Para este propósito, parte-se do pressuposto de que observar o discurso é ir além da língua, é analisar as regras do seu uso, pois acredita-se que um sujeito, ao falar ou escrever, leva em consideração aqueles para quem o seu discurso é dirigido e os objetivos do debate.
Um outro ponto a salientar refere-se ao papel da média como formadora de opinião. Noutras palavras, a maneira como ela informa, interrompe e conduz os discursos dos candidatos a respeito de determinados fatos, matérias, acontecimentos, ou mesmo na distribuição dos tempos de antena! Tudo isto, pode influenciar e conduzir milhões de telespectadores.Não podemos esquecer que a TV forma, ou reforça a opinião pública e este é o seu poder. A grande maioria dos portugueses, não lê; informa-se pela televisão e isso constitui uma grande responsabilidade para tais organismos controladores do poder.
Ontem, quer do ponto de vista do conteúdo, quer do ponto de vista da mecânica dos debates, quem saiu vencedor? Passos ou Costa?
Assistiu-se a um PM que estando preso aos factos da governação, em conjuntura muito adversa, pouco mais pode fazer do que justificar-se, perante alguém com argumentação livre, com guião fantasista, difícil de contrariar por falta de contraprova. As previsões que suportam os argumentos de Costa, são meras conjeturas, difíceis de contrariar antes de acontecerem os factos a que se reportam.
Neste, como noutros debates idênticos, as perguntas só poderiam incidir sobre três questões! Ou seja, passado, presente e futuro. A vida de um país altamente endividado, está carente de uma análise fria e competente sobre estas três palavras. Ontem, hoje e amanhã, estarão sempre naquilo que for acontecendo, sem quaisquer possibilidades de mudanças milagrosas. Assim, encontrámos um Passos Coelho muito bem preparado para falar de tudo isto (com retórica mais ou menos professoral). Por outro lado, tivemos pela frente um António Costa que fugiu do passado como o diabo da cruz (pudera!). O momento em que o partido de Costa meteu o nosso país na bancarrota, precisa de um estadista competente em gestão e firme no manejo de números gigantes. De outro modo, em lugar de três bancarrotas, somos atirados para a quarta, sem dó nem piedade!
As várias referências que fez a números, foram de uma incapacidade gritante. -Costa argumentou que o governo se comprometeu com corte nas pensões de 600 milhões, mas não confessa que prevê entre 2016 e 2019, arrecadar 1.360 milhões de euros, com o congelamento das pensões (pagina 12 “Estudo do Impacto Financeiro do Programa Eleitoral do PS”) o que constitui cortes implícitos, por erosão do poder real de compra das pensões. Quando fala da despesa do Estado, diz que o seu partido deixou a dívida em 96% do PIB, e que hoje ela está em 120 e tal %! Esquece este senhor que o dono da Tróica, nas imensas obras faraónicas que fez, utilizou as famosas PPP, ou seja, fez sempre desorçamentação! Melhor dizendo, transformou Portugal no país europeu com mais autoestradas por Km2 e remeteu as dívidas envolvidas para pagamentos até 2030/40! Tais despesas, se tivessem sido orçamentadas e pagas no ano em que foram inauguradas, atirariam com a despesa para muito mais que os actuais 120%! Enfim, foram tantas as despesas com este tratamento e erros de gestão decididos, que nenhum governo do mundo os conseguiria pagar antes de meados DESTE SÉCULO. Por último, iremos esquecer como o senhor presidente da Câmara de Lisboa conseguiu diminuir as dívidas da sua autarquia, mesmo andando há muito em plena campanha eleitoral!
Como de costume, os políticos, jornalistas e supostas entidades públicas etc. dão hoje a vitória ao António Costa! Esta envolvente de bem com a vida, arrasa tudo e todos, principalmente o próprio país!
Tudo isto ao longo dos anos, haveria de conquistar o coração das populações das redondezas que, de facto, nutriam grande simpatia e respeito por esta quinta, sabiamente gerida durante séculos. Socialmente e numa época em que nenhuns direitos havia para aqueles que trabalhavam na vida do campo, os seus gestores tinham, eles mesmos, deixado a semente do respeito pelos outros, que induziria os futuros e mais significativos donos desta quinta, a fornecerem assistência médica, colónia de férias etc., e outros cuidados sociais, até aí inexistentes no país de então.
Por esta altura da 5ª. Feira da Ascensão já se podiam comer alguns frutos maduros. As searas tinham a cor amarela da sua perfeita maturação. As hortas tinham de tudo, pois a natureza era pródiga, ajudada pela qualidade das terras e pela abundância de água para rega. Ao cair da noite esvoaçavam morcegos por todo o lado e nas noites quentes do fim de Maio as crianças corriam atrás dos pirilampos, que em ziguezagues se escapavam pelos ares.
O potente sino que se fazia ouvir em toda a quinta, badalava agora mais cedo e mais tarde, era a hora de verão. O sino marcava há anos o inicio e o fim da jornada de trabalho diário e também no rebate a fogos. No pino do sol, no verão, passava a tocar quatro vezes ao dia em consequência do calor e da necessária “sesta”.
A nossa criança não esquecerá nunca o primeiro ano em que frequentou a escola primária! A escola era propriedade dos donos da quinta e a professora, devidamente certificada, era paga pela quinta. No final de cada ano, mesmo no primeiro ano da primária, os alunos tinham de deslocar-se a uma distância de 5 quilómetros, onde havia uma escola oficial. Nela e num dia só, tinham de fazer uma prova perante um júri oficial!
Naquele ano, como nos outros, a quinta oferecia aos alunos e professora transporte numa galera puxada por dois cavalos. Porém desta vez os alunos e a professora regressaram todos com lágrimas nos olhos e muita tristeza no coração! A criança de que falamos também, embora fosse o melhor da turma.
Por muito que tentassem compreender não conseguiam. Nos dias seguintes os mais velhos murmuravam ter sido o “chumbo” motivado por vinganças políticas! Teria sido verdade, pois o ambiente no país era de vingança com os proprietários, por serem proprietários e terem a sua própria visão. Os outros só desejavam que o Estado tudo controlasse! Disto a nossa criança não se esquece.
Assistia-se a um clima absolutamente insustentável nas escolas: uma tremenda instabilidade emocional com reflexos óbvios e incontornáveis na dimensão pedagógica do ensino; uma incompreensão e desilusão que se aliam a um esgotamento e cansaço colectivo entre os professores, que prejudica a sua disponibilidade para a tarefa central que lhes deveria ser exigida. EDUCAR CRIANÇAS E SÓ ISSO:
Confesso que é uma expressão que causa, certamente, calafrios a qualquer pessoa de bem. Num mundo em que vivemos, no qual a condição humana é tão perene, serão muito poucos aqueles que poderão merecer que se lhes estenda a passadeira. E esses, se fosse o caso, seriam exactamente eles próprios, os primeiros a recusar tal honraria!
Uma passadeira estendida, só para o criador deste universo fabuloso em que vivemos.
Claro, que não penso ser merecida tal honraria, para aquele Presidente de Junta que mandou pintar uma passadeira de peões, mesmo à sua porta! Ou que sejam necessárias tantas passadeiras de peões, como já se viram pintadas nas ruas de um pequeno bairro da minha terra!
Todavia, se pensarmos num acto heróico de alguém que pôs em risco a sua própria vida para salvar quem nem conhecia, neste alto serviço público já o caso muda muito de figura, deveremos obrigatoriamente estender a passadeira, de preferência vermelha.
Na freguesia de Queijas, por exemplo, temos uma instituição sediada em Linda – a – Pastora com largo prestigio internacional, e que muito nos honra.Oficialmente designa-se por Congregação das Irmãs Hospitaleiras da Imaculada Conceição, quem as conhece integra-as na Obra Social Madre Maria Clara.Existem desde 1871 e fixaram-se em Linda - a - Pastora por volta de 1990. Prestaram e prestam um apoio quase invisível mas, sem o qual, muita gente passaria por grandes dificuldades.
Madre Maria Clara do Menino Jesus (1843-1899) sempre impelida pela mesma ânsia de a todos socorrer, enviou as suas Irmãs a Angola, em 1883, à Índia em 1886, à Guiné e a Cabo Verde, em 1893 e nunca mais parou. Nos sete bairros de barracas na ex- Freguesia de Queijas, animaram, acarinharam e deram todo o seu apoio àquela gente toda que vivia em barracas e dormia no chão!
Sob o lema " Onde houver o bem a fazer, que se faça ", a obra da Congregação é muito vasta e a partir da antiga Quinta de Cesário Verde, em Linda - a – Pastora, são hoje geridas obras espalhadas pelo mundo fora: Pontevedra, Roma, Bombay, Margão-Goa, Philippines, Salvador da Baía etc.
A fundadora desta “ Obra “ tem, merecidamente, uma estátua em Queijas e a sua instituição é igualmente merecedora que se lhe estenda a passadeira vermelha.
Parece-me, por isso, de elementar justiça que na frente da sua entrada principal seja recolocada uma passadeira de peões ( já lá esteve) de modo a tornar mais fácil a vida destas Irmãs que diariamente se deslocam às paragens dos transportes públicos, muitas vezes para irem ajudar quem necessita.
Ao contrário dos nossos políticos, não têm bons carros de serviço, nem reformas douradas. Andam a pé e vivem modestamente como toda a gente.
Aos autarcas, exige-se uma política de proximidade, sempre atenta, a quem presta grandes serviços públicos, as mais das vezes a troco de pouco ou nada. Muitas vezes até, a troco de difamações repelentes e nojentas!
O cidadão português não se compenetrou, ainda, dos seus direitos e, mesmo quando isso não é verdade, reage por comodismo ou simples falta de atitude, não reclamando! Terá sido por esta razão que, em 2005 se tenha tornado obrigatório o uso do “ Livro de Reclamações”
“As exigências das sociedades modernas e a afirmação de novos valores sociais têm conduzido, um pouco por todo o mundo, ao aprofundamento da complexidade das funções do Estado e à correspondente preocupação da defesa dos direitos dos cidadãos e do respeito pelas suas necessidades, face à Administração Pública.
Uma resposta pronta não se compadece com métodos de trabalho anacrónicos e burocráticos. Também eleitoralistas, e pouco próprios das modernas sociedades democráticas!
Na rua ouvem-se muitas coisas, mesmo sem querer, quando as pessoas desabafam umas com as outras. Foi dessa forma que um punhado de gente ouviu a lamentação e indignação de uma mãe que terá ido à Junta da sua terra expor um problema familiar íntimo, e pedir ajuda. Teve de fazê-lo à frente de todos os funcionários.
Para melhor a ouvirem, todos os funcionários pararam o trabalho, enquanto ela era atendida.
Mesmo assim, não falando alto, o atendimento num “ espaço aberto ” coloca qualquer um ou uma, numa situação desagradável e, por via disso, ela tinha sabido que o seu lamento, andava na rua, de boca em boca.
Dá – se o caso de as instalações daquela Junta já ter tido boas condições para um atendimento personalizado, obtidas com onerosos recursos financeiros. Para que qualquer cidadão pudesse ser atendido dentro de uma cultura de serviço público aprofundado e cuidado, orientada para melhor servir os cidadãos, pautando – se pela eficácia, descrição e qualidade.
Na Junta em causa tais objectivos foram atingidos com um funcionário em atendimento permanente, quando solicitado, num espaço reservado e acolhedor. As pessoas em espera, ficavam comodamente sentadas numa antecâmara, esperando a sua vez. Quando um funcionário tivesse de se ausentar, chamaria outro colega, de modo a haver, sem demora, alguém que atendesse.
Tudo que foi feito ficou exarado no “ Regulamento Orgânico da Junta” aprovado pelo executivo e discutido e aprovado por unanimidade na Assembleia de Freguesia.
Tal Regulamento fez levar à prática o conteúdo do decreto – Lei n.º 135/99 de 22 de Abril, que considerou, e bem, que os serviços públicos estão ao serviço do cidadão, em particular, e da sociedade civil em geral.
Dois compartimentos quadrados, em boa madeira, foram imaginadas para proteger a privacidade e poderem servir também de arquivo, aos documentos mais necessários num atendimento célere.
Logicamente, que os funcionários, para que pudessem efectivar um bom desempenho deviam, também, ter boas condições de trabalho. E tiveram.
Nos mandatos seguintes, a mentalidade reinante fez “ finca pé “ nos defeitos mais drásticos dos políticos de Portugal e que se podem resumir nas expressões:
“ Os tipos que perderam eram uns “ burros “ e só fizeram asneiras “.
Ou então: “ A culpa foi do governo anterior”, toca a mudar tudo ….