A COISA PÚBLICA
A COISA PÚBLICA
PÁSSAROS CRIADOS EM GAIOLA, PENSAM QUE VOAR É UMA DOENÇA.
Ah, mas o que raio você quer com esta frase? Gostaria de refletir um pouco sobre como somos educados para a manutenção e não para as grandes mudanças e como, na maior parte das vezes, quando decidimos ir por caminhos não tão convencionais, somos desencorajados por nossos familiares, amigos e mentores.
Com isso, a minha mente volta-se para Platão e para a Alegoria da Caverna, essa passagem tem como personagens homens que eram mantidos prisioneiros no interior de uma caverna e acreditavam que aquele era o mundo real, porém, quando um deles é libertado, e pode enxergar o mundo lá fora, fica maravilhado. Ao tentar contar a boa nova para os seus antigos companheiros, é ridicularizado e ignorado.
Com os famosos “retornados”, passou a morar por detrás da minha casa, o senhor Afonso. Homem realista que, depois de se ver desposado do fruto de uma vida de trabalho dura e honesta, vê-se também despojado de tudo na terra onde o deixaram! Amigos, conforto e dinheiro, ficaram por terras africanas. Só não lhe conseguiram tirar o saber do seu ofício de longos anos, mesmo sem qualquer bastonário. Coça nos seus cabelos brancos e abençoa uma ideia milagrosa: “ vou abrir aqui, na minha nova casa, um posto de enfermagem. Assim foi e assim viveu os últimos dias de vida que Deus lhe deu. Muita gente acorria aos seus serviços e, muita gente, ele ajudou no seu sofrimento.
O Enfermeiro Afonso morreu, e o “posto de enfermagem”, desapareceu para sempre. Isto, com tantos enfermeiros a emigrar!
No caso presente, a “gaiola” é, o idealismo bacoco, que nos querem impingir! Aqui todos querem viver à sombra da segurança de uma falsa segurança do emprego público, ao invés de gente que voa sem limites ou ajuda de outros! Voa sozinho e voa seguro e com segurança. Aqui todos preferem a “caverna de Platão” ou a clausura da gaiola! Ou seja: “A coisa Pública”.
“As soluções passam por uma maior participação civil, acompanhada por políticas de educação eficientes, e pela criação de instituições justas e responsáveis, que protejam os direitos humanos e as liberdades básicas.”
Visão 25 Julho 2002