Lá fora não conhecem Portugal, não conhecem os portugueses. Essa coisa de nos retratarem como saloios é o que se vê nos filmes. A personagem portuguesa permanece sempre a de um labrego, barrigudo, com bigode.
Rafael Bordalo Pinheiro, vai a caminho de dois séculos, sentiu absoluta necessidade de criar uma “figura” bem representativa do português comum.
Ficou tal figura conhecida até aos nossos dias por Zé Povinho.
De calças remendadas e botas rotas, é a eterna vítima dos partidos apesar de ir dando a vitória ora a um, ora a outro.
A realidade é muito diferente, embora com as características que sempre existiram e existem. Contudo, quando lá fora ouvem falar de nós, nos últimos anos, é quase sempre pelas piores razões:
”Os portugueses querem, é música e vinho verde!”
Lêem-se casos de mau profissionalismo em muitos jornais ingleses, mas casos de corrupção, de má gestão e falta de empenho nos serviços públicos não são casos de todos os dias. São casos raros.
A culpa vai direitinha para a nossa comunicação social! Porquê? Parece ser toda muito leal ao poder político e, principalmente, para com aqueles que estão no poder. Fazer pensar e levar ao conhecimento da população assuntos de interesse nacional, parece fora de moda!
Em Portugal, as palavras acusatórias vão sobretudo para os políticos e para a sua grande trapaça, mas em surdina! Falar alto é muito perigoso, o “sistema” tem “mão de ferro”. Daí o tal medo.
Não vão longe os tempos, em que o homem que fugia aos impostos era um grande herói! Aquele que conseguia dar a volta ao Estado, e evitava pagar 50 euros em impostos, era o campeão. Andar no limite de velocidade nas estradas ou conseguir estacionar sem pagar, eram pequenas vitórias do dia-a-dia. Enfim ser diferente e abusador, dava jeito e fama.E nada disso era uma grande aventura.
Vejam aquele verso de O"Neil:
"Em Portugal a aventura termina na pastelaria." Parece que tudo tem uma escala de bairro”.
Afinal, milhares de portugueses acabam por fugir do seu país para fazerem uma coisa maior, lá fora.É frequente no estrangeiro, e de repente, que os portugueses sejam motivo de orgulho, engrandeçam e enriqueçam. Em Portugal são apupados ou mesmo, ignorados?
Sim. É muito sufocante a rigidez da sociedade, o seu pessimismo. Mas pode resultar, e vê-se que quando vão para fora, resulta.
Os portugueses, fora de Portugal, são trabalhadores, muito bem vistos, desde os anos de 1960, em França.
As multinacionais que estão em Portugal adoram os trabalhadores portugueses. Os portugueses podem conseguir tudo, mas têm de passar a acreditar que o conseguem. Porque são, na maioria, engenhosos, muito habilidosos e trabalhadores!
Também é forçoso falarmos da qualidade das elites, dos que organizam, mal ou bem, dos que apontam directrizes ao povo. Neste caso não temos uma organização que nos permita trabalhar em parceria, com associativismo, fazer um trabalho produtivo em conjunto com os colegas.
As elites, por exemplo têm medo de perder aquela coisa a que estão agarradas, ou seja ao poder. Deixar alguém subir é correr o perigo de perder a sua coisinha e ganhar um concorrente!
Em relação à organização, é como a história dos forcados: têm sucesso porque se unem à volta de um objectivo comum. Mas não é uma característica portuguesa, aquilo a que se chama associativismo.
Os portugueses têm mais talento, mas não o aproveitam unindo-se, organizando-se, para atingir um objectivo conjunto.
Conseguindo-se perceber e corrigir a raiz desta dificuldade que temos em ser organizados e em trabalharmos uns com os outros, atingiremos os melhores objectivos.
Ainda é difícil. É cada um por si.
A ambição também é mal vista em Portugal.
Uma pessoa ambiciosa tenta sempre chegar mais além. Fá-lo porque se acha melhor que os outros. Então, não passa de um oportunista para os outros.
E aqui temos outra característica dos portugueses! Gostar de fazer heróis e colocá-los no poder, mas, depois disso, também gostam de os derrubar, deixando-os cair com estrondo!
E é melhor nivelar por baixo. Pois há uma série de expressões com uma carga pejorativa para os que sobem socialmente:
- "Alpinista social" é um bom exemplo. As pessoas sentem-se ameaçadas porque outras conseguem o que elas ou não conseguiram,
- As pessoas sabem quais são os problemas de Portugal, os portugueses sabem muito melhor do que ninguém quais são os problemas de Portugal. Sabem o que era preciso fazer; mas não o fazem.
- No campo político, o pior dos defeitos, é desconhecerem as condições em que vivemos neste mundo. Ter convicções, não seria mal de todo. Mas, esquecer que Deus nunca põe os ovos todos no mesmo cesto é mau.
- Convém referir e salientar, que a maioria do povo continua a ter um “fraco pelo socialismo”! Não se trata de idealismo, mas de inveja por aquilo que os outros têm, e eles não têm!
- Se tivessem uma situação mais confortável, mudariam logo, pelo menos a maioria! Este não parece ser caminho para defender o interesse nacional, sem o qual não iremos a lado algum!
- Faltam-nos: ambição, autoconfiança, e crença nas possibilidades de Portugal.
É verdade.
Queixam-se muito, mas também gostam. Se os portugueses não gostassem da vida que levam em Portugal, já tinham mudado. Gostam de ir almoçar durante uma hora e meia, duas horas, à sexta-feira. E trabalhar só 35 horas semanais, Quem lhe permitir e facultar este devaneio, ganha as próximas eleições.
Estamos a falar de passividade. “Deixem-me viver descansado”!
- Quando se estava a fazer a reportagem dos 250 anos do Terramoto de Lisboa e se andava pela Mouraria e Alfama, perguntavam às pessoas na rua, se não tinham medo de que houvesse outro terramoto; elas respondiam:
Portugal é um país maravilhoso para "balões de ensaio. Pouco já há para vender!
Quando o grito de alarme sobre a água vem do povo alemão ficamos com a certeza que em breve nos humilharão com mais esta ação da ditadura económica que os grandes grupos económicos mundiais têm vindo a impor de forma programada, sofisticada e arrasadora, começando pelos países mais corrompíveis!
Espero , nos anos de vida que me restam, ver crescer os meus netos integrados numa nova geração universal mais séria e consciente dos verdadeiros valores que a humanidade carece, em que a Justiça atue e seja só uma, em que a ação social proteja, de forma digna e não com esmolas, os mais desfavorecidos e em que os dinamizadores honestos de uma sociedade, mais humana, mais culta, mais justa, mais saudável ,mais progressiva, não sejam penalizados e recebam incentivos para que em harmonia possam continuar o seu fundamental trabalho.
A escuridão dos próximos tempos é assustadora. A nossa cultura secular de sobrevivência é um antidoto que seremos capazes de utilizar.
Estejamos atentos e solidários para com um inimigo comum que só nos comprará a alma se formos fracos.
Os mitos nos ajudam-nos a entender as relações humanas e guardam em si a chave para o entendimento do mundo e da nossa mente analítica. A mitologia grega, repleta de lendas históricas e contos sobre deuses, deusas, batalhas heroicas e jornadas no mundo subterrâneo, revela-nos a mente humana e os seus meandros multifacetados. Atemporais e eternos, os mitos estão presentes na vida de cada Ser humano, não importa em que tempo ou local. Somos todos, deuses e heróis de nossa própria história.
Narciso, um jovem de extrema beleza, era filho do deus-rio Cefísis e da ninfa Liríope. No entanto, apesar de atrair e despertar cobiça nas ninfas e donzelas, Narciso preferia viver só, pois não havia encontrado ninguém que julgasse merecer o seu amor. E foi o seu desprezo pelos outros que o derrotou.
Quando Narciso nasceu, a sua mãe consultou o adivinho Tirésias que lhe predisse que Narciso viveria muitos anos desde que nunca se conhecesse a si mesmo. Narciso cresceu tornando-se cada vez mais belo e todas as moças e ninfas queriam o seu amor, mas ele desprezava a todas. Certo dia, enquanto Narciso descansava sob as sombras do bosque, a ninfa Eco apaixonou-se por ele. Porém tendo-a rejeitado, as ninfas jogaram-lhe uma maldição: - Que Narciso ame com a mesma intensidade, sem poder possuir a pessoa amada. Némesis, a divindade punidora, escutou e atendeu ao pedido.
Naquela região havia uma fonte límpida de águas cristalinas da qual ninguém se havia aproximado. Ao se inclinar para beber água da fonte, Narciso viu a sua própria imagem refletida e encantou-se com a sua visão. Fascinado, Narciso ficou a contemplar o lindo rosto, com aqueles belos olhos e a beleza dos lábios, apaixonou-se pela imagem sem saber que era a sua própria imagem refletida no espelho das águas.
Por várias vezes Narciso tentou alcançar aquela imagem dentro da água mas inutilmente; não conseguia reter com um abraço aquele ser encantador. Esgotado, Narciso deitou na relva e aos poucos o seu corpo foi desaparecendo. No seu lugar, surgiu uma flor amarela com pétalas brancas no centro que passou a se chamar, Narciso.
braços na fonte para abraça-lo. Porém, ao contato de seus braços com a água da fonte, o ser sumiu para voltar depois de alguns instantes, tão belo quanto antes.
- Porque me desprezas, bela criatura? E por que foges ao meu contato? Meu rosto não deve causar-te repulsa, pois as ninfas me amam, e tu mesmo não me olhas com indiferença. Quando sorrio, também tu sorris, e responde com acenos aos meus acenos. Mas quando estendo os braços, fazes o mesmo para então sumires ao meu contato.
Suas lágrimas caíram na água, turvando a imagem. E, ao vê-la partir, Narciso exclamou:
- Fica, peço-te, fica! Se não posso tocar-te, deixe-me pelo menos admirar-te.
Assim, Narciso ficou por dias a admirar sua própria imagem na fonte, esquecido de alimento e de água, seu corpo definhando. As cores e o vigor deixaram seu corpo, e quando ele gritava "Ai, ai", Eco respondia com as mesmas palavras. Assim o jovem morreu.
As ninfas choraram seu triste destino. Prepararam uma pira funerária e teriam cremado seu corpo se o tivessem encontrado. No lugar onde faleceu, entretanto, as ninfas encontraram apenas uma flor roxa, rodeada de folhas brancas. E, em memória do jovem Narciso, aquela flor passou a ser conhecida pelo seu nome.
Dizem ainda, que quando a sombra de Narciso atravessou o rio Estige, em direção ao Hades, ela debruçou-se sobre suas águas para contemplar sua figura.isse, admirando os olhos brilhantes, os cabelos anelados como os de Apolo, o rosto oval e o pescoço de marfim do ser. Apaixonou-se pelo aspecto saudável e pela beleza daquele ser que, de dentro da fonte, retribuía o seu olhar.
Não podia mais se conter. Baixou o rosto para beijar o ser, e enfiou os braços na fonte para abraça-lo. Porém, ao contato de seus braços com a água da fonte, o ser sumiu para voltar depois de alguns instantes, tão belo quanto antes.
- Porque me desprezas, bela criatura? E por que foges ao meu contato? Meu rosto não deve causar-te repulsa, pois as ninfas me amam, e tu mesmo não me olhas com indiferença. Quando sorrio, também tu sorris, e responde com acenos aos meus acenos. Mas quando estendo os braços, fazes o mesmo para então sumires ao meu contato.
Suas lágrimas caíram na água, turvando a imagem. E, ao vê-la partir, Narciso exclamou:
- Fica, peço-te, fica! Se não posso tocar-te, deixe-me pelo menos admirar-te.
Assim Narciso ficou por dias a admirar sua própria imagem na fonte, esquecido de alimento e de água, seu corpo definhando. As cores e o vigor deixaram o seu corpo, e quando ele gritava "Ai, ai", Eco respondia com as mesmas palavras. Assim o jovem morreu.
As ninfas choraram o seu triste destino. Prepararam uma pira funerária e teriam cremado o seu corpo se o tivessem encontrado. No lugar onde faleceu, entretanto, as ninfas encontraram apenas uma flor roxa, rodeada de folhas brancas. E, em memória do jovem Narciso, aquela flor passou a ser conhecida pelo seu nome.
Dizem ainda, que quando a sombra de Narciso atravessou o rio Estige, em direção ao Hades, ela debruçou-se sobre suas águas para contemplar sua figura.
As lembranças da nossa infância, perduram para sempre!
Apanhar fruta na árvore, nadar em rio, pescar e viver uma vida mais saudável estão em quase todas as recordações, de qualquer ser humano.
Normalmente, quando olhamos para o nosso passado, sobretudo para quando éramos crianças, o que nos vem à cabeça é uma grande nostalgia e temos a tendência de considerar aqueles tempos de enorme felicidade, mas que não voltarão.Quem não gosta de perder tempo, a lembrar-se de cada uma dessas histórias que não conseguimos apagar?
Contudo, a realidade dura e crua da vida, acaba sempre por nos levar para o futuro, no qual e apesar de tudo temos uma palavra a dizer.
Não podemos, nem devemos querer, ignorar o realismo de viver o presente, sem, contudo deixarmos deixar de questionar o futuro. Afinal, acabamos por nos repartir pelo passado, presente e futuro.
Apanhar frutas, sozinho ou com amigos, era um dos divertimentos com mais aventura. E apanhá-la no mais alto possível, fazendo malabarismo e correndo o risco de uma queda que poderia causar problemas. Neste caso, quando mais difícil, melhor.
- Tomar banho em rio! E não era só isso, não. Fazíamos de uma pedra um grande escorregador, saindo em escorregadela e mergulhando mais à frente. Ah! Como era divertido. E não tínhamos, mais uma vez, nenhuma noção de perigo. Alguns sustos apareciam de permeio.
-Pescar e caçar - No primeiro caso, pescava-se, com canas improvisadas, no rio da nossa terra, depois, no segundo caso, no tempo da apanha da azeitona, podia-se apanhar um ou outro coelho, mais distraído, e alguns pássaros na mata próxima da casa, que, eram preparados pela minha mãe, para toda a família. Hoje não se faria nada disto! Tempo, de muita carência e enormes dificuldades para gerir um orçamento, bem magro.
A descoberta da leitura – Da infância para a adolescência descobre-se a leitura e a viagem que ela proporciona. Inicialmente, em revistas de adultos e jornais. Depois, nos livros, emprestados por amigos, ou da biblioteca ambulante, de onde se podia. Foi, sem dúvida, um tempo muito divertido. Posso, no meu caso, considerar-me um privilegiado por ter tido uma infância rica em experiências e, ao mesmo tempo, protegido no meio da família. Foi, também, um tempo rico de aprendizagem, e de ver como o mundo era, logo, preparando-nos para ele. E, desta forma, íamos formando o nosso caráter.
Preciso reviver, eu bem sei, Mesmo que só na lembrança, Voltar à minha antiga casa, Rever a minha infância e todos os momentos felizes que lá passei.
O estudo das ruas apresenta-se com relevância em muitos aspectos, principalmente porque não se pode conceber uma cidade sem as mesmas. Os múltiplos encontros realizados nas cidades são mantidos e alimentados pelas trocas, que estabelecem as relações sociais. A rua, então, passa a ser, por excelência, o grande palco das sucessivas cenas e dramas, enfim, lócus das diversas representações da sociedade.
Algumas abordagens teóricas
Para determinadas pessoas, a rua é mais que um simples passar de transeuntes, ela possui uma “alma encantadora”, como nos informa João do Rio, que com seu potencial literário descreveu o amor que sentia pelas ruas, revelando de maneira subtil os seus movimentos. Para ele, a rua não é um simples alinhamento de fachadas, ela é agasalhadora da miséria, é o aplauso dos medíocres, dos infelizes, dos miseráveis da arte. A rua é generosa, é transformadora de línguas,matando substantivos, transformando a significação dos termos, impondo aos dicionários as palavras que inventa. (1995: 4)
Na visão dos arquitetos e urbanistas, por exemplo, as ruas ligam os múltiplos pontos de interesse particular ou semipúblico, formando o que Santos chama de uma rede de canais livres e de propriedades coletivas. Se não existissem, não haveria troca de espécie alguma, pois servem de suporte ao deslocamento de pessoas, veículos, mercadorias, informações (1988:91). O autor fala-nos ainda das multiplicidades da rua com as suas inúmeras funções e apropriações como suporte não só da arquitetura, que por si só é obra das relações humanas, mas também como local de encontro.
Para alguns autores da Geografia, a rua é vista como uma dimensão concreta da espacialidade das relações sociais num determinado momento histórico, mais do que isso, nas ruas se tornam perceptíveis às formas de apropriação, nelas se afloram as diferenças e as contradições que envolvem o cotidiano, enfim, as ruas se revelam como elemento importante de análise da sociedade.
Segundo Carlos (1996:88), no transcurso de um dia é possível presenciar que as Ruas da cidade são tomadas por passos com ritmos diferenciados, com destinos diferentes. A autora afirma que as ruas guardam múltiplas dimensões, portanto, podem ter o sentido de passagem; o sentido de fim em si mesmas quando seu uso se volta para a realização da mercadoria; o de mercado, onde camelôs e feiras reúnem pessoas; o de festa; o de reivindicação; o de apropriação como território e, finalmente, o sentido de encontro.
Lefebvre (1999), em seu livro A Revolução Urbana, apresenta argumentos favoráveis e contrários à dinâmica da rua. Em sua análise, o autor afirma que a rua é mais que um lugar de passagem e circulação. Ele argumenta que com a invasão dos automóveis destruiu-se toda a vida social e urbana, impedindo que a rua fosse o local do encontro. Para ele, o encontro espontâneo proporcionava sentido à vida urbana. Ao elaborar seus argumentos contrários sobre a rua, Lefebvre questiona o tipo de encontro que ali poderia ser estabelecido. Segundo o autor, uma vez que o indivíduo caminha lado a lado com o outro, não existe o encontro. A rua, nesse aspecto converte-se numa rede organizada pelo/para o consumo.