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O ENTARDECER

O ENTARDECER

O NOSSO ENTARDECER

O nosso sentir, não pode morrer. Sem sentirmos o que sentimos, não seríamos nós mesmos.

Começo a sentir o meu entardecer. Todo o ser humano acaba por senti-lo. No fundo é uma nova vida que chega, com um sentir muito mais lato. 

Nem de propósito! Tinha acabado de me aprontar para sair, quando ouvi tocar a campainha da porta. Apressei-me para ver quem tocava e, mesmo dali, deparei-me com um jovem que acompanhei em todo o seu evoluir para homem. De tristeza estampada no rosto disse-me: vizinho é para lhe dizer que o meu pai morreu esta noite!

Pouco ou nada consegui dizer. Tal o embaraço que se apossou de mim! Havia falecido o meu vizinho de mais de cinquenta anos!

É verdade, o senhor Orlando partiu para algum lado onde todos seremos vizinhos, mesmo sem portas ou janelas. Mas mais livres, também, E, acima de tudo, muito muito solidários.

Se eu vinha sentindo o entardecer, tal convicção tomou-me por inteiro. Voltei para dentro, precisava de meditar no Homem que somos. Se sempre lutei por mudanças no mundo a favor de todos, sem qualquer exceção, desta vez apercebi-me que tais mudanças teriam de ser feitas na minha própria vida. É hora de mudar Não em torno da política ou economia, mas da sacralidade da pessoa humana, e dos valores inalienáveis, como pede o Papa A luta que abracei com coragem, em todo o meu passado, para que se pudesse olhar com confiança o futuro no mundo, e para se pudesse viver nele, plenamente, a esperança e a dignidade, vai entrar noutra rota. Uma rota da minha disponibilidade numa luta individual, pode despertar algumas consciências, mas as coisas não se alteram!

A perda (?) do vizinho não sai do meu pensamento. Muitas vezes saíamos em simultâneo de casa e eu via-o trazer a gaiola do seu canário, que pendurava na parede exterior da sua casa. Em breve começaria uma sinfonia espantosa nesta ave! Efeitos sonoros de alta qualidade, um canto melodioso. Adorava ouvirem o seu trinado

Por outro lado, sentia pena que o canário, estivesse aprisionado numa gaiola. A melodia que entoava, sem cansaço, seria certamente muito mais bonita cantada do alto de uma árvore e em plena liberdade.

Se os pássaros não foram feitos para viver aprisionados, muito menos o Homem o foi. Assim não poderá viver, ou seja, sem ser plena liberdade! Submeter o Homem aos pecaminosos interesses de grupo, ou outra dependência intelectual qualquer é, também, limitá-lo e tolher-lhe as suas aptidões de ser humano.

Disposto estou, a pôr as minhas últimas forças ao serviço dos valores inadiáveis da sociedade e estes ao serviço da sacralidade da pessoa humana, Assim mesmo, terminarei a minha atividade no blog luzdequeijas e tentarei desbravar outros caminhos mais consentâneos com o cansaço do entardecer a que fiz alusão. Sem perder a dignidade conquistada no meu passado de lutador pela verdade.

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