómodo daqueles que pagam impostos e legitimam governantes se fará ouvir. O dia em que todos, homens e mulheres de reta intenção, levantaremos a voz para denunciar a falácia de uma democracia que condescende com insuportáveis carências básicas.
Porque, nesse dia, os 200.000 sentar-se-ão à nossa mesa. E nós, pelo exercício da exigência responsável, teremos, enfim, recuperado a nossa dignidade essencial.
Narciso debruçou sobre a fonte para banhar-se e viu, surpreso, uma bela figura que o olhava de dentro da fonte. "Com certeza é algum espírito das águas que habita esta fonte. E como
Os mitos nos ajudam a entender as relações humanas e guarda em si a chave para o entendimento do mundo e da nossa mente analítica. A mitologia grega, repleta de lendas históricas e contos sobre deuses, deusas, batalhas heroicas e jornadas no mundo subterrâneo, revela-nos a mente humana e seus meandros multifacetados. Atemporais e eternos, os mitos estão presentes na vida de cada Ser humano, não importa em que tempo ou local. Somos todos, deuses e heróis de nossa própria história.
Narciso, um jovem de extrema beleza, era filho do deus-rio Cefísis e da ninfa Liríope. No entanto, apesar de atrair e despertar cobiça nas ninfas e donzelas, Narciso preferia viver só, pois não havia encontrado ninguém que julgasse merecer o seu amor. E foi o seu desprezo pelos outros que o derrotou.
Quando Narciso nasceu, a sua mãe consultou o adivinho Tirésias que lhe predisse que Narciso viveria muitos anos desde que nunca se conhecesse a si mesmo. Narciso cresceu tornando-se cada vez mais belo e todas as moças e ninfas queriam o seu amor, mas ele desprezava a todas. Certo dia, enquanto Narciso descansava sob as sombras do bosque, a ninfa Eco se apaixonou por ele. Porém tendo-a rejeitado, as ninfas jogaram-lhe uma maldição: - Que Narciso ame com a mesma intensidade, sem poder possuir a pessoa amada. Némesis, a divindade punidora, escutou e atendeu ao pedido.
Naquela região havia uma fonte límpida de águas cristalinas da qual ninguém se havia aproximado. Ao se inclinar para beber água da fonte, Narciso viu a sua própria imagem refletida e encantou-se com a sua visão. Fascinado, Narciso ficou a contemplar o lindo rosto, com aqueles belos olhos e a beleza dos lábios, apaixonou-se pela imagem sem saber que era a sua própria imagem refletida no espelho das águas.
Por várias vezes Narciso tentou alcançar aquela imagem dentro da água mas inutilmente; não conseguia reter com um abraço aquele ser encantador. Esgotado, Narciso deitou na relva e aos poucos o seu corpo foi desaparecendo. No seu lugar, surgiu uma flor amarela com pétalas brancas no centro que passou a se chamar, Narciso.
Rendimento das famílias cresce (?), mas poupança continua a afundar-se.
O rendimento das famílias portuguesas cresce há quatro trimestres consecutivos, mas isso não está a impedir a poupança de renovar mínimos históricos. No último trimestre de 2015, voltou a cair. Desta vez, para 4,2% do rendimento disponível.
- Com estas previsões, ou outras, da taxa de Inflação para 2017, (valores entre 1,3 e 1,4), mais a taxa de juro zero, quem levou uma vida a juntar poupanças depositadas num banco, está em risco de ficar sem dinheiro!
- Como noutros Domingos, saí de casa para comprar o jornal. A média distância, avistei dois adultos na conversa, no meio do passeio. Dada a distância, só me ia apercebendo dos gestos largos, que ambos faziam. Aproximando-me mais, percebi que falavam de “ austeridade e rendimento disponível”. Percebi também, que falavam de juros e impostos indirectos! Isto, a propósito de um certo governante, a quem acusavam de “cheio de manha”, ter afirmado que o seu governo tinha aumentado o “rendimento disponível” das pessoas logo, ter com isso reduzido a “austeridade”.
- Um dos dois empertigou-se e exclamou: “ Mas o rendimento disponível” caiu.”
O valor que as famílias dispõem para afectar à despesa de consumo final ou à poupança, já depois de pagos os impostos).
Em boa verdade há políticos que utilizam as palavras, na convicção de que as pessoas não sabem o que elas querem dizer e de que todos são “burrinhos”. A manha está com eles, e sem cerimónia, calam até os jornalistas!
Vejamos; o tal “Rendimento disponível” é a importância que uma família tem para se governar, por exemplo, num mês. Esta importância, mesmo quando tenha aumentado, ela pode, em valor absoluto, ser inferior à mesma, do ano anterior.
A política dos governantes “manhosos” é de facto jogar com as palavras!
Mesmo esquecendo que alguns governos têm tratado muito mal os reformados, principalmente os reformados fora da função pública, aqueles que de facto as pagaram antecipadamente. Não esquecendo também, a taxa de inflação que deveria ter sido aplicada às suas reformas, e não foi! Este e outros factores, como a política de impostos (directos e indirectos), seguida ultimamente, atiram com o rendimento disponível para valores inferiores aos seus antecedentes homólogos!
LOGO, A AUSTERIDADE É SUPERIOR AOS ANOS ANTERIORES!
Por vias tortuosas, sem dúvida, mas é-o sem motivo para “manhosices”!