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O ENTARDECER

O ENTARDECER

FEZADA NO CRESCIMENTO

 

Estamos habituados às ideias do crescimento ilimitado das teorias económicas clássicas, em que a oferta sempre cresce para satisfazer a demanda. Mas, ao contrário do capital, que é uma elaboração do homem, os recursos naturais da Terra são finitos.

Se existir algum modo pelo qual o capitalismo possa sobreviver e até prosperar numa economia estabilizada, os executivos empresariais devem dar-lhe todo o seu apoio.

Temos de enfrentar o problema do desemprego. O actual sistema económico e político exige praticamente um pleno emprego. Que fazer com as pessoas se elas não puderem fazer uns “biscates”? Que vão elas fazer se estiverem inadequadamente empregadas?

Está por demonstrar que o crescimento não é de facto essencial para o êxito dos negócios e que se ele for menor até pode, frequentemente, ser mais lucrativo.

Estamos de facto nas vésperas de uma grande “descontinuidade da história humana” e é melhor que nos preparemos todos para isso.

O Homem pode na realidade dominar a natureza, mas só se lhe "obedecer”. Face à escassez de matéria-prima, pode ser demasiada tarde para nos apercebermos de que o nosso problema é muito maior do que haver mais crescimento ou menos crescimento.   

CLASSE MÉDIA SACRIFICADA ?

 

Desde 2000, a carga fiscal sobre famílias de rendimentos médios subiu 20%, o dobro do cobrado às mais ricas, segundo a Deloitte.

Sobretaxa e novos escalões deverão aumentar o fosso.

Porquê a classe média? Se ela não justifica a sua existência, então que haja coragem de lhe pôr um fim! Privilégios não.

Portugal já gastou 13 mil milhões de euros a salvar bancos! A maioria dos portugueses da classe média, fizeram poupanças que depositaram nos bancos portugueses, e deles não estão a receber praticamente um "tostão", se tivessem recebido teriam de desenbolsar para o Estado, mais e mais impostos! Entretanto os gestores nomeados auferem vencimentos escandalosos!

A escolha do IRS como motor da receita fiscal para 2013 não foi difícil. Era a única que o ministro das Finanças, Victor Gaspar, detinha para tentar evitar uma queda maior na cobrança de impostos no próximo ano.

Em Portugal, só três impostos contam verdadeiramente para a receita fiscal: o IVA que incide sobre o consumo, o IRS sobre o rendimento, e o IRC para as empresas.

Estas três rubricas representam hoje quase 80% da receita fiscal. Ou seja, quando é preciso subir a carga fiscal para corrigir o défice orçamental é aqui que os governos se centram.

Porém, como VG descobriu este ano, a margem é escassa: O IVA há muito que atingiu a “fadiga” fiscal e o IRC está tão desajustado da realidade empresarial portuguesa que 80% da receita deste imposto vem apenas de 10% das empresas. Sem IVA e IRC, havia apenas o IRS, o único imposto cujas receitas estão a aumentar este ano: mais 13,7% entre Janeiro e Agosto face ao mesmo período de 2011, um encaixe extra de 600 milhões de euros. 

A autorização dada pela Troika para que o ajustamento das contas públicas em 2013 fosse feita pelo lado das receitas e a constatação de que o IRS é o único imposto com dimensão suficiente e com uma evolução positiva, levou o Governo a centrar o foco neste imposto. Sem dúvida alguma a classe média é a classe mais atingida pelo aumento da carga fiscal em 2013.

O debate sobre a definição de “classe média” foi suscitado depois de o governo anunciar uma “descida de impostos para classe média, e o agravamento para os rendimentos mais elevados”.

Os números agora divulgados pela Autoridade Tributária pretendem travar a polémica, mas revelam um país claramente empobrecido, ainda que à margem destes números estejam rendimentos não declarados ao fisco.

Encontrar dados estatísticos quanto ao local onde os membros da classe média trabalham, parece ser bem mais difícil!

Os impostos directos sobre a classe média descem em 2016. Mas não de forma homogénea. O que é a classe média? Quanto ganha? Que impostos paga? Você ganha mais ou menos que a maioria dos portugueses?

Números publicados e calculados a partir dos rendimentos colectáveis, que serve de base para a cobrança de impostos, revelam que 90% das famílias portuguesas têm rendimento inferior a 1.500 euros mensais.

Enquanto isso, no CM de hoje (02-04-2017), ficámos a saber que 330 mil funcionários públicos vão subir na carreira! Quanto a “carreiras”, apetece perguntar: que carreiras têm os trabalhadores fora da FP? Carpinteiros, serralheiros, motoristas, electricistas etc. Quem os resguarda de qualquer despedimento? Férias ficam-se pelo mínimo e quanto a progressões, nunca ouviram falar de tal! Dá a sensação de que em Portugal existem dois mundos muito difewrentes!

 Parece que haverá aumentos superiores a 50 euros mensais na FP (CM 02-04-2017). Com que moral se destrói reformas conquistadas em largas dezenas de anos de trabalho, nunca actualizadas (inflação), pagas pelos trabalhadores com o dinheiro ganho a trabalhar e pelo patrão reduzindo os seus ganhos empresariais?
  

 

GERAÇÃO QUE TUDO PAGOU

 

Enquanto o tempo passava e o século XX dobrava, Portugal apareceu de repente invadido por milhares de coisas que não existiam. O mundo também.

Algumas até falavam e noutras podíamos ver o mundo inteiro, primeiro a preto e branco e depois a cores.

Eram tantas coisas, que nos deixavam de boca aberta.

Esta geração não se assustou e em pouco tempo já as ligava e desligava e uns meses mais à frente até as sabía consertar.

Computadores e tudo. Até programar!

Portugal não ficou envergonhado e até tínhamos dos melhores técnicos, segundo diziam os nossos emigrantes de férias em Portugal!

Quando se quer muito, tudo se resolve, mas é preciso que acreditem em nós.Num momento Portugal também ficou cheio de carros, motas, barcos de recreio etc.

A sua posse tornou-se banal.

Os satélites e as viagens à lua também, não no uso mas nos noticiários!

Certo dia, num aeroporto ouvi alguém que chegava dizer à mulher que o esperava: viajei de avião para a Madeira, em serviço, e dormi num bom hotel. Nunca esperei. Sinto-me tratado com respeito.

Nem tudo foram sacrifícios, esta geração já tinha férias, subsídios de doença, assistência médica, descontava para a reforma e, até, comparticipação nos lucros.

Daí a fazer férias no estrangeiro foi um passo. Tudo a prestações! Diziam que não havia liberdade, mas ela nem tinha tempo para pensar nisso.

A “geração de ouro” queria era trabalhar e poupar, para que nada faltasse aos seus filhos e aos seus pais.

De repente, em Abril/74, começaram-nos a dizer para não trabalharmos tanto e para pedirmos aumento de vencimento. Muitos ingenuamente fizeram-no. As greves dispararam!

No final dos meses os vencimentos começaram a estar em perigo. Havia boatos de que era preciso reduzir custos e despedir ou pré – reformar os mais velhos, aqueles que nunca quiseram fazer greve. Aqueles que só queriam que os deixassem trabalhar.

Aos cinquenta anos o José, e o seu primo da Lisnave, que sabia reparar barcos muito grandes, estavam os dois sentados no banco do jardim. Aos poucos vinham chegando cada vez mais e mais. Os bancos já não chegavam.

Foi a ruptura com esta “geração de ouro”. Tinha de ser ela a pagar a crise, mesmo sem fazer greves. Mesmo poupando e amealhando para o futuro!

Naturalmente sentiu-se mal tratada, desprezada. Até hoje continua a pagar!

Parece um castigo!

Nos bancos do jardim ouviam-se coisas como estas: “pelo meu filho soube que na escola dele nenhum miúdo sabia o que era uma lima ou uma grosa. Ninguém sabia a tabuada ou fazer contas. Só sabiam que o Porto era o “maior”!. Tudo isto deveria ser da minha cabeça pois, vi num jornal do clube do bairro, que agora estudam muito mais crianças mas, uma olhou para o jornal que eu lia, e não conseguia ler direito”.

Era uma das que aumentavam as estatísticas do aumento da escolaridade!

Noutro banco podia-se ainda ouvir um pré-reformado: “fui visitar os meus antigos colegas para lhes contar as coisas estranhas que tenho sabido no jardim. Preferia não ter lá ido, estava um licenciado no meu lugar a fazer contas de somar contando pelos dedos. Ainda me ofereci para o ajudar, mas ele olhou-me com má cara”.

Enterraram a “geração de ouro” nos bancos do jardim, prematuramente, e continuam a tirar-lhe dinheiro e regalias que com tantos sacrifícios tinham conseguido! As conquistas eram uma mentira! Nada está adquirido! Tudo é perene. Para alguns não!

Se calhar estes “novos velhos” estavam a mais e deveriam ter morrido mais cedo, como os seus pais, aos cinquenta anos. Era melhor para todos. Esticaram tanto a corda, que partiram o fio condutor!

Agora não encontram remédio (curativo) para o défice das finanças públicas! Nem para dívida externa. Nem para o desemprego que dispara! E a competitividade não funciona!

Vão ver que ainda vêm ter com os idosos para pagarem tudo isto! Certo e sabido. Em lugar de comparticipação nos lucros, a tal geração ganhou comparticipação nos prejuízos! Afinal quem foram os responsáveis por tudo isto? Provavelmente estão no estrangeiro …

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